Se Jacques Delors tivesse sido o presidente da Comissão Europeia nos últimos dez anos a Europa seria a merdaxit em que se tornou? A resposta só pode ser não e isso significa que o pântano económico, político e social em que a Europa se afundou tem muito a ver com o desempenho de Durão Barroso, um político que foi escolhido para o cargo mais pelos seus defeitos do que pelas suas qualidades.
Era preciso um presidente da Comissão sem grandes escrúpulos, disposto a aceitar ordens, disponível para transformar a Comissão num saco de paus mandados e essa pessoa foi Durão Barroso, um político que chega ao cargo de uma forma manhosa e pouco elegante, rasteirando um candidato que dizia apoiar, lançando a sua candidatura em segredo e abandonando o país com o argumento humilhante de que ia ser o nosso padrinho em Bruxelas. Foi o padrinho que se viu e terminou o seu mandato de forma muito típica, metendo o filho no Banco de Portugal pela porta do cavalo.
Hoje a Comissão Europeia já não é a garantia da defesa dos valores da Europa, é o braço armado de interesses representados no Partido Popular Europeu, está ao serviço dos grandes e faz o que lhes mandam. A extrema direita está crescendo na Europa graças à corrupção moral e material que sustenta o processo político europeu, com partidos nacionais corrompidos, gente sem grande valor a liderá-los e líderes fracos.
Podemos criticar a senhora Merkel, mas a verdade é que na Europa de hoje não somos capaz de distinguir um político de que siga benza-te Deus e Barroso é o grande símbolo europeu dessa classe política, gente sem ideias, sem projectos, que apenas se movem pelas suas ambições pessoais, ambições medidas em dias de férias em ilhas de amigos, em passeios de cruzeiro pagas e em mordomias conseguidas de forma fácil.