Esta fixação colectiva naquele a que alguns jornalistas insistem em designar como “o melhor do mundo” começa a ser crença religiosa e se houvesse tempo não seria de admirar que aparecesse algum padre a promover uma procissão para rezar para que no próximo jogo ocorresse o desejado orgasmo de ketchup que parece vir a ser a salvação nacional, lembrando as famosas procissões promovidas para interceder em favor de chuva quando a seca é extrema.
A verdade é que no futebol estamos também a viver tempos de seca extrema, para uns a seca de ter de ouvir falar de São Ronaldo de manhã à noite, para outros uma seca de golos que ao fim de dois jogos começam a lembrar as famosas pragas do Egipto. A bola não entra de forma nenhuma, quanto não é o poste que se mete no meio é o guarda-redes que aparece e quando nem o guarda-redes nem a barra a defendem parece que é a baliza que foge para o lado.
A situação e de tal forma grave que até a mãe do suposto deus menino já vem apelar a que não deixemos de crer em Deus, criticando a blasfémia e apelando a uma reza comum, por de um momento para o outro ocorrerá o milagre e o ketchup jorrará em golfadas, saciando os que acreditaram e afogando os que blasfemaram, por estes dias Portugal é um califado ronaldico em que todos devemos ser crentes.
Até o treinador já desistiu de estratégias e tácticas, o sucesso ou insucesso da equipa já não depende da possibilidade dos pés de chumbo do Moutinho ficarem leves, do Éder fazer um golo em dez minutos ou do Rafa fazer um milagre em dois. O que prejudica a equipa não é a mialgia de esforço na nádega do Quaresma, a ausência do Renato ou a presença virtual do João Mário. Os golos do Ronaldo vão aparecer e isso é tão certo que meio Portugal já telefonou para o Ritz de Paris para reservar quarto desde amanhã até ao dia dez do próximo mês.
Oremos ao senhor São Ronaldo e à sua Mãe porque vai haver ketchup para todos.