Durante anos Passos Coelho exibiu privatizações duvidosas como exemplos de democracia económica, aliás, quando declarou que queria ir ir mais além da troika referia-se ás privatizações, só depois tomou o gosto da austeridade brutal e se tornou um toxicodependente da austeridade. Passos nunca escondeu o seu desejo de privatizar a CGD e só não o fez porque foi arredado do governo e não lhe foi possível recorrer ao desvio colossal” nas contas do banco para impor a sua privatização.
Talvez por serem defensores da democracia económica o PSD nunca se manifestou quando o BPI encerrou as suas instalações em Almeida. Aliás, os bancos privados encerraram centenas de agências, a maioria delas em pequenos concelhos e, que se saiba, Passos Coelho não tomou qualquer posição. Agora que as autárquicas estão à porta e tudo correu mal à direita, o PSD agarra-se com unhas e dentes à agência da CGD em Almeida.
Tudo o que era Estado foi brutalmente maltratado pelo governo de Passos Coelho, agora o PSD tenta atiçar incêndios, recorrendo ao encerramento de agências da CGD. Não é por acaso que foi o autarca da Guarda a vir tomar posição, é este dirigente do PSD já tinha vindo a insinuar que o governo estaria a favorecer autarquias do PS, agora vem sugerir que o PSD mudou de ideologia e agora já é o “povo que mais ordena”.
Entretanto, Passos Coelho tem-se mantido em silêncio. Talvez fossei interessante ouvi-lo, saber que a CGD deve ser gerida em função de critérios racionais, ou se deve suportar custos porque um banco público deve manter fontes de ineficácia em nome dos interesses políticos de alguns autarcas, da opinião de clientes de outros bancos ou para que três ou quatro empregados não querem ir trabalhar para uma agência a 15 Km de casa.
Porque se cala Passos Coelho, o tal que dantes defendia a “democracia económica”? Parece que a tese tem agora uma versão diferente, democracia económica é os autarcas do PSD negociarem favores para os seus concelhos, mobilizando os seus eleitores para ocuparem instalações da CGD enquanto são recebidos pelos gestores do banco. Por estes andar o pessoal de Almeida ainda cerca a Assembleia da República, com o povo a gritar “força, força, camarada Passos!”.