O grande argumento usado pro Cavaco Silva nas suas campanhas presidenciais era o de que queria ajudar o país com os seus conhecimentos e experiência de economia. Depois da ajuda que deu quando era ministro das Finanças, orçamentos incompetentes e uma revalorização eleitoralista do escudo que nos conduziu á porta do FMI, ou, pior ainda, do desastre no processo pós-adesão à EU que culminou com um Estado quase falido e a substituir vencimentos por títulos do Tesouro, queria ajudar Portugal enquanto presidente.
A sua mais recente intervenção mostra como Cavaco ajuda o país com os seus conhecimentos, anda semanas calado a propósito do BES e quando está quase nos antípodas e sabe cque conta com os jornalistas mais dóceis eu integram a comitiva presidencial decide falar sobre o assunto, esquecendo que de vez em quando, se isso não lhe interessa, argumenta que não fala do país quando está no estrangeiro.
E o que disse o Presidente da República sobre o BES? Da sua autoria não disse nada, dos seus vastos conhecimentos de economia não resultou qualquer ajuda, limitou-se a reproduzir o que foi dito pelo Banco de Portugal. Isto é, temos um Presidente que dá meia volta ao mundo para assumir as funções de porta-voz do governador do Banco de Portugal.
Bem, talvez lhe tenhamos de agradecer a humildade pois na sua vida política falou duas vezes sobre este tipo de problemas. Da primeira vez era primeiro-ministro e abriu a boca para provocar um crash na bolsa de valores de Lisboa, arruinando muitos dos que o seu governo tinha estimulado a investirem no mercado de capitais, depois da privatização da banca com o sucesso que agora se tem visto, Cavaco propunha-se a dinamização do mercado de capitais.
A segunda vez que Cavaco falou destas coisas foi para explicar aos portugueses que foi um sortudo, ganhou dezenas de milhares de euros com um negócio no BPN mesmo não sabendo nada dessa coisa de acções escritas em inglês. Se calhar cavaco fez bem em reduzir o seu papel ao de porta-voz do BdP, não teve de traduzir termos em inglês, nem teve de recorrer aos parcos conhecimentos de um humilde professor como em tempos disse que era.