terça-feira, junho 20, 2017

O diabo chegou a Pedrógão Grande



Ainda o incêndio fazia vítimas e já alguns jornalistas, certamente seguindo ordens dos seus diretores de informação procuravam pistas para culpas que alimentassem as labaredas do debate político. Se tudo tinha falhado por causa de uma falhas nas telecomunicações. A TVI até mandou a Judite Sousa explorar o drama e a sua subdiretora de informação não desiludiu, foi em busca de cadáveres e de familiares das vítimas e foi o que se viu, fez o que pediu que não fosse feito com a morte do seu filho, mas gente do povo não merece tais pruridos. 

Passos Coelho esperou e quando achou oportuno fez uma visita de circunstância aos serviços da Proteção Civil em Lisboa, não foi falar com nenhum bombeiro a cheirar a fumo, visitar algum ferido na unidade de queimados ou a ver alguma aldeia devastada pelo fogo. Convocou as televisões para a sua comunicação e no conforto citadino foi marcar a agenda política dizendo que ainda não era o tempo para o fazer. Este é o mesmo Passos que disse não se aproveitar de casos judiciais e que depois o fez sem qualquer pudor.

Se quisermos saber o que Passos quer que a nós pensemos que é o que ele pensa devemos esperar pelo fim do dia, mais oou menos à hora dos jantares de Leitão assado, que ele aparece. Mas se quisermos saber o que realmente ele pensa ou, muito mais certo, o que ele vai pensar, devemos ler os seus ideólogos de jornais como Rui Ramos, Helena Matos e José Manuel Fernandes, que escrevem no Observador, ou João Miguel Tavares que mantém uma coluna de espuma no Público. Se os lermos ficamos a saber qual a mensagem que Passos está a propagar ou que vai fazer sua, que o país vive de de propaganda e que os incêndios são a realidade resultante da competência.

Depois de todas as estratégias terem falhado, o défice foi controlado, o BE e o PCP não se deixaram seduzir por uma estratégia de coligação espontânea no parlamento, a direita europeia não veio em auxílio de Passos, a extrema-direita foi derrotada no Reino Unido e em França, as taxas de juro da dívida estão em queda, a notação vai deixar de ser lixo. Depois da aposta na vinda do diabo em Setembro de 2016 eis que parece que a vida do diabo, tão desejada por Passos Coelho, ocorreu em Junho de 2016 em Pedrógão Grande.

Passos e os seus ideólogos da extrema-direita chique não perderão a oportunidade de se aproveitarem da desgraça alheia, com notícias relativas a corrupção autárquica de altos dirigentes do PSD para abafar, há que centrar o debate das autárquicas nos incêndios.