Nos últimos três anos muitos milhares de empresários faliram, alguns sectores foram desprezados pelo poder e conduzidos quase até à insolvência colectiva, como é o caso dos sectores da restauração ou da construção civil e obras públicas. Eram considerados sectores parasitários que não promovem um crescimento considerado saudável e não produziam “bens transaccionáveis” tão promovidos pelos novos fisiocratas do cavaquismo.
Mas há um sector que não produz nada que seja exportável, que não exporta um único euro, que só tem provocado despedimentos, que tem sido mal gerido, que tem asfixiado a actividade produtiva, mas merece uma atenção especial da direita governamental, a banca. A economia portuguesa está a absorver muitos milhões de prejuízos de uma banca que durante anos viveu com a protecção dos sucessivos governos, beneficiando de um mercado protegido onde praticou juros absurdos e cobrou comissões excessivas.
Uma boa parte dos sacrifícios impostos à classe média corresponde aos prejuízos resultantes de bancos mal geridos. Não está em causa apenas o PSD, a verdade é que todos os bancos privados nacionais teriam falido sem intervenção do governo e se não tivessem recebido as transfusões de recursos financeiros obtidos com austeridade.
O BES, o BCP, o BPI e o BANIF, isto é, todos os bancos portugueses estariam falidos se tal como defendem os seus administradores em relação ao país estivessem sujeitos aos mecanismos do mercado. Aliás, se durante estas últimas duas décadas estes mesmos bancos tivessem enfrentado as mesmas regras de mercado que defendem para o financiamento do Estado é muito pouco provável que tivessem hoje a dimensão que têm. E não tenho a certeza de que todos os seus administradores possam viajar para o EUA com a certeza de que poderão regressar.
Na hora de emprestar o dinheiro da troika à banca Vítor Gaspar fez questão de nomear administradores para os bancos que recorreram a esse dinheiro. Agora o BES que fez questão de prescindir do dinheiro e dos administradores públicos aceita ser gerido por gente do PSD e não leva nada em troika? Há aqui qualquer coisa de errado, o banco que fez gala em não pedir dinheiro para não ter de suportar um administrador não executivo entrega agora ao partidos que está no governo nada menos que o lugar de chairman, o de presidente da administração e pelo menos mais um lugar de administrador executivo.
Só um ingénuo é que confunde o Vítor Bento com a Branca de Neve e os seus amigos como os laboriosos anões que vão pôr o BES a produzir lucros. A verdade é que vai ser o país a salvar o GES e se por enquanto foi o grande gestor Zainal Bava a enterrar na Rioforte uma boa parte do valor da PT evitando a falência do GES é mais do que óbvio que tal como o Estado suportou os prejuízos do BPN também vai suportar os do GES, em nome do tal interesse nacional que só alguns estão habilitados a interpretar e representar.
Quem tinha razão era Ullrich e quem já aguentou o BPN, o BCP e o BPI também vai aguentar com o BES e o GES, ai não que não aguentam. É o preço que a classe média e os mais pobres terão de pagar por terem consumido acima das suas possibilidades (a tese de Vítor Bento) levando a banca à falência, a mesma banca tantas vezes elogiada por Cavaco e apresentada como um modelo de virtudes.
PS: se pudesse metia todos os nossos banqueiros e administradores dos bancos portugueses num avião em direcção aos EUA. Talvez o país se livrasse de alguns deles e durante alguns anos fosse o sistema prisional americano a dar-lhes de comer.
PS: se pudesse metia todos os nossos banqueiros e administradores dos bancos portugueses num avião em direcção aos EUA. Talvez o país se livrasse de alguns deles e durante alguns anos fosse o sistema prisional americano a dar-lhes de comer.