segunda-feira, fevereiro 28, 2011

As universidades "Deolindas"

A crise tem levado à ideia de que o desemprego jovem se deve apenas a razões de ordem económica, escondendo uma outra realidade miserável que é o mundo da universidade privada e de uma parte significativa da oferta da universidade pública. Muitos dos jovens licenciados que se estão no desemprego são mais vítimas de universidades que nasceram como cogumelos e que têm qualidade.

A massificação do ensino secundário combinada com a mania dos portugueses de quererem ser doutores criaram um mercado fácil para professores sem escrúpulos que criaram universidades privadas para venderem cursos ou multiplicaram cursos em universidades e institutos públicos que apenas servem para alimentar o estatuto dos seus professores.

Multiplicaram-se os cursos que não exigem qualquer investimento por parte das universidades privadas, bastando professores e salas para venderem assinaturas. Por todo o lado há cursos de gestão, de recursos humanos, de direito, de relações públicas ou de marketing, cursos de onde se sai sem grandes qualificações.

O próprio Estado alimentou estas “universidades”, com os seus esquemas de concursos internos, reclassificações e promoções permitiu a muitos funcionários administrativos ascenderem à categoria de técnicos superiores, para isso bastava-lhes inscreverem-se num cursos nocturno e uns anos mais tarde entregarem os respectivos diplomas. Neste casos o Estado não olha a médias de curso ou a qualificações profissionais e quando o faz, nos concursos de admissão, os alunos destas escolas passaram à frente de muitos licenciados por universidades públicas onde é maior o rigor da avaliação.

Quando esta crise for ultrapassada muitos destes jovens licenciados vão perceber definitivamente o logro em que caíram, dificilmente encontrarão o emprego com que sonharam pois os seus cursos não lhes garantem as aptidões profissionais pretendidas.

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Orquídea selvagem do Parque Florestal de Monsanto, Lisboa

IMAGENS DOS VISITANTES D'O JUMENTO

Rua da aldeia de Monsanto [A. Cabral]

JUMENTO DO DIA

Francisco Louçã

Desorientado por ter caído no ridículo com a promessa de apresentar uma moção de censura o líder do BE agarra-se às bandeiras mais populistas para tentar salvar a sua própria imagem, é o Francisco Louçã no seu melhor, um político sem ideias e sem escrúpulos que vive das oportunidades de ocasião.

«"O BE responde a Pedro Passos Coelho, sim, é preciso que haja regras, que haja contenção nos salários excessivos de alguns gestores públicos e que todos eles prestem contas e respondam perante o país, que tem problemas, e o maior de todos é a criação do emprego e uma economia decente", declarou Francisco Louçã, no Funchal. "Que possa haver um presidente da TAP que ganhe 600 mil euros quando, ao mesmo tempo, a TAP, por via de uma empresa sua participada, está a despedir 336 trabalhadores do aeroporto de Faro para depois os substituir por trabalhadores precários, isso diz exactamente o que se passa sobre aqueles que têm a faca e o queijo na mão", disse. "Preferem criar desemprego, precariedade e dificuldades para aquelas famílias daqueles trabalhadores quando têm todo o poder e quando são pagos de uma forma tão exorbitantemente acima do salário do Presidente da República", criticou.» [DN]

TRÊS DÚVIDAS SOBRE A REVOLTA ÁRABE

O que se está a passar no mundo árabe ainda me suscita muitas dúvidas, não tenho grande esperança no que vai resultar e não confundo as manifestações com as manifestações de liberdade do 25 de Abril português.

O que explicará o silêncio dos extremistas islâmicos? Parece-me evidente que os extremistas estão a usar a sua logística para estimular a revolta nos países onde há muito estão em conflito com os regimes.

Porque razão alguns países estão imunes a esta revolta? Nos países onde os governos têm fortes ligações aos extremistas islâmicos não ocorreram manifestações, é o caso do Sudão.

Só o regime líbio mata? Para além da grande confusão quanto ao número de vítimas na Líbia, sinal de que estão a ser usadas como propaganda está a passar a ideia de que todas foram provocadas por gente fiel ao regime. Quer isto dizer que a oposição ocupou várias cidades, apoderou-se de equipamento pesado e está às portas de Tripoli recorrendo a métodos pacíficos e sem ter feito um único morto.

Anda ppor aí muita ingenuidade e a real politik do passado dá lugar a uma nova real politik, apoiar todas as mnifestações de oposição a ditadores pouco importando que os futuros ditadores sejam piores do que os anteriores.

O REGRESSO DA ARDÓSIA PERDIDA

«O londrino The Times fez ontem um artigo à volta de uma fotomontagem. Descrevo-a: numa sala de aula, garotos de há meio século mostram as suas ardósias (para os leitores mais novos: uma pedra preta onde se escrevia com giz - escrevia-se e apagava-se, hoje chamar-se-ia um objecto sustentável). Mas há uma menina que em vez da lousa segura algo parecido: um iPad. A fotomontagem ilustrava este assunto: a Comissão de Terminologia e Neologismos, polícia francesa da língua, proíbe que os dez milhões de funcionários franceses chamem "iPad" àquela magia plana e fina, um computador do tamanho de uma ardósia, que permite navegar na Internet, ler livros e jornais (esta semana, o DN aderiu a essa maravilha). E o que propõe a tal comissão como nome para combater o termo anglófono? "Ardoise", ardósia. Não está mal lembrado. Primeiro, pela certeira evocação antiga. Segundo, porque sugere um sentimento de gratidão para com a Apple ("ardoise", em francês, também quer dizer dívida). Terceiro, porque a Apple chegou a pensar chamar iSlate ao seu invento ("slate", em inglês é ardósia). E, sobretudo, quarto, porque nenhuma língua deve deixar-se apagar. Para o que americanos chamam IT (Information Technology) os franceses inventaram a palavra "informatique" e conseguiram exportá-la: nós (e os americanos!) adoptámo-la. Às vezes, um pouco de teimosia vence batalhas dadas por perdidas.» [DN]

Autor:

Por Ferreira Fernandes.

NÃO HÁ NOVAS PROVAS NO CASO RUI PEDRO

«Cândida Almeida, directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), disse este domingo que não há provas novas no processo do desaparecimento de Rui Pedro.

Recorde-se que, treze anos depois do desaparecimento de Rui Pedro, em Lousada, o Ministério Público encerrou o caso e acusou Afonso Dias - a última pessoa vista com o jovem em 1998 - do crime de rapto.» [i]

Autor:

Se não há novas provas isso significa que a acusação agora formulada poderia ter sido feita há quase treze anos, durante esse tempo um suspeito esperou mais de uma década por uma acusação a que agora terá e poderá responder. A justiça procurou provas mais consistentes para a acusação ou investigou outras pistas?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se o espectáculo triste da justiça portuguesa.»

SANDOR BERNATH

domingo, fevereiro 27, 2011

Semanada

É uma pena que os segredos da Wikileaks sobre os submarinos não tenham chegado ao conhecimento dos contribuintes antes da aprovação do OE, assim os portugueses teriam consciência de que os governantes do PS e do PSD cederam aos desejos dos generais e almirantes e agora iríamos pagar os brinquedos submersíveis com aumentos de impostos e cortes no vencimento. Se acrescentarmos aos submarinos as PPP inventadas pelo eng. Cravinho para mostrar obra sem dinheiro, as SCUTS que fizeram de Guterres um homem generoso ao ponto desse estatuto o ter levado a um alto cargo governamental, a perda de impostos promovia pela zona franca das fundações privadas, os cargos de boys nos gabinetes, institutos e fundações públicas, as auto-estradas pouco frequentadas e outras despesas do Estado, ficamos a perceber que os sacrifícios a que os portugueses estão sujeitos resultam mais da crise de qualidade dos políticos do que da crise internacional.

Em pouco tempo Francisco Louçã apresentou duas moções de censura, a que apresentou inicialmente e que levou o país a dar uma imensa gargalhada, e a que acabou por apresentar ainda que até daqui a quase um mês possa ainda mudar de ideias e no momento da apresentação formal use novos argumentos. Inicialmente a moção era contra o PS e o PSD, até pediram ao PSD para não votarem favoravelmente, perante o ridículo Louçã puxou do seu habitual oportunismo e pôs-se a reboque da música dos Deolinda e dos licenciados que tiraram cursos onde não se aprende nada e agora querem emprego compatíveis com o seu elevado estatuto social de doutores da mula russa.

Luís Filipe Menezes tornou-se nesta semana num dos mais firmes apoiantes de Pedro Passos Coelho e a sua impaciência em derrubar o governo por conta da crise da dívida soberana só é superada por um conhecido assalariado de uma das empresas de um antigo vice-presidente do PSD que é um dos donos do SOL. Está-se mesmo a ver que Luís Filipe Menezes está empenhado um governo que salve Portugal, é o caso de um governo de Passos Coelho onde também esteja o seu filho deputado, o jovem do PSD que teve a ascensão mais meteórica e a quem ninguém conhece as qualidades.

O país ficou abalado com as declarações de Pinto Monteiro de que haviam escutas ilegais, foi o suficiente para que vários políticos e até um conhecido magistrado tenham vindo para a praça pública dar guinchos de virgem ofendidas. Andam todos a fazer de conta de que desconhecem que em qualquer feira de espionagem podem ser comprados equipamentos de escuta portáteis que qualquer um pode usar sem que tenham que recorrer às operadoras de telecomunicações com um mandato judicial nas mãos, aliás, qualquer membro de um governo deste país que quando um recebe um telemóvel não seja avisado de que pode estar a ser escutado e nenhum grande empresário fala ao telefone sem tomar medidas contra a eventualidade de estar a ser escutados. Esses equipamentos estão à venda e tanto quanto sei e ao contrário do que sucede nalguns países em Portugal a lei não impede qualquer uns de os comprar. Têm a certeza de que nenhuma polícia portuguesa tem estes equipamentos e que a sua utilização está rigorosamente controlada? Não é por nada, mas há uns tempos foi notícia que agentes da PJ andavam a fazer vigilâncias por encomendas privadas…

Armando Vara, um dos príncipes da monarquia em que se transformou a democracia portuguesa mandou os cidadãos que aguardavam por uma consulta, passou-lhes à frente e obteve o atestado que pretendia sem mais maçadas. Não entendo tanta indignação, há muito que uma boa parte dos portugueses trata os amigos dos governantes e até os amigos dos amigos com gente superior a quem temos de admitir tudo não nos vá acontecer alguma coisa má quando menos estamos à espera.

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Orquídea do Parque Florestal de Monsanto, Lisboa

IMAGENS DOS VISITANTES D'O JUMENTO

Monsaraz [A. Cabral]

JUMENTO DO DIA

Marques Mendes, comentador televisivo

Não sei se as suas funções de gestor lhe proporcionaram um curso acelerado de economista ou se está a dar o tudo por tudo para lançar o descrédito na economia portuguesa e assim regressar mais depressa ao poder, o certo é que Luís Marques Mendes anda desde há alguns dias muito irrequieto a fazer previsões da vinda do FMI.

«A situação do nosso país é "delicadíssima, do ponto de vista financeiro, económico e social", por "muitas razões", mas a principal "é o Estado que temos hoje", sustentou o antigo líder do grupo parlamentar social democrata. Para o antigo ministro dos Assuntos Parlamentares, "temos problemas seríssimos, quase de constrangimento terrível do ponto de vista financeiro", com "detalhes que vão acontecendo semana a semana" e que é preferível nem serem conhecidos. "A ignorância é santa" e "às vezes não saber perturba menos", disse. "Obviamente" que o problema "não é apenas de hoje", a situação "tem-se vindo a agravar nestes últimos dez anos", acrescentou Marques Mendes, considerando que o fenómeno se deve fundamentalmente à "dimensão do Estado" português, que "consome mais de metade da riqueza nacional".» [DN]

O PLURALISMO DA TVI

Como há poucos comentadores do PSD nas televisões privadas a TVI contratou agora o Alberto João. Mas podemos estar descansados, a TVI respeita o pluralismo e do lado do PSD tem cinco nomes, para além desta aquisição conta com Marques Mendes, Braga de Macedo, Santana Lopes e Marcelo Rebelo de Sousa, mas o PS e José Sócrates podem estar descansados para fazer frente aos cinco do PSD, um deles com um programa pessoal e intransmissível, podem contar com três nomes do PS daqueles que todos os dias aparecem a defender o seu partido, são eles Joaquim Pina Moura, Manuel Maria Carrilho e Ana Gomes.

Mas o melhor é não protestarem pois a TVI pode decidir equilibrar as coisas e ainda convidam o Narciso Miranda e o Henrique Neto!

AS RELIGIÕES MÍSTICAS

«Qualquer pessoa verdadeiramente religiosa já alguma vez disse para si mesma: se tivesse nascido noutro continente, de uma família de outra religião, muito provavelmente a minha pertença religiosa seria outra. Na Índia, seria hindu. Em Marrocos ou na Indonésia, muçulmano. Em Israel, de mãe judaica, seguiria o judaísmo. Na China, seria confucianista ou taoísta. No Japão, xintoísta. Na Europa, em Portugal, cristão católico; na Rússia, cristão ortodoxo; na Suécia, cristão luterano.

É este exercício que o teólogo católico Hans Küng faz na sua última obra Was ich glaube (A minha fé), resultado de uma série de lições dadas, aos 80 anos, na Universidade de Tubinga.

Se tivesse nascido como um dos 1200 milhões de seres humanos na Índia, provavelmente seria hindu. Acreditaria no samsara, o ciclo das reencarnações, no quadro de uma compreensão cíclica do tempo, da natureza, dos diferentes períodos cósmicos e da história. Aceitaria que tudo é regido por uma "ordem eterna" ("Sanata dharma"), cósmica e moral e pela qual o ser humano se deve orientar. Importante é agir correctamente. Acreditaria que a minha vida presente resulta da minha acção moral boa ou má na vida anterior ("karma"), como a minha vida presente determina a vida seguinte. A saída do ciclo das reencarnações dar-se-ia na identificação de atman (eu) com Brahman (o Absoluto, a Realidade última e verdadeira).» [DN]

Autor:

Anselmo Borges.

"NÃO MEXAM NOS MEUS PEDAIS!"

«Ontem, os jornais espanhóis online viram as suas caixas de comentários encher-se de barricadas: "No pasarán!" E o que levou a tanta revolta? O Governo acabava de anunciar que daqui a dias a velocidade máxima nas auto-estradas espanholas passará de 120 km/h para 110. Julgando que só o dinheiro motivaria os cidadãos, o ministro Pérez Rubalcaba (o braço direito de Zapatero) adiantou a poupança a que levaria a diminuição da velocidade: menos 18 milhões de barris de petróleo importados por ano. Mas isso sendo despesas públicas, e pouco interessando, logo ele passou para as vantagens pessoais de cada condutor: poupança de 11% no consumo de gasóleo e de 15% de gasolina (parece que a máxima eficiência energética dos automóveis é à volta dos 90 km/h, a partir daí havendo cada vez maior desperdício). Então, garantiu o ministro, com aquela anunciada queda de 10 km/h ganhava-se uma média de 7 euros, economizados de cada vez que se enchia o depósito... Tão seguro estava Rubalcaba do efeito cenoura desta poupança, que anunciou a medida já para o dia 7 de Março e mandou pôr autocolantes nos sinais de trânsito, emendando o antigo "120" para o próximo "110"... Porém, a reacção dos leitores dos jornais espanhóis mostra que, mais que lhes mexam no bolso, incomoda-os que lhes mexam nos pedais. Os cidadãos ganham certas manias que é prudente aos governos terem em conta.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.

UM DIA DESTES ATÉ O PORTEIRO DA SÃO CAETANO À LAPA É COMENTADOR DA TVI

«Alberto João Jardim é o novo membro da equipa de comentadores do TVI24. A partir de 28 de Fevereiro, e todas as segundas, irá fazer a análise política e da actualidade nacional no ‘Jornal do Dia’, apresentado por Henrique Garcia.

A TVI e TVI24 reforçam assim o seu leque de comentadores de política, economia e sociedade onde se destacam nomes como Luís Marques Mendes, Jorge Braga de Macedo, Joaquim Pina Moura, Manuel Maria Carrilho, Pedro Santana Lopes, Ana Gomes e o professor Marcelo Rebelo de Sousa. » [CM]

Parecer:

Mais um a dizer o mesmo que todos os outros mas com muitas baboseiras e perdigotos à mistura.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mude-se de canal.»

MANUELA MOURA GUEDES FICOU SEM FACEBOOK

«Manuela Moura Guedes está fora do Facebook. A jornalista garante que não foi ela que eliminou a sua página. "Não percebo. Não sei o que é que aconteceu", disse ao DN.» [DN]

Parecer:

Só pode ter sido coisa do José Sócrates!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Manuela Moura Guedes que recorra à ajuda dos peritos da Presidência da República, que apresente queixa no MP contra desconhecidos e sugira que isto é coisa do governo.»

VIZINHOS IDIOTAS

«Irina Shayk contou no programa 'Chelsea Lately'que o porteiro do seu prédio lhe disse que os inquilinos se haviam queixado dela se exibir à janela...

A namorada de Cristiano Ronaldo revelou que recebeu queixas dos vizinhos por não ter cortinas nas janelas. Em entrevista no programa de televisão Chelsea Lately, Irina Shayk contou que o porteiro do seu prédio lhe disse que os inquilinos se haviam queixado do facto de a manequim se exibir à janela. » [DN]

PORTUGAL COMPRA BRINQUEDOS

«Um telegrama implacável do embaixador norte-americano arrasa os negócios do ministério da Defesa, segundo noticia o "Expresso", através de documentos da Wikileaks.

"No que diz respeito a contratos de compras militares, as vontades e acções do ministério da Defesa parecem guiadas pela pressão dos seus pares e pelo desejo de ter brinquedos caros. O ministério compra armamento por uma questão de orgulho, não importa se é útil ou não. Os exemplos mais óbvios são os seus dois submarinos (actualmente atrasados) e 39 caças de combate (apenas 12 em condições de voar)."

O telegrama – com o título "O que há de errado no ministério da Defesa português?" - foi enviado para Washington a 5 de Março de 2009 pelo então embaixador Thomas Stephenson. Segundo o "Expresso", o telegrama está "comprometido com interesses directos americanos e contém erros factuais".

Segundo os norte-americanos, "os dois submarinos alemães comprados em 2005 não são o investimento mais sensato". A tese do embaixador é que Portugal faz estes investimentos porque "sofre de um complexo de inferioridade e da percepção de ser económica, política e militarmente mais fraco do que os seus aliados".

O mesmo embaixador refere ainda, noutro telegrama, que o ex-ministro da Defesa, Severiano Teixeira, era um "ministro fraco e sem influência" nas chefias militares. Para o embaixador, Portugal é um país de "generais sentados", tendo mais almirantes e chefias militares por soldado do que qualquer outro país. » [i]

Parecer:

Para os generais e almirantes brincarem às guerras na banheira.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Não faz mal, cortem-se vencimentos aos funcionários públicos.»

CASO RUI PEDRO: ACUSAÇÃO TREZE ANOS DEPOIS

«O procurador Vitor Magalhães acusa Afonso Dias de rapto, um crime punível com dez anos de prisão. O Ministério Público afirma que Afonso Dias raptou o menor Rui Pedro, na altura com 11 anos de idade, no dia 4 de Março de 1998.

O testemunho de uma prostituta terá convencido a Ministério Público de que Afonso Dias levou o menor para um encontro de cariz sexual e que sabe o que aconteceu a Rui Pedro. » [JN]

Parecer:

Há algo errado nesta acusação tardia, antes a produzir o MP procurou a criança no estrangeiro e agora acaba por acusar um suspeito da primeira hora. Como vai provar a acusação se durante anos procurou a criança no estrangeiro?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Questione-se o MP.»

SÓCRATES ADIA REGIONALIZAÇÃO

«A moção de estratégia que José Sócrates leva ao congresso adia a regionalização, uma das principais «bandeiras» do partido nos últimos anos, sublinhando que não estão reunidas condições para a realização de um referendo nesta legislatura.

«O facto é que, neste momento, as circunstâncias económicas e políticas - em boa parte dada a recusa do PSD em avançar efectivamente para a regionalização - não favorecem, de todo, este movimento. Ignorá-lo seria um sinal de falta de lucidez, que poderia conduzir à definitiva derrota da ideia da regionalização», lê-se na moção de estratégia que o secretário-geral do PS, José Sócrates, levará ao congresso do partido, segundo cita a agência Lusa. » [Portugal Diário]

Parecer:

Regionalizar o quê? Só se for a regionalização da dívida pública em função dos investimentos e das borlas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

DEIXEM PASSAR O SENHOR MINISTRO

«Uma ambulância do INEM em serviço de urgência a uma idosa com suspeitas de estar a sofrer um enfarte foi obrigada a abandonar a rua onde se encontrava para deixar passar o carro do ministro da Justiça, revelou ontem a TVI. A viatura ia buscar Alberto Martins a casa.

O caso, confirmado pelo INEM, aconteceu na passada quinta-feira, por volta das 12h30, e indignou os vizinhos que relataram o episódio à TVI. Os homens do instituto de emergência assistiam uma idosa com suspeitas de estar a sofrer um enfarte no interior sua casa, na Rua da Quintinha, enquanto a ambulância aguardava para a transportar ao hospital. Como é norma o veículo fica ligado a assinalar a urgência enquanto os técnicos do INEM socorrem a vítima.

Enquanto a idosa era assistida, um elemento da PSP, que faz a segurança do ministro Alberto Martins, ordenou que a ambulância fosse retirada do local para o carro do ministro, que mora perto, passar. A viatura ao serviço de Alberto Martins ia buscar o ministro a casa.» [Público]

Parecer:

Agora as ambulâncias têm de sair da rua para deixarem passar os carros dos ministros?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao ministro da Justiça se não tem vergonha na cara.»

ISAK SELLANRAA

sábado, fevereiro 26, 2011

Gente com penacho


Pelos documentos disponibilizados pela Wikileaks ao semanário Expresso ficámos a saber a opinião da embaixada dos EUA sobre o negócio dos submarinos e a mentalidade dos nossos generais e almirantes, gente que está mais preocupada em ter gadgets militares do que com a protecção dos interesses do país. É evidente que almirante que se digne gosta mais de uma recepção a bordo de uma grande fragata ou de um submarino (o ideal seria um porta-aviões mas isso já seria abusar) do que num mero navio-patrulha, até porque estes pequenos navios não tem guarnição que possibilitasse uma guarda de honra à altura de tão distintas personalidades, nem sequer têm refeitório exclusivo para oficiais e muito menos pratos de porcelana e talheres com banhos de prata, indispensáveis para o estômago sensível do nosso almirantado de batalhas navais na piscina.

O problema da mentalidade dos nossos generais (como eles incham quando andam em Mercedes pretos conduzidos por grumetes…), mas sim de alguns grupos de profissionais que não dispensam o penacho, sejam fardas com muitos dourados ou vestes cerimoniais em preto. Temos um país cheio de comandantes, generais, reverendíssimos, meritíssimos e outros vaidosos que esquecem que são os contribuintes que lhes dão de comer e lhes satisfazem as pequenas vaidades e rapidamente se convencem de que é o país que os deve servir e alimentar a sua vaidade em vez de serem eles a usar os poderes que têm para estarem ao serviço dos seus concidadãos.

Temos que beijar o anel do bispo, bater a pala com grande rigor ao almirante e quando nos dirigimos a um juiz devemos tratá-lo por meritíssimo e olhando para o chão, tratando com o mesmo temor e submissão com que um rafeiro faz com o seu dono. Esta gente usam o poder que tem, matar, mandar para o inferno ou enfiar na prisão, como símbolo da sua superioridade humana. Não devemos respeitar o almirante porque ele está disposto a dar a vida pelo país mas porque nos pode ameaçar com as suas armas, não devemos respeitar o juiz porque confiámos nas suas mãos o exercício da justiça mas porque nos pode meter arbitrariamente na prisão e depois é uma via sacra de recursos até nos livrarmos das consequências da sua prepotência.

Da mesma forma que os nossos almirantes estavam danadinhos por terem grandes fragatas e submarinos, os nossos magistrados acham que um corte nos seus rendimentos ou salas de audiências menos luxuosas retiram dignidade à sua função, é como os nossos cardeais que há muito esperam que o Estado os ajude a construir uma nova sé catedral em Lisboa.

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Galinha-d'água [Gallinula chloropus], Jardim Gulbenkian, Lisboa

IMAGENS DOS VISITANTES D'O JUMENTO

Monsaraz [A. Cabral]

JUMENTO DO DIA

José Sócrates

Os estágios que Sócrates apresentam com pompa como uma medida de promoção da inserção dos jovens no mercado de trabalho não passam de uma inutilidade que apenas servem aos jovens para ganharem algum durante um ano. Um boa parte destes jovens são escravizados nos serviços públicos onde desempenham tarefas rotineiras que em nada contribuem para a sua qualificação profissional.

«O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou hoje cinco medidas para a promoção da inserção dos jovens no mercado de trabalho, entre as quais o aumento para 50 mil do número de estágios profissionais remunerados.» [CM]

24.02.2011

«Uma multidão imensa, no que parece ser uma praça junto ao mar. Crianças, mulheres, homens, soldados. Riem, fazem sinal de vitória. Gritam em árabe. E "CNN, CNN". Estão virados para o terraço de um prédio onde Ben Wedeman, da primeira equipa de TV a chegar a Bengazi, narra o que lhe sucedeu ao entrar na cidade que simboliza a revolta contra Kadhafi. "Senti-me como um americano a entrar em Paris. As pessoas saudavam-nos, agarravam-nos as mãos, agradeciam-nos, atiravam doces para dentro do jipe. Não estou certo de estar à altura disto." Esmagador, resume.

Esmagador, sim. Dez anos após o 11 de Setembro, a "rua árabe", que povoa os nossos mais assustadores pesadelos e cremos ser o nosso pior inimigo; que, tememos, pode deitar a perder, com o seu atavismo, as esperanças das duas revoluções já vitoriosas, a da Tunísia e a do Egipto, saúda um americano como libertador. É um jornalista, certo, não um soldado - e, no twitter, os líbios que mantêm viva a torrente de informação asseguram que é a imposição de uma no fly zone que querem da comunidade internacional, para assegurar que Kadhafi não pode mandar bombardear os insurrectos, e não uma invasão, mesmo que de tropas da ONU. "Se alguém sonha em transformar o meu país noutro Iraque, que deus os ajude", diz @ChangeInLibya, um tuiteiro baseado em Tripoli.

Sim, Wedeman e equipa são jornalistas. Mas são americanos. E não é possível negar a importância simbólica do júbilo que os acolhe. Claro que os líbios sabem, como toda a gente sabe, que a presença de repórteres e câmaras é fundamental para o sucesso de qualquer luta; mas é também os espectadores da CNN, o público americano, os EUA que julgam poder ajudá-los, que os habitantes da Bengazi libertada aclamaram ontem nos homens da CNN. A rua de Bengazi, como as vozes que nos chegam do Bahrein (cuja luta foi ofuscada pela da Líbia), demonstra algo que ninguém esperava ver: é à UE (os antigos colonialistas) e aos EUA (o aliado de Israel, o "império do mal", o invasor do Iraque) que os rebeldes apelam. Não é à China, nem à Rússia, nem à Venezuela, nem ao Brasil; nem tanto, sequer, aos países da zona. É aos que historicamente culpam por todos os seus males e que forjaram cumplicidades com todos os ditadores em causa - mesmo os que, como Kadhafi, mandaram abater aviões civis europeus - em troca de petróleo, contenção da imigração e investimentos bilaterais, os que empocham sorridentes o dinheiro das oligarquias e fecham os olhos a todas as violações de direitos humanos que não apareçam em prime-time (só agora é que a Suíça percebeu que Mubarak e Kadhafi são facínoras, para decidir congelar-lhes as continhas?) que os líbios e os bahreinianos pedem apoio: a velha Europa e a velha América. O dito mundo livre. Pode ser só pragmatismo simétrico, claro - e se o merecemos. Mas pode, também, ser outra coisa. E, se for, é bom que saibamos estar à altura. » [DN]

Autora:

Fernanda Câncio.

DEBATE QUINZENAL: O PSD DE CALÇAS NA MÃO

«Perante isto, Miguel Macedo, mais uma vez, cumpriu os mínimos olímpicos, sem brilhar, nem marcar especialmente o debate. Pegou na medida mais fraca do Governo - a criação de estágios remunerados, no âmbito do programa INOV-JOVEM -, tentando explicar que é uma medida repetida, que já fora anunciada em oportunidade anterior pelo mesmo Governo - sem sucesso na sua concretização. Apesar de certeiro, Miguel Macedo não foi convincente (até porque Paulo Portas utilizou o mesmo argumento de forma mais histriónica e marcante). Contudo, não se pode exigir mais de Miguel Macedo - o seu perfil não dá para mais. Este é o seu registo habitual. Ademais, José Sócrates entalou bem entaladinho o PSD: recorde-se que ontem, os sociais-democratas apresentaram um projeto-lei que visava tornar menos exigente o regime dos contratos de trabalho a termo.

Partilho a opinião de que, em tempos de crise, mais vale um trabalho precário do que estar desempregado - a possibilidade de renovação automática dos contratos a termo com limites superiores aos atuais parece-me uma ideia a concretizar. Todavia, o PSD quer acabar com a exigência de forma na celebração de um contrato de trabalho a termo - e este ponto é muito criticável. Para que se perceba o que está aqui em causa, refira-se que atualmente exige-se um contrato escrito para ser válido - isto é, produzir os seus efeitos normais (prestação do trabalhador, remuneração devida pelo empregador e outros deveres acessórios). Ora, o projeto do PSD abre a porta aos contratos a termo verbais! Sem nada escrito! Pergunta-se: isto é assim tão grave? Creio que sim. A exigência de forma prende-se com razões de segurança jurídica e, ao mesmo tempo, de proteção de trabalhador (a parte mais fraca numa relação jurídica laboral). Não conseguimos, pois, descortinar o que pretende o PSD com o afastamento do requisito formal na celebração do contrato a termo - alguém acredita que tal medida vai facilitar mais, exponenciar o recurso à contratação a termo? Quem foi a cabeça iluminada que chegou à brilhante conclusão de que, em Portugal, a contratação a termo é dificultada devido...à forma exigida? À forma?

Em conclusão, o PSD criou mais um sarilho para si próprio - e o seu projeto-lei já está morto. Temos pena... José Sócrates foi hábil e perspicaz na resposta a Miguel Macedo (que não foi capaz de replicar). Recorrendo à expressão favorita de Miguel Macedo (que a repete vezes sem conta), o PSD ficou... de calças na mão no debate quinzenal de hoje. » [Expresso]

Autor:

João Lemos Esteves.

NADA DE CHOQUES NOS RABINHOS DOS PRESOS, CHAMEM A MALTA DO BLOCO

«Anda tudo em histeria porque um preso que decidiu transformar a cela num curral levou com um choque eléctrico no rabo. Este país não tem mais nada com que se preocupar? Eu também não gostei de ver a forma como o recluso foi tratado na prisão em Paços de Ferreira. Ninguém aprecia ver imagens de violência. Mas chamo a atenção dos que se mostraram mais "indignados" que a filmagem se passou no interior de um estabelecimento prisional e não no parque de estacionamento do Lidl ou no recreio de um jardim-escola da Bobadela. São ambientes um bocadinho diferentes. Com direitos e deveres distintos. E não estamos a falar de um menino do coro. Estamos a falar de um traficante de droga que já tinha agredido guardas prisionais.

Só quem não viu filmes como "Carandiru" ou "Attica", retratos verídicos de acontecimentos passados em prisões de estados democráticos, ambos com finais trágicos, é que não entende o que se passa em ambientes prisionais. Não são os guardas prisionais que controlam os presos, a coisa funciona ao contrário. Mas voltando ao caso em concreto:

"A situação em causa prendia-se com o facto de o recluso intencionalmente conspurcar totalmente com fezes a cela de habitação, corpo e roupa pessoal, a ponto de os restantes reclusos alojados no setor estarem a iniciar uma greve de fome e outros protestos por não suportarem a situação que estava a por em causa a sua saúde e a dos funcionários", esclarece aquele organismo. "Convém elucidar que o recluso em causa foi por diversas vezes consultado por psiquiatra, a última das quais em 1 de Setembro de 2010, não tendo tido nunca indicação para tratamento do foro psiquiátrico" Direcção Geral de Serviços Prisionais

Ou seja, o homem não é doente psiquiátrico, não é incapaz ou aleijado. É sujo. E como sujo que é viva ele numa cela ou numa suite do Ritz o resultado é o mesmo, só difere na dimensão: ou 2 ou 100 metros quadrados de porcaria para limpar. Mas claro que o coitadinho não tem culpa. Alguém que venha limpar a esterqueira. E os outros reclusos e funcionários da prisão que lhe aturem a birra. Ponham uma mola no nariz e liguem um ambientador.

Ora depois das imagens o que é que se estava mesmo a ver que ia acontecer? Aparece logo o Bloco de esquerda, aquele partido que defendia que os polícias deviam andar desarmados, lembram-se? (risos) É mesmo cómica esta malta. Para eles os polícias deviam andar com fisgas e estalinhos de carnaval a correr atrás de traficantes armados com semiautomáticas. Ora o Bloco, este partido que já poucos levam a sério, o que fez? "O pedido foi feito esta manhã pelo Bloco de Esquerda e aprovado por unanimidade na reunião da comissão. Julgamos que o inquérito será rápido, por isso queremos ouvir o ministro da Justiça assim que este esteja concluído" - disse a deputada bloquista Helena Pinto. Público

Sugiro que quando uma situação deste género voltar a acontecer, um qualquer recluso se recusar a comportar-se com uma pessoa normal e se mostrar indisciplinado, não chamem o GISP, chamem o Dr. Louçã e companhia e dêem-lhes baldes e esfregonas para as mãos. Eles resolvem o problema se entretanto o preso não se passar da cabeça e lhes chegar a roupa ao pêlo.» [Expresso]

Autor:

Tiago Mesquita.

POSITIVO, SEMPRE

«Estas redes capturam objetivos e destinos, tanto nos planos pessoais quanto nos empresariais e mesmo nos estados. Sendo certo que os estados sempre serviram os interesses do dinheiro, hoje encontram-se sob o controlo direto do capitalismo global. As últimas crises financeiras e, sobretudo, o presente drama das dívidas soberanas na Europa demonstram-no à saciedade ainda que sob a designação gráfica dos "humores dos mercados". Na realidade não há nenhum humor, mas um aproveitamento explícito de uma situação de debilidade política conjuntural a nível europeu. Nunca esquecer que a direita tem maioria absoluta na Europa.

Perante isto os governos "atacados" tentam responder à pressão implacável dos ditos mercados com a reforma e mesmo redução de algumas funções sociais do estado. O exercício é alucinante e provoca inevitáveis estragos. Excetuando os casos irrisórios, ainda que muito explorados pela demagogia reinante, como os altos ordenados de alguns, o excesso de viaturas, festas, jantares e por aí fora, qualquer corte sério implica sempre uma perda de rendimento para muita gente. Seja por redução efetiva como sucedeu com a função pública, seja por diminuição ou mesmo abolição de apoios. Em consequência assiste-se a uma degradação da confiança nos agentes políticos e um ambiente de revolta. Mas não podia ser de outro modo. O problema é sistémico, não é deste ou daquele governo.

Assim, a esquerda dita radical propõe, com alguma coerência acrescente-se, a desvinculação com a Europa, já que essa seria a única maneira de sairmos do sistema de dependência financeira. Ainda que isso significasse a imediata bancarrota. É uma possibilidade, de tipo revolucionário arcaico, mas bastante improvável porque não tem apoio popular nem ambiente civilizacional propício.

Já a direita imagina que, uma vez no poder, conseguirá reduzir drasticamente a máquina administrativa e privatizar uma fatia considerável do estado social, saúde, educação, etc., ainda que a passagem da teoria à prática não se apresente nada favorável. É bom não esquecer que a direita contará sempre com uma muito maior resistência a medidas impopulares do que sucede com o PS, já que este tem um forte apoio urbano e popular. Talvez por isso, em tempos, Manuela Ferreira Leite tenha falado na necessidade de uma ditadura temporária.

Não menos importante é de considerar que o apoio que o capitalismo local concede aos partidos de direita não é desinteressado. A exigência no corte das funções sociais do estado tem por objetivo o desvio desses recursos para as empresas privadas, o que significa que o dinheiro retirado de um lado irá parar a outro. A base clientelar da direita fez com que esta, quando foi governo, nunca tenha conseguido diminuir o défice e certamente também não o conseguirá no futuro.

Assim, é evidente para muita gente que, face à atual situação, ninguém conseguiria fazer melhor do que o governo de Sócrates. Tanto mais que a par do espinhoso exercício de tentar controlar as contas públicas, nunca um governo foi tão claro e determinado na aposta naquilo que realmente importa e pode contribuir para um desenvolvimento efetivo. A realidade demonstra-o. Portugal é hoje um país avançado no muito competitivo campo da investigação e da inovação. A ciência deu um salto impressionante. Nas energias renováveis passámos de importadores a exportadores e referência mundial. A verdadeira revolução das novas tecnologias invadiu as casas, as escolas, a Administração Pública, as empresas. Portugal está no topo da governação eletrónica na Europa.

Mas o salto maior deu-se na mentalidade. O velho país rotineiro, acomodado, isolado, resistente à mudança, deu lugar a um ambiente vigoroso, criativo e ambicioso. Todos os dias temos exemplos concretos dessa energia empreendedora nos mais variados campos.

Outra coisa mudou também. Cada vez há menos paciência para a maledicência e o derrotismo. Apesar de todas as contingências continua a existir um Portugal positivo. É esse que realmente conta. » [Jornal de Negócios]

Autor:

Leonel Moura.

PARA QUE O NÃO ESQUEÇAMOS

«Tinha 57 anos e manteve, até ao remate dos dias, aquele sorriso meio-cândido, meio-malicioso, que lhe conferia o ar de menino de sempre. Pouco tempo antes conversámos numa leitaria à entrada das Escadinhas do Duque, das duas ou três tertúlias da zona a que chamávamos o Triângulo das Bermudas. Não era um local de perdição, ao contrário do que a alcunha pode querer dizer. Mas os encontros poderiam levar-nos pela noite adiante.

Os mesários dessas reuniões eram, entre muito outros, fixantes e passantes, Herberto Hélder, António José Forte, António Carmo, Aldina Costa, José Carlos González, Ricarte-Dácio de Sousa, Adriano de Carvalho, Serafim Ferreira, Teresa Roby, Luiz Pacheco, os actores Fernando Gusmão e António Assunção, e por aí fora. Olho para trás e reconheço que esses encontros são irrepetíveis, não só porque a morte já fez a sua ceifa como pelo facto de a atmosfera moral e afectuosa ser, agora, muito diferente.

Frequentei aqueles grupos durante anos. O "Diário Popular" era ali perto e dava-me jeito ir à bebida e à conversa com amigos, alguns dos quais (o Herberto, por exemplo) vinham dos bulícios da adolescência. O Zeca Afonso não era habitual; mas, naquele fim de tarde, sentou-se para conversar sonhos e esperanças tão antigos como o homem. "Estou a morrer devagarinho", disse-me. E a voz era como se viesse do fundo do corpo. A frase impressionou-me pela coragem. Ele sabia que estava condenado e talvez quisesse dizer-me que o sabia. Falou, logo a seguir, de outras coisas. Olhava para este homem novo, atingido por uma doença medonha, e recordava a generosidade limpa e aberta de alguém que dera tudo a todos e oferecera à Revolução o seu hino definitivo. » [ Jornal de Negócios]

Autor:

Baptista-Bastos.

SONHO OU PESADELO?

«Bem remunerado para quem apostou em certificados do Tesouro, pior para quem dispõe de títulos em carteira e está obrigado a acomodar na rendibilidade a desvalorização das cotações registadas no mercado secundário.

No primeiro caso, incluem-se aqueles investidores sem receio de eventuais reescalonamentos na dívida portuguesa e que estão a beneficiar da alta das taxas de juro nos mercados. Indexada às obrigações emitidas pelo Estado, a remuneração dos certificados do Tesouro tem vindo a ganhar argumentos para aliciar investidores.

Em Janeiro passado, os cofres públicos atraíram 105 milhões de euros através de novas subscrições. E uma parte deste dinheiro foi resgatado para voltar a ser reinvestido no mesmo cesto, com o objectivo de tirar partido da escalada nas taxas de juro. Entre os certificados "antigos" e os "novos", a rendibilidade máxima para quem mantenha a aplicação durante os seus dez anos de vida passou de 6,4% para 6,65%. Parece pouco, mas, no final, faz diferença quando o período de investimento é tão longo.

Este comportamento também faz diferença noutras frentes. A subida das taxas de juro da dívida pública é o reverso da medalha na desvalorização dos títulos emitidos pelo Estado português. Durante os últimos meses, este desempenho fez mossa nos certificados de reforma geridos pela Segurança Social. Só o investimento de uma parte da carteira em acções conseguiu manter a rendibilidade dos "PPR do Estado" em terreno positivo. Os investimentos "especulativos" são o bode expiatório preferido do Governo para os males do país mas, como se vê, vão dando muito jeito.

Se as questões relacionadas com o comportamento das taxas de juro da dívida pública se resumissem às alegrias e tristezas de quem empresta dinheiro ao Estado, o país não estaria mal. Mas o problema é mais vasto. Na semana passada, a pressão recrudesceu e os juros atingiram novos recordes, dando sinal de que a confiança permanece escassa quando o tema é a capacidade de Portugal honrar os seus compromissos sem o recurso a ajuda externa. Há boas razões para esta situação e existem números que ajudam a ver com mais clareza a dimensão do fardo que asfixia o país.

No terceiro trimestre do ano passado, a dívida externa bruta de Portugal andava pelos 401 mil milhões de euros. Se a taxa de juro média deste volume de dinheiro em dívida for de 4%, isto significa que os encargos a pagar num ano andarão em redor de 16 mil milhões de euros. No cenário optimista de um crescimento nominal da economia de 1,9% como aquele que é defendido pelo Governo para 2011, o acréscimo de rendimento do país andará pelos 3,3 mil milhões de euros durante este ano. Ou seja, mesmo que o crescimento acabe por ser aquele em que o Governo acredita, o valor dos juros a pagar são cinco vezes mais elevados do que os rendimentos que a economia nacional conseguirá gerar.

Qual é o resultado de tudo isto? Será necessário pedir mais dinheiro emprestado só para pagar os juros de empréstimos anteriores e a um preço cada vez mais elevado porque o aumento do risco de crédito é inevitável. Este é o motivo por que a subida da rendibilidade dos certificados do Tesouro, sonho de qualquer investidor que neles aposte as suas poupanças, não passa de um pesadelo. » [Jornal de Negócios]

Autor:

Cândido da Silva.

EXPORTADORES PORTUGUESES PREFEREM PORTOS ESPANHÓIS

«As empresas exportadoras de mármores estão a trocar os portos de Lisboa e Sines por Vigo, em Espanha. Porquê? Sai mais barato, quase metade do preço.

Os custos com os transportes de mármores e granitos aumentaram 75 por cento em 2010, face a 2009, levando os empresários portugueses a trocar os portos de Lisboa e Sines por Vigo para exportar mercadorias, denunciou hoje a associação setorial.

"Para tornear os preços praticados nos portos e Lisboa e de Sine os empresários das rochas ornamentais estão a deslocar-se ao porto de Vigo para exportar as suas mercadorias a preços mais competitivos", disse à agência Lusa fonte da Associação dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins (Assimagra).

Segundo adiantou, "exportar de Portugal para China um contentor de mármore ou de calcário custa 800 dólares, enquanto em Vigo esse custo é reduzido para metade".» [Expresso]

Autor:

As mordomias das administrações portuárias, como as de Lisboa, têm de ser pagas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao ministro da Economia se já ouviu falar do assunto.»

MERKEL CHAMOU SÓCRATES

«José Sócrates irá encontrar-se com Angela Merkel no dia 2 de Março, em Berlim, respondendo a um convite da chanceler alemã. » [DE]

Autor:

Não é difícil de adivinhar o que a chanceler alemã vai sugerir a Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela viagem.»

ECONOMISTAS ALEMÃES DEFENDEM BANCARROTA DOS ESTADOS SOBREENDIVIDADOS

«"Nós apelamos ao governo alemão para que coloca em curso as disposições para extinguir o mecanismo europeu de estabilidade e para elaborar rapidamente com os seus parceiros europeus um plano detalhado de bancarrota controlada para os países do euro sobreendividados", segundo o texto publicado pelo jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung.

O texto, assinado por 198 economistas académicos alemães residentes no país e no estrangeiro, defende ainda a possibilidade de reestruturação de dívida pelos Estados, ao invés de um mecanismo colectivo, como já existe hoje com o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e se pretende criar a partir de 2013 com o mecanismo permanente.» [DE]

Autor:

Uma má notícia para Portugal.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela reunião de Março.»

ESPANHA AVANÇA COM PACOTE PARA REDUZIR CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS

«Entre as medidas hoje aprovadas em Conselho de Ministros contam-se uma redução de 120 para 110 na velocidade máxima nas auto-estradas e uma redução de 5% por cento nos preços dos comboios suburbanos e interurbanos.

As medidas inserem-se num plano de Poupança Energética que visa responder ao aumento dos preços dos combustíveis que, segundo o Governo, pode ter um impacto significativo na economia.» [DE]

Autor:

Por cá continuamos a viver em fartura, temos petróleo no Beato, a balança comercial continua excedentária e a situação financeira está melhor do que nunca, por isso não é necessário adoptar medidas e os ministros podem continuar a acelerar livremente nos seus bólides!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao ministro da Economia se está tranquilo como parece.»

SÓCRATES ANUNCIA MEDIDAS JÁ ANUNCIADAS

«Recorde-se que a interdição de estágios não remunerados e a integração de estagiários na Segurança Social (obrigando-os a descontar mas permitindo também que estes jovens ganhem protecção social) já tinham sido discutidas, e aceites, em sede de concertação social. O mesmo aconteceu com o alargamento do número de estágios profissionais para 50 mil, em 2011, medida que já tinha sido debatida entre Governo, patrões e sindicatos.

Por outro lado, o programa de requalificação de cinco mil jovens licenciados em áreas de baixa empregabilidade já tinha sido lançado no último pacote de medidas anti-crise e acabou por não ter qualquer efeito já que a iniciativa acabou por cair antecipadamente em Julho de 2010.

Por último, o Governo também falou na integração de 500 jovens quadros através do programa Inov-export, o mesmo número de estágios iniciados em 2010, de acordo com os dados a execução da Iniciativa Emprego 2010.» [DE]

Autor:

É o simplex do emprego jovem, arrebanha-se o que já se está fazendo e anuncia-se sob a forma de pacote.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»

CONFLITO NA JUSTIÇA POR CAUSA DAS ESCUTAS

«Noronha do Nascimento, presidente do Supremo Tribunal de Justiça, ameaçou mover um processo disciplinar a Carlos Alexandre, juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal, se este não destruir imediatamente as escutas obtidas no processo ‘Face Oculta’ que envolvem José Sócrates.

Noronha do Nascimento disse a Carlos Alexandre (juiz de instrução do caso), num despacho ontem enviado aos arguidos e assistentes do processo, que, se o juiz quiser, poderá mandar as escutas para o Supremo, que ele próprio (Noronha) as destruirá. Carlos Alexandre já disse que não o faz e escreveu mesmo, num despacho que também consta no processo, que não recebe ordens de Noronha do Nascimento no que diz respeito àquelas escutas. Recorde-se que estão em causa transcrições de conversas, copiadas por engano e que já foram mandadas destruir, e mais de uma dezena de mensagens entre Armando Vara e José Sócrates relativas à compra da TVI. No dia 14, Carlos Alexandre deverá anunciar qual o destino das escutas. » [CM]

Parecer:

Se as escutas são legais era de esperar que um juiz as mandasse destruir pois não servem rigorosamente para nada a não para aquilo que já serviram, para serem utilizadas pelos jornais na luta político-partidária.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se o espectáculo triste que está a ser dado pela justiça portuguesa.»

DE NOVO OS CORTES NO RATING

«As três agências de rating que avaliam o risco de crédito de Portugal e ajudam de forma decisiva a definir as taxas de juro suportadas pelo Governo, bancos, famílias e empresas, não pretendem esperar pela execução orçamental do primeiro trimestre, nem pelos resultados da importante cimeira europeia de 24 e 25 de Março, nem tão-pouco pela amortização de uma grande tranche de dívida pública (4,5 mil milhões de euros) em meados de Abril.

Contactadas pelo DN, as empresas mantêm ipsis verbis a avaliação negativa da economia, as dúvidas orçamentais e indicam que, até final de Março, Portugal deverá sofrer uma rajada de cortes no rating. Ou seja: a credibilidade do País será ainda mais afectada e os juros subirão mais, como aconteceu na Irlanda e na Grécia.

A desclassificação iminente acabará por reflectir a situação adversa que o País já vive nos mercados de financiamento e, claro, pode ser o golpe derradeiro antes de a República pedir ajuda à Europa/FMI, como esperam estas agências. Elas reparam que Portugal está isolado nos seus problemas e frisam que a Espanha é cada vez menos uma pedra no sapato da Zona Euro: os espanhóis prometem crescer mais (Portugal arrisca nova recessão), o défice externo de Espanha está a cair mais, a dívida pública pesa menos.» [DN]

Parecer:

E Teixeira dos Santos continua ministro.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Sócrates se é preciso Portugal ir à bancarrota e o seu governo cair para que o ministro Teixeira dos Santos seja substituído.»

BERLUSCONI GASTOU 280.000 COM CARROS PARA AS AMANTES

«Silvio Berlusconi pagou mais de 280 mil euros para comprar carros para as jovens que participaram nas já famosas festas privadas do primeiro-ministro italiano. Ao todo Berlusconi terá comprado 13 carros.

Como avança o jornal "Corriere dela Sera" terão sido comprados, além de outros carros, dois Mini One para duas das jovens e ainda quatro Mini, cinco Smart Fortwo, um Volkswagen New Beetle cabriolet e um Land Rover no valor de 70 mil euros. No entanto, estes carros terão sido comprados pelo contabilista de Silvio Berlusconi. » [i]

Parecer:

Uma coisa não podem dizer do homem, que não é "generoso".

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

O LUGAR MAIS PERIGOSO PARA UM AFRO-AMERICANO É O ÚTERO

« luta anti-aborto em Nova Iorque está a causa polémica. Tudo porque um grupo instalou num cruzamento estratégico da cidade um cartaz gigante com a imagem de uma criança e a frase: "O lugar mais perigoso para um afroamericano é o útero".

"Estou de acordo que exageramos, mas a situação já foi longe de mais", explicou Derek McCoy, membro do grupo "Texas Life Always", acrescentando que "a proporção de abortos entre a comunidade negra é alarmante. É isso que estamos a denunciar".» [i]

CHINÊS FILMA A FILHA NUA PARA ENCONTRAR GENRO

«Uma mãe chinesa, desesperada para casar a filha, de 26 anos, pegou numa câmara de vídeo e filmou-a a tomar duche, num vídeo que se tornou um dos maiores fenómenos recentes na Internet na China.

Segundo o site China Smack, o vídeo foi colocado em sites de relacionamentos e visto por 1,5 milhões de internautas, embora muitos estejam a questionar a veracidade das imagens, desconfiando que tudo não passa de uma encenação interpretada por duas actrizes.» [DN]

LYBIA: UNREST AND UNCERTAINTY [Boston.com]

TÍTULO 43 [Link]

zzz

ROBERTO BETTA