Se a direita governasse em Portugal seriam aplicadas
sanções? É óbvio que não, ninguém se incomodou com o aumento da despesa pública
em 2015, nem com a reversão das grandes reformas que constava do programa
eleitoral pafioso, nem com a aceleração dessas reversões contida nas vinte medidas
facilitadoras sugeridas pela direita ao PS para que este partido viabilizasse
um governo minoritário.
Pela primeira vez na história da Europa a Comissão Europeia
deixou-se envolver numa chicane político-partidária que começou com os apelos
da direita portuguesa aos seus aliados europeus na tentativa desesperada de
inviabilizar o governo do PS. Desde então que é evidente a sincronização de
posições da direita com as da Comissão. Não é por acaso que a Comissão vem
sugerir um plano B que há muito que a direita portuguesa tenta exibir como
prova de que a política de austeridade é indispensável.
A pouca-vergonha chega ao ponto de Maria Luís Albuquerque
exibir cartas a comissários europeus amigos onde supostamente mete uma cunha a
favor de Portugal, mas onde deixa evidente a estratégia de Passos Coelho, se as
sanções forem fundamentadas na política deste governo até as suporta, lembrando
um famoso pedido de desculpas que fez quando apoiou algumas medidas de austeridade
adoptadas por José Sócrates.
É óbvio que se as sanções visarem condenar este governo são
ilegítimas, imorais e ilegais, nenhum Tribunal de Justiça Europeu as aprovaria,
como também é óbvio que se a Comissão Europeia for implacável com Portugal por
causa de um desvio orçamental de 0,2% fica sem qualquer margem para o futuro e
qualquer país que venha a ultrapassar o limite dos 3% d défice ficará sujeito a
sanções idênticas.
É ridículo que a Comissão alimente este debate por causa de
2% de défice, que ande a receber cartas com cunhas de líderes partidários
ofendidos por terem ficado sem apoio parlamentar suficiente para viabilizar um
governo e que tenha decidido desestabilizar um país com objectivos partidários,
chegando-se ao ridículo desse meio-bilhete de comissário que é o ex-funcionário
da Goldman Sachs, um tal Moedas que o falecido António Borges meteu no governo,
vir para a TSF criticar o governo português.
É caso para dizer ao Moedas e a todos os que estão usando a
Comissão Europeia que cumpram o Tratado Orçamental, que apliquem sanções porque
o governo de Passos Coelho foi incapaz de controlar o défice porque tinha as
costas quentes da direita da Comissão Europeia, apliquem a merda das sanções
porra! Mas deixem de nos atazanar o juízo pois por cá temos coisas mais
interessantes para pensar, como as dúvidas em relação ao regresso do João Mário
ou os comentários do JJ sore as suas derrotas de pré-época!