Um dos aspectos mais curiosos do debate em torno do Brexit é a quantidade de gente que conhece melhor a City do que o parque Eduardo VII, que fala de Londres como se fossem vizinhos da Ti Isabel e que dominam todas as matérias, desde os problemas de segurança ao mercado comum.
Já não me refiro aos conhecidos comentadores de relações internacionais que a TVI ou a SIC poem a falar sempre que ocorre o mais pequeno incidente em qualquer parte do mundo, conhecem os nomes ou a geografia, conhecem de cor todos os dados estatísticos e os dados históricos estão na ponta da língua. É uma pena que não tenhamos todos esses dons pois nem as enciclopédias, nem o Google seriam de grande utilidade.
Se há um maremoto no Japão somos todos especialistas em maremotos, sabemos à brava sobre o DAESH e agora somos todos especialistas em Reino Unido e mercado comum, enfim, até parece que mio país televisivo foi colega de Miguel Relvas no curso de relações internacionais na Lusófona.
Não me vou armar em especialista, nem mesmo em especialista de estupidez alheia, mas pensando nas matérias sobre as quais tenho a obrigação de saber alguma coisa pressinto que anda por aí muita gente a falar do que não sabe. Mas não faz mal, a selecção não nos serve o seu ópio todos os dias e para os crentes as missas são ao sábado, por isso o melhor mesmo é continuarmos a ser especialistas em Brexit e a alimentar a brexitmania que, afinal, está na moda.