Quando Passos Coelho percebeu que a estratégia do exilado
que esperava pelo diabo tinha falhado começou a fazer comícios com lombo
assado, todas as noites de sexta e sábado são dedicadas a pequenos comícios, onde
o líder do PSD diz que quer sem qualquer risco de contraditório. Pouco importa
se o jantar é para reunir as mulheres do PSD ou para apresentar candidaturas
autárquicas, o que importa é dominar a comunicação social durante o fim de
semana. Desvaloriza-se o debate parlamentar onde tem de enfrentar os fantasmas
do o passado, prefere jantares com dez minutos de tempo de antena.
O PS tem dado uma preciosa ajuda a esta estratégia, desde
que é governo que este partido parece entrar em regime de descanso total na
sexta-feira à tarde, para só regressar ao fim do dia de segunda-feira. Passos
resguarda-se toda a semana e na sexta-feira à noite ou no sábado chama a
comunicação social para mais um jantar onde aproveita o que sucedeu para dizer
o que lhe apetece pois sabe que vai estar dois ou três dias sem resposta, por
mais falsos que sejam os seus
argumentos.
Com tantos canais de informação e tão poucas notícias, ainda
por cima com o futebol de férias, as televisões matraqueiam os telespetadores
durante dias com as mesmas declarações, apresentando-as sem qualquer
contraditório e como se fossem verdades absolutas. Ainda este fim de semana
isso sucedeu, Passos apanhou o Costa “agarrado” às comemorações do Dia de
Portugal e viajou do Porto para Santarém, para atacar a nomeação de um
administrador da TAP e gozar com a intenção do governo de recuperar 500 milhões
de euros de rendas concedidas à EDP.
Em nenhum dos dois casos Passos estava a ser honesto. Na TAP
o novo administrador representa os interesses do Estado, os mesmos interesses
que defendeu quando representou o Estado na reversão da privatização da EDP. No
que se refere às rendas da EDP as intenções do governo não surgem com as
investigações naquela empresa, já constavam no programa do governo.
Mas durante dois dias as mentiras de Passos, político que
não respeitou o Dia de Portugal e fez o seu comício, foram repetidas até à
exaustão em toda a comunicação social. A resposta só foi dada já domingo ao fim
do dia, primeiro veio o ministro da Economia responder na questão da TAP, mais
tarde foi Carlos César que repôs a verdade na nomeação na TAP.
Mas as mentiras de Passos já tinham passado e mais uma vez o
governo foi penalizado por este curioso calendário político em que o PS permite
que em cada sete dias o PSD tenha o exclusivo da comunicação social durante
dois dias e meio e sem qualquer contraditório ou resposta por parte do PS. Pior
ainda, o próprio BE aparece a aproveitar, fazendo surf nas mentiras de Passos
Coelho, como sucedeu neste domingo, quando veio associar-se a Passos nas
críticas à nomeação do administrador da TAP, aprovando e consolidando uma
mentira.