A política parece que serve para algumas personalidades aparecerem de vez em quando para carregarem baterias, enquanto a coisa está a dar andam pelo sector privado, quando começam a perder mercado e os lucros da actividade privada começam a minguar reaparecem para recarregar baterias.
Há sempre um impulso salvador que impele os nossos políticos a regressar à vida política activa com o estatuto de filhos pródigos, uma qualquer divergência, uma vaga de comentador, um convite para o governo, uma comissão de qualquer tipo, não faltam truques para reabilitar ex-políticos que estão no sector privado. Não só voltam como o povo tem a obrigação de lhes ficar eternamente grato pelo favor que nos fazem.
Todos os políticos que em Portugal praticam este tipo de transumância davam para formar uma récua bem numerosa. Pedro Santana Lopes até encontrou uma expressão para caracterizar este ir e vir entre os patos do sector público e os patos do sector privado, “andar por aí”. Não só inventou a expressão como levou ma vida neste saltitar, abandonou a politica para se dedicar à agricultura, faliu e regressou para o governo de Cavaco, saltou para o Sporting e perdido o campeonato regressou, enfim, agora está no repasto da Santa Casa e em poucos meses já prometeu não se candidatar à CML e por duas vezes já disse “agarrem-me senão ainda me candidato”.
O mais recente transumante é Paulo Portas, despediu-se com pompa e circunstância do modesto vencimento de deputado, dinheiro que corte e sobretaxas mal dá para os seus chapéus e entre lágrimas e abraços foi pastar para as contas bancárias da Mota-Engil. M dia destes muda a administração da empresa ou reforma-.se o amigo angolano ou de outro qualquer país que alimenta o mercado laboral de Portas e lá o teremos de regresso para fazer a quem for líder do CDS o que já fez quando a Moderna foi ao fundo. É uma questão de tempo para que venha em busca da erva fresca do Estado.
É graças a este fenómeno que os nossos políticos foram buscar à pecuária num tempo em que neste sector os currais substituíram os pastos, que em Portugal não existem políticos reformados. Desaparecem andam por aí e uns tempos depois reaparecem, umas vezes pulam diectamento para os altos cargos do Estado, outras vezes atiram-se às lideranças partidárias, com maior frequência decidem andar a pastar pelas televisões a aguardar a melhor oportunidade de voltarem a encher o bandulho.