quinta-feira, julho 21, 2016

Ó Centeno, eu também quero...

Caro Mário,

Esta coisa de ser patrício do Centeno dá-me direito a uma pequena cunha que vou usar com um pedido que me parece fazer sentido. Em vez de me pagar o vencimento directamente passa a pagá-lo à minha empresa Burro Lda.

A ideia não é nova, como não sou homem de fezadas, até por que essa coisa de apostar em títulos analisando a cor das fezes não dá grandes resultados prefiro ter a fé de Fernando Santos e seguir-lhe as pegadas. É por isso que quer que as Finanças me concedam um contrato semelhante ao que a Federação fez com o nosso novo líder religioso, ao invés de fazer contratos de trabalho faz um contrato de prestação de serviços.
 
Se o Centeno fizer um contrato idêntico comigo passa a pagar-me o vencimento bruto anual sem quaisquer descontos ou retenções na fonte, nada de ADSE, da sobretaxa, dos descontos para a aposentação e demais descontos. Em contrapartida a Burro Lda faria comigo um contrato de trabalho.

Esta solução faz todo o sentido, como funcionário público aceitaria os sacrifícios que se fazem no sector privado, o Estado passaria a ter menos um funcionário e o governo seria elogiado pelo ímpeto reformista. Em contrapartida eu meteria o carro e a gasolina como despesa da empresa, faria o mesmo com a água, a electricidade, os artigos de higiene e de limpeza, os cafés e tudo o mais que pudesse ser entendido como despesa, incluindo a casa de férias facturada a título de deslocações.
 
Com o que sobrasse estabeleceria o ordenado que a Burro Lda me pagaria e seria sobre esse ordenado é que incidiria o IRS, a ADSE, a sobretaxa, os cortes no vencimentos e tudo o mais que como português exemplar devo pagar, se não me conseguir escapar.

Acho que devemos ser todos como o Fernando Santo, ter a sua fé e fezadas fiscais, seguir o seu exemplo laboral. Enfim, até apetece parafrasear Scolari e dizer “e o burro sou eu?” Graças a um golo que o Ederzitro nem tão cedo vai conseguir repetir o senhor engenheiro e os seus amigos têm direito a um esquema de evasão fiscal patrocinado pela Federação Portuguesa de Futebol. Agora esperemos que suceda o mesmo que tem sucedido com as condecorações e todos os campeões seja do que for, incluindo do campeonato da carica da minha terra, passem a beneficiar deste esquema fiscal amigo.


(CM)