Ao segundo dia do incêndio de Pedrogão avisei aqui que iríamos ouvir muitas vozes em defesa do eucalipto, só não esperava que no dia seguinte aos suicídios supostamente ocorridos naquela localidade fosse o próprio divulgador dos mesmos mudasse tão rapidamente de tema, para se dedicar á defesa do eucalipto, uma árvore de que o próprio diz não gostar.
Passos Coelho que faltou deliberadamente a uma reunião com o primeiro-ministro para debater a floresta, tentando depois criar um falso incidente dizendo que não tinha sido convidado, vem agora fazer insinuações imbecis, acusando o governo de odiar o eucalipto por causa de um acordo com os Verdes. Estamos perante mais uma estratégia manhosa e desonesta do líder da oposição.
Em vez de debater a floresta Passos Coelho opta por se aproveitar dos incêndios e de uma iniciativa legislativa que ignorou e sobre a qual nunca se pronunciou, depois de sse aproveitar dos mortos, depois de inventar suicídios, Passos mata dois coelhos com uma cajadada, vai de encontro aos interesses das empresas de celulose e lança o pânico entre os pequenos proprietários rurais que encontrar no eucalipto uma importante fonte de rendimentos.
Passos acha que a melhor forma de debater os incêndios e uma reforma eleitoral é fazendo discursos incendiários nos jantares de lombo assado de apresentação de candidatos autarcas, como seu comparsa de Pedrogão que durante a manhã faz rejas e juras de misericórdia e à tarde inventa mortos para ajudar o seu líder a sobreviver.
É óbvio que o eucalipto faz falta, é óbvio que que a estevas ou os pinheiros ardem tão bem quanto os eucaliptos, é óbvio que todas as madeiras e matos ardem, é óbvio que sempre houve incêndios. Mas uma coisa é plantar uma floresta com regras e outra é encher as bermas da EN236 de eucaliptos, transformando-a num gigantesco inferno.
Mas Passos Coelho é um homem que não gosta de regras, não gosta da regra da boa educação e mente dizendo que não recebeu um convite, não gosta das regras constitucionais e queria governar contra a maioria parlamentar, não gosta de regras legais e cortou pensões sem respeitar promessas e leis, não gosta de regras de segurança e quer que se plantem eucaliptos em qualquer lado, não gosta de regras de decência e aproveita-se da desgraça para ajudar o lóbi das celuloses, não gosta das regras da honestidade política e lança o medo entre os pequenos proprietários rurais para se salvar.
É uma vergonha que depois da morte de 64 portugueses numa estrada nacional transformada em eucaliptal o país tivesse um líder da oposição recorra a uma manobra suja para usar esses mortos em defesa da indústria interessada na promoção do eucalipto. Enoja-me que ainda antes da missa do sétimo dia dos mortos de Pedrogão e depois de centenas de imagens como a de cima, onde se pode ver um eucaliptal plantado até ao alcatrão, um líder partidário esteja tão preocupado com os eucaliptos e se recuse a discutir a floresta.
Estará preocupado com os portugueses ou com o negócio do eucalipto' Por este andar ainda algum familiar ou provedor de uma qualquer Santa Casa o avisa que há pequenos agricultores a suicidarem-se por não poderem plantar eucaliptos.