Desde que Vítor Gaspar chegou a ministro das Finanças que a
política económica é errática, quando seria de esperar pois está balizada por
um memorando de entendimento com a famosa troika. Os objectivos da política
económica do Gaspar não duram um semestre e às vezes até mudam em menos de um mês,
como sucedeu com a TSU. Os Orçamentos de Estado estão aldrabados pois assentam
em falsas previsões que inflacionam as receitas fiscais, dando depois lugar a
desvios colossais.
Com Vítor Gaspar como ministro das Finanças é impossível
acreditar nos instrumentos financeiros do Estado, não se pode confiar nos
objectivos da política económica, não se pode confiar no discurso político pois
se num dia o ajustamento é um sucesso, no dia seguintes diz-se que não há
alternativa a um aumento brutal de impostos. Apresenta-se um orçamento com a
garantia de que no segundo semestre do ano seguinte haverá crescimento e criação
de emprego, mas ainda antes do seu debate no parlamento já se diz ser necessário
um plano B e a destruição de conquistas civilizacionais que levaram décadas a
construir.
Portugal não tem uma política económica coerente em que os
cidadãos e os investidores possam confiar, não tem um projecto político
transparente em que o país possa acreditar. O país anda ao sabor de um projecto
político de um ministro inexperiente, que aparente um total desprezo pelo
sofrimento que inflige aos seus concidadãos e que até ao momento se tem
revelado um falhanço.
O mais curioso é que a troika confia neste ministro, elogia
orçamentos falhados, faz chantagem para que sejam aceites políticas desastrosas
e diz que não há alternativas Às ideias erráticas. Chega mesmo ao ponto de
revelar desprezo pelos partidos da oposição, incluindo um dos signatários do
memorando, e ao contrário do que garantia quando o memorando foi assinado pela
troika agora despreza os valores constitucionais do país. Com Vítor Gaspar como
ministro parece que a troika revela o mai dos desprezos pelo país, acha que
pode fazer o que quer porque tem alguém que consegue impor a sua vontade ao país.
Para sobreviver o ministro das Finanças conta com a má
imagem e pouca credibilidade do primeiro-ministro. A ideia da TSU foi de Víotr
Gaspar mas acabou por ser o Passos Coelho a levar com as culpas, depois foi o
Gaspar que convocou uma conferência de imprensa para dar ares de que com a sua
inteligência ia esclarecer as argoladas de Passos Coelho.
Vítor Gaspar tem sido exímio em fazer passar para Passos
Coelho a responsabilidade pelas suas argoladas, tem tido a arte de manipular o
primeiro-ministro. Não foi Vítor Gaspar que inventou o falso desvio colossal,
foi Passos Coelho, coube ao ministro explicar o que o primeiro-ministro não
conseguiu explicar. Tem sido assim com todos os truques, como o golpe da TSU ou
o aumento brutal do IRS que serve para encobrir o falhanço colossal do OE 2012.
Passos Coelho é o primeiro-ministro ideal para o projecto de
Vítor Gaspar, não percebe nada de política económica e engolde tudo, é manipulável
e dá a cara pelos erros alheios, é vaidoso e gosta de anunciar novidades mesmo
quando são brutais, tem uma imagem de fragilidade intelectual que faz dele um
excelente mata-borrão para as asneiras alheias. É por isso que apesar de o país
estar à beira do colapso graças às ideias e idiotices de Vítor Gaspar este
continua a dar ares de grande inteligência enquanto o primeiro-ministro é um
cadáver político que ninguém quer reclamar.