Passos fez com os incêndios o que no passado já tinha feito com processos judiciais, numa primeira fase evidencia o politico que não é oportunista para ganhar simpatias e credibilidade, numa segunda fase esquece o que disse e torna-se no político oportunista, nocivamente para conseguir votos. Com os incêndios repetiu a primeira fase da encenação, mas nunca saberemos se iria ou não repetir a segunda fase, respeitando as vítimas dos incêndios.
Nunca o saberemos porque a sua bancada parlamentar, devido a muita impaciência, não permitiu. Passos visitou a Proteção Civil, propôs uma comissão técnica e pediu uma audiência a Belém, mas não teve tempo para mais, o grupo parlamentar do PSD forçou-o a agendar um debate que, como se sabe, servirá apenas para um espetáculo de peixerada da mais miserável.
Compreende-se a impaciência dos deputados, com o tempo as emoções dão lugar à racionalidade, as imagens fortes dos jornalismo cedem o passo a um debate sério, os bombeiros cedem o passo aos que terão de ajudar as populações a reconstruir o que foi destruído. É agora que poderão ganhar alguns votos.
Estes deputados representam os caciques locais, uma imensa tei de interesses distritais e locais e com a queda das intenções de voto no PSD em forte queda, há um sério receio de se perderem muitos lugares, muitos deixarão de ser autarcas, de ser administradores de empresas municipais ou assessores. São dezenas de milhares de militantes que perdem os seus lugares e que verão a sua forma de vida arder com uma derrota eleitoral.
Isto significa que não é com os que sofreram com os incêndios de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Góis que essa gente está preocupada. Os que querem salvar à custas dos que morreram são os que vão ficar queimados com uma derrota nas eleições autárquicas.