sábado, junho 25, 2016

O Reino que deixou de ser Unido

Quando ouvi o Nigel Farage apelar à desunião na Europa e a festejar o fim da EU e dei comigo a pensar que o homem devia estar bêbado. Ainda por cima é a extrema-direita Europeia, o Trump e o ISIS que festejaram o Brexit e não é difícil de imaginar que no dia daquilo a que ele chamou de independência é bem provável que seja ele próprio a ser pendurado na Torre de Londres.
  
A Comunidade Britânica e, em particular, os países mais pobres estão demasiado habituados às ajudas europeias e aos regimes pautais preferenciais para abandonarem tudo isto e irem a correr ajudar os pensionistas britânicos, tanto mais que a xenofobia e o racismo implícito em muitos dos votos no Brexit não deve ser muito do agrado do pessoal dessas bandas.
  
Em poucos dias os irlandeses poderão conseguir o que não conseguiram com tantos atentados e manifestações, o Brexit é um convite à reunificação da Irlanda. É mais do que evidente que a Escócia e o seu crude do Mar do Norte vão dizer Bye aos bifes ingleses e muitas das empresas que ameaçaram abandonar aquele país se saísse do Reino Unido vão agora dizer que abandonam Londres no dia em que a Escócia for independente.

Resta uma Inglaterra e um país de Gales dividido, uma rainha que não confia no filho e um filho que casou com a égua mais feia da cavalariça. Contou e isso significa que alguém fez constar que a rainha pediu três muito boas razões para o Reino Unido ficar na União. Pobre senhor, vai dedicar uma boa parte do seu reinado a contar essas razões e pode começar pela queda da Libra.
  
A rainha dificilmente vai conseguir unir a população de Londre que votou por in com os rurais que votaram out, os trabalhadores qualificados que não têm medo dos emigrantes com os trabalhadores não qualificados que querem sair, os jovens que queriam horizontes com os velhos sem esperança, sem horizontes e egoístas. Não estarei muito longe da verdade se disser que os republicanos queriam ficar e que os monárquicos mais conservadores queriam sair.

O que sobre do Brexit é um Reino que deixou de ser Unido, pior ainda um reino que vai entrar numa profunda crise interna com as forças mais dinâmicas e democráticas a sujeitarem-se à extrema-direita e aos iletrados e é deste reino que Isabel II reina. Razão tinha o filho quando queria ser o penso higiénico da Camilla, neste caso seria uma forma muito original de meter a cabeça no buraco como faz a avestruz.