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Jumento do dia
Carlos Moedas
É deprimente ver um dos grandes animadores e um dos mais convencidos no sucesso da austeridade ter como único argumento para a justificar a falta de alternativas. Os teóricos do duplo troikismo tentam agora justificar os seus erros numa suposta e falsa falta de alternativas. A grande alternativa é demitir gente como este Moedas, ainda que do ponto de vista do poder não passe de meros trocos.
«O secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, defendeu hoje que "não há alternativas viáveis" ao programa de ajustamento português, que tem de ser "trilhado" para Portugal conseguir retomar uma situação financeira "equilibrada".
"Sabemos que se pode sempre afinar o rumo, que há sempre melhorias possíveis, mas sabemos também que não há alternativas viáveis ao ajustamento pelo qual estamos a passar", disse Carlos Moedas, em Beja, na cerimónia do dia do Instituto Politécnico da cidade, que hoje celebra 33 anos.» [DN]
Esta legislatura tem dois ciclos: o cliclo APA (antes do Pavilhão Atlântico) e DPA (depois do Pavilhão Atlântico).
Miséria?
Não, apenas um intervalo para ler o jornal na Baixa de Lisboa. Provavelmente é um tio da Jonet, que já com o pequeno almoço de scones no buxo e os dentes devidamente lavados com água a correr decidiu ir até ao Terreiro do Paço saber das novidades deste país feliz.
Demitir a Jonet?
Não faz sentido pedir a demissão da senhor Jonet, ela não exerce qualquer cargo público e as organizações que participam no seu "banco" podem muito bem partilhar das suas opiniões. O que faz sentido é ser coerente com as suas opiniões e como não há problemas em Portugal e sabendo-se que o Banco Alimentar contra a Fome não aceita doações de carros de alta cilindrada nem vales de pagamento de água corrente, deixar de contribuir com alimentos, estes não são necessários até porque não há fome.
Obrigada, Isabel Jonet
«Quem não se lembra do fim de 2010, quando a campanha presidencial de Cavaco lançou a ideia de recolher restos nos restaurantes para dar a quem "precisasse"? Nessa altura, havia, dizia-se, fome em Portugal, era preciso um sobressalto cívico e não se podiam exigir mais sacrifícios aos portugueses. Aparentemente, desde então, tudo melhorou, ao ponto não só de nunca mais termos ouvido ao Presidente uma palavra sobre tupperwares com sobras (e, a bem dizer, poucas sobre seja o que for), como de a presidente do Banco Alimentar certificar que é preciso habituarmo-nos à ideia de que não podemos comer bife todos os dias.
O que era uma desgraça no início de 2011 - o risco de pobreza - tornou-se, pois, uma virtude em 2012. E por assim ser o discurso de termos vivido "acima das nossas possibilidades" fez-se hegemónico. Pelo que pessoas como Isabel Jonet se sentem cada vez mais à vontade para nos admoestar, como a própria fez na SIC-Not esta semana, sobre as nossas prioridades trocadas: concertos rock à pinha quando depois não há dinheiro para fazer uma radiografia (sim, foi isto); lavar os dentes com água corrente em vez de com copo (também); etc - um etc que passa pelo recurso ao crédito para consumos desenfreados "de quem julgava que alguém ia pagar".
Esta catilinária infantilizadora de Jonet irrita, compreensivelmente, muita gente, havendo mesmo quem clame pela sua demissão e por boicotes ao Banco. Um exagero - afinal, ao contrário do BPI de ai-aguenta-aguenta-Ulrich, a organização a que Jonet preside faz qualquer coisa para obviar aos efeitos da austeridade. E entre tanto disparate Jonet até disse uma coisa interessante: que ainda não há miséria em Portugal, ao contrário do que constatou na Grécia. Motivo? "Temos ainda uma estrutura que o impede".
Ninguém perguntou a Jonet a que estrutura se referia, e foi pena. Porque, quiçá inconscientemente, Jonet está a reconhecer o papel das políticas sociais que lograram reduzir não só a taxa de pobreza como, até, recentemente, diminuir a desigualdade - a contra-ciclo do que se passou com a generalidade dos países europeus. O efeito combinado de uma série de medidas - do subsídio de desemprego ao RSI, passando pelo Complemento Solidário para Idosos - logrou essa proeza.
O facto de tão poucos se terem congratulado com o efeito tão palpável dessas políticas até que cortes sobre cortes e o discurso da "refundação" ameaçam destruí-las explica que seja tão fácil esquecer que são a nossa única barragem contra a miséria - a material e a outra. Explica que seja possível haver quem nos queira convencer que essa barragem está acima das nossas possibilidades; que querer erradicar a miséria, em vez de a manter com esmolas, é o novo "gastar à tripa forra". Oiçamos pois o alerta, ainda que atabalhoado, de Jonet: salvemos o que nos salva. A escolha não é entre "nós" e os pobres. É mesmo nossa.» [DN]
Fernanda Câncio.
Pensão Myriad
«Finalmente, "habemus" Aníbal. Cavaco não aparecia em público desde a última vitória do Sporting na Liga. Cheguei a pensar contratar os detectives dos McCann.
O Presidente reapareceu, para inaugurar um hotel de cinco estrelas, quando já todos esperavam que estivesse a dar entrada num lar. Desde 5 de Outubro que Cavaco só contactava com os portugueses virtualmente, ou através dos "palpites" da virtuosa Manuela Ferreira Leite. Foi visto na passada terça-feira, a descerrar uma placa na inauguração do novo e luxuoso - Hotel Myriad - , não consta que a placa tenha ficado de pernas para o ar.
O Myriad, segundo o grupo Sana, é um hotel "majestoso" e "um vislumbre do futuro". Infelizmente, quando juntamos "Majestoso" e "futuro", na mesma frase, os portugueses só conseguem imaginar o desemprego.
O Myriad tem um toque de Dubai, a fazer recordar a arquitectura de alguns seis estrelas do emirado. Talvez , influenciado por toda essa exuberância (que mistura tradição e modernidade luxuosa) o presidente deixou um recado aos jornalistas, junto à porta da sauna: "o que não falta em Portugal são apetites por palcos mediáticos, eu prefiro trabalhar".
Aníbal quer (novamente) que o deixem trabalhar mas, nos dias de hoje, isso é o supremo luxo. Para nosso mal, o país não pode fazer como o Myriad, e imitar o Dubai , onde o índice de desemprego é tecnicamente nulo.
Voltemos à realidade. Enquanto Cavaco anda a descerrar placas em hotéis de luxo, o País dá aos últimos retoques na lápide com a inscrição comemorativa do falecimento do povo português. Segundo o "Correio da Manhã", a taxa de natalidade em Portugal atingiu o número mais baixo dos últimos 60 anos. Em Junho nasceram apenas seis mil bebés... desde a década de 50 que não havia um mês com tão poucos nascimentos. Este é o tipo de problema que devia preocupar Aníbal. Bem sei que ele, por si só, já não o pode resolver. Se estivéssemos no Dubai, talvez Aníbal ainda pudesse fazer 60 filhos antes de falecer; em Portugal não é possível.
Deixar de haver portugueses devia preocupar o presidente, porque ele é presidente de todos os portugueses, e se todos passarem a ser nenhum, o presidente deixa de existir, no sentido estrito da palavra; não confundir com a não existência habitual da figura. Em vez de ficar pela inauguração do Myriad, o presidente podia ter ido mais longe. Podia ter metido uma cunha para que os donos do hotel cedessem uma "suite", daquelas de 530 euros por noite, de borla a casais portugueses que quisessem ir para lá fazer filhos.
Temos que aproveitar tudo. Ou isso, ou resta pôr os reformados a fazer filhos à população activa - eles têm tempo.» [Jornal de Negócios]
João Quadros.
«Quando se pensava que já tínhamos visto tudo, eis que a dupla Passos/Gaspar aparece no Parlamento não com um, nem com dois, mas com 4 orçamentos diferentes: I) o segundo Orçamento Rectificativo de 2012 (para minimizar os efeitos do fracasso do Governo nas metas do défice deste ano); II) o Orçamento para 2013 (com o seu "enorme aumento de impostos", para compensar a derrapagem nas metas do défice real de 2012); III) o pré-anúncio de um Orçamento Rectificativo para 2013 (com medidas adicionais de corte na despesa, porque ninguém acredita no Orçamento apresentado) e iv) o anúncio das linhas gerais do Orçamento para 2014, em que a redução do défice, para 2,5% do PIB, implicará um corte estrutural na despesa pública da ordem dos 4 mil milhões de euros. Foi a propósito da "concretização" desta tarefa - nada mais do que isso - que o primeiro-ministro falou da famosa "refundação do Memorando".
A "mixórdia de temáticas" imposta por esta caótica "avalanche" orçamental, agravada pelo desorientado debate sobre uma enigmática "refundação" do Memorando, tem prejudicado um debate lúcido sobre o que está em causa. Pela minha parte, creio que há dois pontos cruciais a sublinhar.
O primeiro, é para notar que esta "avalanche" orçamental evidencia, de forma clara, o falhanço rotundo da estratégia do Governo, assente numa lógica de austeridade além da "troika" que, arrasando a economia, acabou por falhar nas próprias metas de redução do défice. Por consequência, aí temos o Governo, desconjuntado, com orçamentos em catadupa, a correr atrás do prejuízo que causou: o Rectificitativo de 2012 só consegue colmatar uma pequena parte do desvio na execução orçamental deste ano e mesmo o Orçamento para 2013, que ainda nem sequer está aprovado, já não dispensa "medidas adicionais". Por incrível que pareça, é por este rumo que o Governo pretende prosseguir, deixando pelo caminho um rastro de destruição. No horizonte, porém, apenas desesperança: a certeza de que isto não nos leva a lado nenhum.
Perante este fracasso, faria sentido - e é este o segundo ponto crucial - um debate sério sobre as alternativas a uma receita que provou não dar bons resultados. Uma tal alternativa, sim, poderia merecer o justo título de "refundação". Mas não é isso o que o Governo quer. Cego de si mesmo, indiferente aos resultados, o Governo não reconhece nenhum erro, nem pretende corrigir coisa alguma. Por isso, não pôs à discussão nenhuma estratégia, nenhum calendário, nenhuma agenda fora da cartilha.
Deixemo-nos, pois, de ilusões: a verdade é que a "refundação" já foi. Foi-se fazendo, primeiro, ao longo das sucessivas revisões unilaterais do Memorando, que adulteraram e subverteram os equilíbrios do Memorando inicial negociado pelo Governo do PS, em que se procurou proteger, na medida do possível, a economia e as famílias. A cada revisão, porém, o Governo somou mais austeridade à austeridade e retirou mais economia à economia. Foi essa "refundação" do Memorando que se consumou agora, também unilateralmente, na 5ª revisão, onde ficaram fixadas as novas metas para os próximos anos e se definiu o corte de 4 mil milhões de euros na despesa até 2014.
Impõe-se, por isso, denunciar a mistificação de um pretenso envolvimento do PS, dos parceiros sociais ou seja lá de quem for numa falsa "refundação" do Memorando. A "refundação" do Memorando, aquela que conta, consiste numa estratégia que é hoje um facto consumado: só lhe falta a execução, isto é, a operação de distribuição dos cortes pelas várias áreas, sobretudo do Estado Social, Ou, como prefere dizer o primeiro-ministro, o "exercício" de corte. Mas se foi o Governo quem escolheu, unilateralmente, esta estratégia de empobrecimento e retrocesso social, então o Executivo que a execute. Porque quem estiver contra essa estratégia de desastre, não poderá fazer outra coisa senão dar-lhe oposição.» [DE]
Pedro Silva Pereira.
Bibi mentiu instruído pela PJ
«Carlos Silvino, conhecido por "Bibi", disse hoje no julgamento dos crimes de Elvas do processo Casa Pia, que nunca levou nenhum dos menores à referida casa de Elvas e alegou ter mentido no inquérito principal.
"Bibi" declarou ter sido sempre industriado pela Polícia Judiciária quanto aos supostos locais dos abusos sexuais e aos nomes dos arguidos notáveis que teria de indicar.
O advogado de Carlos Cruz, Ricardo Sá Fernandes, classificou a sessão como "o Dia D do processo Casa Pia". Sá Fernandes elogiou a "coragem" do jovem Ilídio Marques, testemunha chave, que declarou hoje perante o coletivo que o processo foi combinado entre todas as vítimas.
Ilídio Marques explicou ainda que tomava doses elevadas de cocaína e heroína quando o processo principal da Casa Pia foi aberto.» [DN]
Parecer:
Tudo em Bibi é muito estranho, a começar pela forma como mudou de advogado.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Investigue-se a "investigação".»
Os PPR podem ser usados para salvar a casa
«Os valores aplicados em planos de poupança reforma e planos de poupança educação (PPR e PPR/E) vão poder ser usados para amortizar o empréstimo da casa. Esta medida entra em vigor no início de janeiro e quem o fizer não terá penalizações.» [DN]
É a crise em toda a sua dimensão.
«Os valores aplicados em planos de poupança reforma e planos de poupança educação (PPR e PPR/E) vão poder ser usados para amortizar o empréstimo da casa. Esta medida entra em vigor no início de janeiro e quem o fizer não terá penalizações.» [DN]
Parecer:
É a crise em toda a sua dimensão.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Adeus poupança.»
Dia nacional sem restaurantes
«O Movimento Nacional de Empresários da Restauração (MNER) anunciou hoje a realização do "Dia Nacional Sem Restaurantes" para 19 deste mês, como forma de pressionar o Governo a reduzir o IVA para a "taxa mínima".
"Não podemos estar sentados, porque este sector está passar por uma fase crítica", estando "a perder clientes" desde 2008, resumiu hoje o coordenador do MNER, José Pereira, numa conferência efectuada esta tarde no Porto.» [DE]
Parecer:
A coisa está a ficar feia, os grandes centros de propaganda anti-Sócrates viram-se contra os que ajudaram a eleger.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
A anedota do dia
«O bispo do Porto, Manuel Clemente, disse, esta sexta-feira, que entende as palavras de Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, sobre o empobrecimento dos portugueses, como alerta para a necessidade de se reequacionar a distribuição da riqueza.» [JN]
Parecer:
Este bispo tem sentido de humor.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao bispo se não terá ouvido a entrevista errada.»