Se não servirem para mais nada além de destruir o PS as directas de Seguro serão úteis para percebermos que há uma nova geração de políticos para quem o poder está à frente de quaisquer valores, primeiro fazem-se escolher com o recurso a uma mistura de golpes baixos e de marketing, depois governam em função das circunstâncias ou dos desejos de quem os ajudou a chegar ao poder.
Seguro assume-se cada vez mais como um político que lembra a Red Bull, uma marca que é só isso mesmo, uma marca gerida a partir de um escritório, pouco importando o seu conteúdo. Vende-se a marca com recurso a truques de publicidade e depois fazem-se umas degustações para ver que gostos preferem os consumidores. Durante três anos Seguro não foi nada, limitou-se a evitar dizer ao que vinha, quando se sentiu açoitado por António Costa armou-se em fera, agora pretende passar a imagem do rapaz que todas as avozinhas gostariam de ver casados com as suas netas.
A reunião com Passos para discutir o próximo comissário ou a ida ao Banco de Portugal são dois bons exemplos desta versão Red Bull de Seguro. É óbvio que Seguro não discutiu nada de sério com Passos ou com o sôr Costa do BdP, as duas “entrevistas” não passaram de expedientes para dar visibilidade a Seguro, a direita e o poder está empenhado em ajudá-lo a encher o espaço noticioso com a sua presença. No PS usa-se o poder para abafar António Costa, na comunicação social pede-se ajuda à direita para conseguir os favores dos jornais e televisões.
Foi ridículo ver Seguro com um ar de quem ia escolher dossiers da Comissão Europeia, disse ele que nem falaram de nomes ou de dossiers, estiveram a analisar e a agrupar as pastas, para numa reunião posterior discutirem as que interessa ao país, isto é, Seguro e Passos deram início a uma telenovela da Comissão Europeia para discutir as audiências da telenovela concorrente de António Costa. Quem os ouviu até parece que estão na dúvida sobre se irão escolher a PAC ou o Euro, ou, quem sabe, até poderão decidir ficar com as duas.
É evidente que tudo isto não passa de uma encenação, Portugal nunca é um dos últimos Estados-membros a ter acesso ao cardápio e o mais certo é ficar com qualquer coisa como a mobilidade, as zonas húmidas ou a protecção dos cogumelos. O ridículo de tudo isto é ver jornalistas a discutirem o assunto como se tudo não passasse de um shot de Red Bull. O mesmo sucede com a ida ao BdP, Seguro só lá foi para dar ares de político responsável pois nem o sôr Costa lhe deu qualquer explicação, nem Seguro tem a mais pequena base para se intrometer nos poderes do regulador.
Umas das condições para que um país adira ao Euro é assegurar a independência do banco central e houve mesmo um país que ficou de fora por não respeitar esse princípio, a Suécia. Seria ridículo se a partir de agora os partidos pudessem ditar postas de pescada ao regulador. É óbvio que o sôr Costa não irá receber o BE, o PCP ou o Marinho e Pinto, fê-lo agora porque alguém lhe pdiu para dar uma ajuda a Seguro.
A estratégia de Seguro é manhosa para tem os seus riscos, para alguém com um mínimo de inteligência ao recorrer à ajuda da direita para conquistar o PS o ainda líder do PS começa a parecer o Cavalo de Tróia com que essa direita está conquistando o PS por dentro. A candidatura de Seguro começa a parecer uma OPA de Passos Coelho ao PS. Depois de ter o governo, a presidência e o BES parece que o líder do PS quer ter o PS.