Na economia de hoje a comunicação tem uma grande importância
no comportamento dos agentes económicos, estamos perante comportamentos
atomizados cujo comportamento errático é difícil de prever ou de condicionar.
Longe vão os tempos das economias fechadas onde a esmagadora maioria dos
agentes económicos consumiam em alimentação a quase totalidade dos seus
rendimentos.
O rendimento médio de uma boa parte dos agentes económicos permite-lhes
uma grande amplitude de decisões. O comportamento dos agentes económicos lembra
os movimentos de um cardume de sardinhas ou de um bando de estorninhos, são
movimentos aparentemente erráticos, difíceis de prever e que podem ser alterados
a qualquer momento.
Os comportamentos antecipacionistas têm um peso cada vez
maior, se as pessoas receiam uma situação de crise tendem a poupar, se as
expectativas forem boa consomem mais, se receiam um aumento de preços dos
produtos importados tendem a preferir esses bens, tudo isto pode mudar a qualquer
momento.
É neste quadro que temos de avaliar o papel da informação
económica, do discurso político e, em particular, das previsões. Quando Passos
Coelho previu a vinda do diabo estava fazendo uma previsão ou pensava estar a empurrar
a economia pelo caminho que ele desejava? Quando a Dra Teodora Cardoso erra
sistematicamente nas previsões está sendo surpreendida por fenómenos inesperados
ou falhou numa tentativa de influenciar o comportamento dos agentes económicos.
Quando o FMI faz previsões que mais tarde se revelam desastrosas está errando
ou falhando na tentativa de condicionar as políticas?
Quando um político tem funções governativas tende a ser otimista
pois se um presidente ou um primeiro-ministro disser que vem aí o diabo, este
aparece mesmo. EM contrapartida, não temos memória de ver um político da
oposição ter perspetivas otimistas, quem está na oposição passa sempre uma
imagem negativa na esperança desta se conformar.
No nosso caso é cada vez mais evidente que anda por aí muita
gente a errar nas previsões e só não provocam graves prejuízos à economia
porque depois de tanta mentira, de tanto desvio colossal, de tanto erro de
aritmética os portugueses começam a desconfiar das previsões pessimistas, começam
a perceber que as entidades independentes tentam forçar o governo a aceitar as
suas teses, o primeiro-ministro no exílio tem saudades da crise financeira que
o levou ao poder e até parece que os bancos parlamentares fazem calos na Maria
Luís.