quinta-feira, novembro 29, 2012

Não vi a entrevista do homem de Massamá


Lamentavelmente não me posso pronunciar sobre a entrevista de Pedro passos Coelho, mas mais preciosos do que os euros dos subsídios são os meus neurónios e decidi aplicar-lhe um ajustamento, poupando-os. É que para conseguir acompanhar o brilhante raciocínio de Pedro Passos Coelho é mais ou menos como andar na IP5, temos que passar a vida a queimar neurónios para travarmos o nosso raciocínio.
  
Se a entrevista correu bem isso quer dizer que Passos Coelho não tentou dizer o que quer que fosse, entreteve a TVI com banalidades ideológicas dignas de uma conversa de discoteca depois de meia dúzia de shots. Se Pedro Passos Coelho tentou dizer algo mais inteligível do que o rótulo de uma garrafa de vodka então é que não se perdeu mesmo nada, muito em breve o ministro das Finanças convocará uma conferência de imprensa para explicar melhor o que Passos Coelho tentou dizer.
  
Do que terá falado Passos Coelho? Imagino que falou da refundação, um conceito introduzido por Passos Coelho numa tentativa de intelectualizar o que o seu ministro das Finanças já tinha dito anteriormente, o que se pretende é redesenhar as funções sociais do Estado redimensionando-as. O ministro Gaspar tem razão, se não precisamos de licenciados, se queremos ser um país de mão-de-obra barata não há vantagens em continuar a investir em escolas ou em saúde, as funções sociais do Estado devem corresponder ao que os pobres podem pagar.
  
Terá falado em pedir um segundo resgate? É claro que não, Passos é mais troikista do que a troika e quer exigir à parada europeia que acerte o passo com ele pois o seu Gaspar é o único economista europeu que tem o passo certo. É verdade que ele também não queria mais tempo, a troika é que deverá ter exigido a Portugal o alargamento do prazo, até porque é um excelente argumento para eternizar medidas inconstitucionais e manter este povo na linha. Quando as eleições legislativas estiverem mais perto a troika vai exigir um segundo resgate e o homem do FMI vai sugerir aos portugueses que votem no Gaspar, se votaram no Passos mais facilmente votarão no ministro das Finanças.
 
Imagino que não terei pedido nada em não ter assistido à entrevista do Gaspar, aliás, não perdi nada em não ter acompanhado o debate do Orçamento e não perco nada quando o Cavaco Silva abre a boca, se o homem diz alguma coisa que deva ser ouvida o tema é exaustivamente tratado nos programas de humor e as suas brilhantes ideias são repetidas até à exaustão na net.