Desde que Cavaco teve a brilhante ideia de fazer exigências imbecis para dar posse a um governo de que não gostava que a agenda do país é uma sequência de debates que servem apenas para entreter políticos sem grande nível e os jornalistas estagiários que fazem perguntas disparatadas ou combinadas à entrada dos jantares de lombo assado.
Primeiro era a desgraça por causa das reversões, que o negociador da TAP era amigo do Costa, que o desemprego e os juros iam subir, que os amigos de Bruxelas iam chumbar o OE português, que os amigalhaços da direita europeia reunida em Madrid iria boicotar o governo maldito, que as reversões iam levar o país ao desastre, que o segundo regate vinha aí disfarçado de diabo, que a gerigonça não conseguiria cumprir as metas do défice, algo aritmeticamente impossível, que os investidores não confiariam num governo que não fosse o do traste de Massamá, que a geringonça não se voltaria a entender depois da jogada da TSU, que o Centeno tinha mentido ao parlamento, que os sms de Centeno eram comprometedores, que o governo estava a facilitar as off shores, que o Estado deixou o povo ao abandono e estavam a ocorrer suicídios em massa.
É uma agenda política em que 64 sms e 64 mortos têm o mesmo valor, políticos sem escrúpulos alimentam o debate político com o que acontece, se forem mortos muito bem, se não morreram quantos baste inventam-se suicídios, o que importa é gerir a agenda política em função dos objetivos da semana.
O país não discute os problemas, a guerra política deixou de ser uma guerra de grandes exércitos, de grandes batalhas, com grandes generais, é uma guerra de guerrilheiros e vale tudo para infligir danos, pouco importa a destruição, pouco importa o país, pouco importam os cidadãos, vale tudo para conseguir um beliscão. Os políticos são guerrilheiros e se não têm cão caçam com gato, tudo o que esteja à mão serve para ser notícia no telejornal das oito.
O país não debate os problemas sérios, não importa discutir o que sucedeu em Pedrógão para evitar que se repita, o que importa é que haja um qualquer funcionário a quem possam ser atribuídas as culpas. Dantes a culpa não era dos políticos porque era dos funcionários, agora é dos políticos porque deles dependem os funcionários. Os debates estão inquinados por oportunismo, circunstancialismo e falta de honestidade.