Se as sanções fossem aplicadas com o argumento de que resultavam do programa económico da geringonça alguém acredita que Passos Coelho protestaria indignado como o fez no encontro paralelo ao Conselho Europeu?
Quando a questão das sanções a direita não mostrou muito incómodo, a notícia da sua eventual aplicação coincidiu com a adopção de medidas económicas a que se designou por reversão das medidas extremistas de Passos Coelho e essa coincidência foi aproveitada para sugerir que as sanções resultaram das decisões do actual governo e não do anterior.
Aqueles que tentaram impor que as normas do Pacto de Estabilidade fossem inscrita na nossa Constituição parece terem-se esquecido delas, esqueceram-se de que nos tempos da dureza eram contra qualquer folga ou concessão, dava-lhes jeito prender o país ao seu extremismo. Não defenderam que o limite do défice poderia ser ultrapassado em 0,01% ou em 0,1%, o limite era 1%.
Só que na hora de garantir que ficariam no poder esqueceram-se do rigor orçamental e durante 2015 e sem recuar em nenhuma das suas sacanices económicas deixaram de controlar o défice e permitiram o aumento das gorduras do Estado. A reversão dos cortes de pensões e de vencimentos não eram uma desgraça e até se apropriaram das consequências de acórdãos constitucionais, chamando a si a autoria política das medidas que foram obrigados a aplicar.
Contando com o apoio maioritário da direita na Comissão, incluindo o comissário português que está lá para servir o PSD, Passos Coelho estava convencido de que as sanções seriam atribuídas à política deste governo. Agora que percebeu que é o Pacto de Estabilidade que ele tanto apoiou que determina a aplicação de sanções em consequência do seu próprio falhanço eis que teve um ataque de histeria em Bruxelas.
Este não é o Passos Coelho que sorria perante a aplicação de sanções ou que o que boicotou um voto unânime do parlamento contra as sanções, este é o Passos Coelho que percebeu que vai ter de ser ele a assumir as responsabilidades e agora que é ele o prejudicado e não apenas o país é que se manifesta preocupado e indignado.