À direita de Passos Coelho e Vítor Gaspar não bastaram as consequências nefastas da uma crise financeira internacional de que os portugueses não eram responsáveis, face às consequências das fragilidades da economia portuguesa e o comportamento dos mercados financeiros em vez de minimizarem o impacto social das medidas necessárias ao reequilíbrio da economia traçaram um cenário dramático para poderem agravar a situação e dessa forma impor ao país um modelo económico à revelia da vontade dos portugueses.
Inventaram mesmo desvios colossais para melhor fundamentarem as medidas que desejavam implementar independentemente de qualquer crise ou de qualquer política por parte dos governos antecessores. Não hesitaram em aprofundar a recessão económica e durante dois anos era pecado falar em crescimento, nem mesmo um dos ministros do governo escapou ao sarcasmo desprezível de Vítor Gaspar.
Para esta direita não é a criação da riqueza e a sua repartição equilibrada que leva ao bem estar social, para eles a criação de riqueza não é um objectivo mas apenas uma consequência do equilíbrio das contas e a justiça social não é uma preocupação na medida em que este objectivo está em conflito com a promoção do investimento. Em apoio das suas teses têm uma chanceler alemã cujo único objectivo é o enriquecimento rápido e a qualquer custo da Alemanha, um comissário dos assuntos monetários extremistas e um presidente da Comissão que troca o bem estar do seu povo por um qualquer cargo europeu.
A primeira consequência desta tese extremista é a de que deve haver equilíbrio das contas públicas, pouco importando se o que se gasta é gasto de forma eficiente, o importante é gastar o menos possível e financiar estes gastos com os impostos daqueles cujos rendimentos são considerados inúteis na perspectiva do investimento. É por isso que nesta política há uma preocupação clara em reduzir o consumo dos mais pobres e limitar a classe média aos quadros das empresas privadas, forçando o empobrecimento dos quadros do Estado, gastar dinheiro pagando salários a pobres e a funcionários ou pensões é atirar dinheiro à rua.
Agora pretende-se condicionar qualquer programa político à lógica de que ninguém se pode candidatar a nada se o seu programa não se centrar nas contas públicas, todos devem fazer e pensar em conformidade com as premissas destya direita, a política económica limita-se à política orçamental, tudo o resto devrrá ser uma consequência natural ditada pelos mercados.
Nem sequer o Salazar foi tão longe e apenas se lamenta que haja à esquerda quem pense desta forma, chegando ao ridículo de aproveitar as críticas da direita a António Costa como prova da bondade dos seus projectos. É lamentável quando a esquerda se afirma com base numa certificação da pior direita que já governou Portugal. Há uma esquerda que já tem a direita entranhada.