sábado, fevereiro 26, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Galinha-d'água [Gallinula chloropus], Jardim Gulbenkian, Lisboa

IMAGENS DOS VISITANTES D'O JUMENTO

Monsaraz [A. Cabral]

JUMENTO DO DIA

José Sócrates

Os estágios que Sócrates apresentam com pompa como uma medida de promoção da inserção dos jovens no mercado de trabalho não passam de uma inutilidade que apenas servem aos jovens para ganharem algum durante um ano. Um boa parte destes jovens são escravizados nos serviços públicos onde desempenham tarefas rotineiras que em nada contribuem para a sua qualificação profissional.

«O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou hoje cinco medidas para a promoção da inserção dos jovens no mercado de trabalho, entre as quais o aumento para 50 mil do número de estágios profissionais remunerados.» [CM]

24.02.2011

«Uma multidão imensa, no que parece ser uma praça junto ao mar. Crianças, mulheres, homens, soldados. Riem, fazem sinal de vitória. Gritam em árabe. E "CNN, CNN". Estão virados para o terraço de um prédio onde Ben Wedeman, da primeira equipa de TV a chegar a Bengazi, narra o que lhe sucedeu ao entrar na cidade que simboliza a revolta contra Kadhafi. "Senti-me como um americano a entrar em Paris. As pessoas saudavam-nos, agarravam-nos as mãos, agradeciam-nos, atiravam doces para dentro do jipe. Não estou certo de estar à altura disto." Esmagador, resume.

Esmagador, sim. Dez anos após o 11 de Setembro, a "rua árabe", que povoa os nossos mais assustadores pesadelos e cremos ser o nosso pior inimigo; que, tememos, pode deitar a perder, com o seu atavismo, as esperanças das duas revoluções já vitoriosas, a da Tunísia e a do Egipto, saúda um americano como libertador. É um jornalista, certo, não um soldado - e, no twitter, os líbios que mantêm viva a torrente de informação asseguram que é a imposição de uma no fly zone que querem da comunidade internacional, para assegurar que Kadhafi não pode mandar bombardear os insurrectos, e não uma invasão, mesmo que de tropas da ONU. "Se alguém sonha em transformar o meu país noutro Iraque, que deus os ajude", diz @ChangeInLibya, um tuiteiro baseado em Tripoli.

Sim, Wedeman e equipa são jornalistas. Mas são americanos. E não é possível negar a importância simbólica do júbilo que os acolhe. Claro que os líbios sabem, como toda a gente sabe, que a presença de repórteres e câmaras é fundamental para o sucesso de qualquer luta; mas é também os espectadores da CNN, o público americano, os EUA que julgam poder ajudá-los, que os habitantes da Bengazi libertada aclamaram ontem nos homens da CNN. A rua de Bengazi, como as vozes que nos chegam do Bahrein (cuja luta foi ofuscada pela da Líbia), demonstra algo que ninguém esperava ver: é à UE (os antigos colonialistas) e aos EUA (o aliado de Israel, o "império do mal", o invasor do Iraque) que os rebeldes apelam. Não é à China, nem à Rússia, nem à Venezuela, nem ao Brasil; nem tanto, sequer, aos países da zona. É aos que historicamente culpam por todos os seus males e que forjaram cumplicidades com todos os ditadores em causa - mesmo os que, como Kadhafi, mandaram abater aviões civis europeus - em troca de petróleo, contenção da imigração e investimentos bilaterais, os que empocham sorridentes o dinheiro das oligarquias e fecham os olhos a todas as violações de direitos humanos que não apareçam em prime-time (só agora é que a Suíça percebeu que Mubarak e Kadhafi são facínoras, para decidir congelar-lhes as continhas?) que os líbios e os bahreinianos pedem apoio: a velha Europa e a velha América. O dito mundo livre. Pode ser só pragmatismo simétrico, claro - e se o merecemos. Mas pode, também, ser outra coisa. E, se for, é bom que saibamos estar à altura. » [DN]

Autora:

Fernanda Câncio.

DEBATE QUINZENAL: O PSD DE CALÇAS NA MÃO

«Perante isto, Miguel Macedo, mais uma vez, cumpriu os mínimos olímpicos, sem brilhar, nem marcar especialmente o debate. Pegou na medida mais fraca do Governo - a criação de estágios remunerados, no âmbito do programa INOV-JOVEM -, tentando explicar que é uma medida repetida, que já fora anunciada em oportunidade anterior pelo mesmo Governo - sem sucesso na sua concretização. Apesar de certeiro, Miguel Macedo não foi convincente (até porque Paulo Portas utilizou o mesmo argumento de forma mais histriónica e marcante). Contudo, não se pode exigir mais de Miguel Macedo - o seu perfil não dá para mais. Este é o seu registo habitual. Ademais, José Sócrates entalou bem entaladinho o PSD: recorde-se que ontem, os sociais-democratas apresentaram um projeto-lei que visava tornar menos exigente o regime dos contratos de trabalho a termo.

Partilho a opinião de que, em tempos de crise, mais vale um trabalho precário do que estar desempregado - a possibilidade de renovação automática dos contratos a termo com limites superiores aos atuais parece-me uma ideia a concretizar. Todavia, o PSD quer acabar com a exigência de forma na celebração de um contrato de trabalho a termo - e este ponto é muito criticável. Para que se perceba o que está aqui em causa, refira-se que atualmente exige-se um contrato escrito para ser válido - isto é, produzir os seus efeitos normais (prestação do trabalhador, remuneração devida pelo empregador e outros deveres acessórios). Ora, o projeto do PSD abre a porta aos contratos a termo verbais! Sem nada escrito! Pergunta-se: isto é assim tão grave? Creio que sim. A exigência de forma prende-se com razões de segurança jurídica e, ao mesmo tempo, de proteção de trabalhador (a parte mais fraca numa relação jurídica laboral). Não conseguimos, pois, descortinar o que pretende o PSD com o afastamento do requisito formal na celebração do contrato a termo - alguém acredita que tal medida vai facilitar mais, exponenciar o recurso à contratação a termo? Quem foi a cabeça iluminada que chegou à brilhante conclusão de que, em Portugal, a contratação a termo é dificultada devido...à forma exigida? À forma?

Em conclusão, o PSD criou mais um sarilho para si próprio - e o seu projeto-lei já está morto. Temos pena... José Sócrates foi hábil e perspicaz na resposta a Miguel Macedo (que não foi capaz de replicar). Recorrendo à expressão favorita de Miguel Macedo (que a repete vezes sem conta), o PSD ficou... de calças na mão no debate quinzenal de hoje. » [Expresso]

Autor:

João Lemos Esteves.

NADA DE CHOQUES NOS RABINHOS DOS PRESOS, CHAMEM A MALTA DO BLOCO

«Anda tudo em histeria porque um preso que decidiu transformar a cela num curral levou com um choque eléctrico no rabo. Este país não tem mais nada com que se preocupar? Eu também não gostei de ver a forma como o recluso foi tratado na prisão em Paços de Ferreira. Ninguém aprecia ver imagens de violência. Mas chamo a atenção dos que se mostraram mais "indignados" que a filmagem se passou no interior de um estabelecimento prisional e não no parque de estacionamento do Lidl ou no recreio de um jardim-escola da Bobadela. São ambientes um bocadinho diferentes. Com direitos e deveres distintos. E não estamos a falar de um menino do coro. Estamos a falar de um traficante de droga que já tinha agredido guardas prisionais.

Só quem não viu filmes como "Carandiru" ou "Attica", retratos verídicos de acontecimentos passados em prisões de estados democráticos, ambos com finais trágicos, é que não entende o que se passa em ambientes prisionais. Não são os guardas prisionais que controlam os presos, a coisa funciona ao contrário. Mas voltando ao caso em concreto:

"A situação em causa prendia-se com o facto de o recluso intencionalmente conspurcar totalmente com fezes a cela de habitação, corpo e roupa pessoal, a ponto de os restantes reclusos alojados no setor estarem a iniciar uma greve de fome e outros protestos por não suportarem a situação que estava a por em causa a sua saúde e a dos funcionários", esclarece aquele organismo. "Convém elucidar que o recluso em causa foi por diversas vezes consultado por psiquiatra, a última das quais em 1 de Setembro de 2010, não tendo tido nunca indicação para tratamento do foro psiquiátrico" Direcção Geral de Serviços Prisionais

Ou seja, o homem não é doente psiquiátrico, não é incapaz ou aleijado. É sujo. E como sujo que é viva ele numa cela ou numa suite do Ritz o resultado é o mesmo, só difere na dimensão: ou 2 ou 100 metros quadrados de porcaria para limpar. Mas claro que o coitadinho não tem culpa. Alguém que venha limpar a esterqueira. E os outros reclusos e funcionários da prisão que lhe aturem a birra. Ponham uma mola no nariz e liguem um ambientador.

Ora depois das imagens o que é que se estava mesmo a ver que ia acontecer? Aparece logo o Bloco de esquerda, aquele partido que defendia que os polícias deviam andar desarmados, lembram-se? (risos) É mesmo cómica esta malta. Para eles os polícias deviam andar com fisgas e estalinhos de carnaval a correr atrás de traficantes armados com semiautomáticas. Ora o Bloco, este partido que já poucos levam a sério, o que fez? "O pedido foi feito esta manhã pelo Bloco de Esquerda e aprovado por unanimidade na reunião da comissão. Julgamos que o inquérito será rápido, por isso queremos ouvir o ministro da Justiça assim que este esteja concluído" - disse a deputada bloquista Helena Pinto. Público

Sugiro que quando uma situação deste género voltar a acontecer, um qualquer recluso se recusar a comportar-se com uma pessoa normal e se mostrar indisciplinado, não chamem o GISP, chamem o Dr. Louçã e companhia e dêem-lhes baldes e esfregonas para as mãos. Eles resolvem o problema se entretanto o preso não se passar da cabeça e lhes chegar a roupa ao pêlo.» [Expresso]

Autor:

Tiago Mesquita.

POSITIVO, SEMPRE

«Estas redes capturam objetivos e destinos, tanto nos planos pessoais quanto nos empresariais e mesmo nos estados. Sendo certo que os estados sempre serviram os interesses do dinheiro, hoje encontram-se sob o controlo direto do capitalismo global. As últimas crises financeiras e, sobretudo, o presente drama das dívidas soberanas na Europa demonstram-no à saciedade ainda que sob a designação gráfica dos "humores dos mercados". Na realidade não há nenhum humor, mas um aproveitamento explícito de uma situação de debilidade política conjuntural a nível europeu. Nunca esquecer que a direita tem maioria absoluta na Europa.

Perante isto os governos "atacados" tentam responder à pressão implacável dos ditos mercados com a reforma e mesmo redução de algumas funções sociais do estado. O exercício é alucinante e provoca inevitáveis estragos. Excetuando os casos irrisórios, ainda que muito explorados pela demagogia reinante, como os altos ordenados de alguns, o excesso de viaturas, festas, jantares e por aí fora, qualquer corte sério implica sempre uma perda de rendimento para muita gente. Seja por redução efetiva como sucedeu com a função pública, seja por diminuição ou mesmo abolição de apoios. Em consequência assiste-se a uma degradação da confiança nos agentes políticos e um ambiente de revolta. Mas não podia ser de outro modo. O problema é sistémico, não é deste ou daquele governo.

Assim, a esquerda dita radical propõe, com alguma coerência acrescente-se, a desvinculação com a Europa, já que essa seria a única maneira de sairmos do sistema de dependência financeira. Ainda que isso significasse a imediata bancarrota. É uma possibilidade, de tipo revolucionário arcaico, mas bastante improvável porque não tem apoio popular nem ambiente civilizacional propício.

Já a direita imagina que, uma vez no poder, conseguirá reduzir drasticamente a máquina administrativa e privatizar uma fatia considerável do estado social, saúde, educação, etc., ainda que a passagem da teoria à prática não se apresente nada favorável. É bom não esquecer que a direita contará sempre com uma muito maior resistência a medidas impopulares do que sucede com o PS, já que este tem um forte apoio urbano e popular. Talvez por isso, em tempos, Manuela Ferreira Leite tenha falado na necessidade de uma ditadura temporária.

Não menos importante é de considerar que o apoio que o capitalismo local concede aos partidos de direita não é desinteressado. A exigência no corte das funções sociais do estado tem por objetivo o desvio desses recursos para as empresas privadas, o que significa que o dinheiro retirado de um lado irá parar a outro. A base clientelar da direita fez com que esta, quando foi governo, nunca tenha conseguido diminuir o défice e certamente também não o conseguirá no futuro.

Assim, é evidente para muita gente que, face à atual situação, ninguém conseguiria fazer melhor do que o governo de Sócrates. Tanto mais que a par do espinhoso exercício de tentar controlar as contas públicas, nunca um governo foi tão claro e determinado na aposta naquilo que realmente importa e pode contribuir para um desenvolvimento efetivo. A realidade demonstra-o. Portugal é hoje um país avançado no muito competitivo campo da investigação e da inovação. A ciência deu um salto impressionante. Nas energias renováveis passámos de importadores a exportadores e referência mundial. A verdadeira revolução das novas tecnologias invadiu as casas, as escolas, a Administração Pública, as empresas. Portugal está no topo da governação eletrónica na Europa.

Mas o salto maior deu-se na mentalidade. O velho país rotineiro, acomodado, isolado, resistente à mudança, deu lugar a um ambiente vigoroso, criativo e ambicioso. Todos os dias temos exemplos concretos dessa energia empreendedora nos mais variados campos.

Outra coisa mudou também. Cada vez há menos paciência para a maledicência e o derrotismo. Apesar de todas as contingências continua a existir um Portugal positivo. É esse que realmente conta. » [Jornal de Negócios]

Autor:

Leonel Moura.

PARA QUE O NÃO ESQUEÇAMOS

«Tinha 57 anos e manteve, até ao remate dos dias, aquele sorriso meio-cândido, meio-malicioso, que lhe conferia o ar de menino de sempre. Pouco tempo antes conversámos numa leitaria à entrada das Escadinhas do Duque, das duas ou três tertúlias da zona a que chamávamos o Triângulo das Bermudas. Não era um local de perdição, ao contrário do que a alcunha pode querer dizer. Mas os encontros poderiam levar-nos pela noite adiante.

Os mesários dessas reuniões eram, entre muito outros, fixantes e passantes, Herberto Hélder, António José Forte, António Carmo, Aldina Costa, José Carlos González, Ricarte-Dácio de Sousa, Adriano de Carvalho, Serafim Ferreira, Teresa Roby, Luiz Pacheco, os actores Fernando Gusmão e António Assunção, e por aí fora. Olho para trás e reconheço que esses encontros são irrepetíveis, não só porque a morte já fez a sua ceifa como pelo facto de a atmosfera moral e afectuosa ser, agora, muito diferente.

Frequentei aqueles grupos durante anos. O "Diário Popular" era ali perto e dava-me jeito ir à bebida e à conversa com amigos, alguns dos quais (o Herberto, por exemplo) vinham dos bulícios da adolescência. O Zeca Afonso não era habitual; mas, naquele fim de tarde, sentou-se para conversar sonhos e esperanças tão antigos como o homem. "Estou a morrer devagarinho", disse-me. E a voz era como se viesse do fundo do corpo. A frase impressionou-me pela coragem. Ele sabia que estava condenado e talvez quisesse dizer-me que o sabia. Falou, logo a seguir, de outras coisas. Olhava para este homem novo, atingido por uma doença medonha, e recordava a generosidade limpa e aberta de alguém que dera tudo a todos e oferecera à Revolução o seu hino definitivo. » [ Jornal de Negócios]

Autor:

Baptista-Bastos.

SONHO OU PESADELO?

«Bem remunerado para quem apostou em certificados do Tesouro, pior para quem dispõe de títulos em carteira e está obrigado a acomodar na rendibilidade a desvalorização das cotações registadas no mercado secundário.

No primeiro caso, incluem-se aqueles investidores sem receio de eventuais reescalonamentos na dívida portuguesa e que estão a beneficiar da alta das taxas de juro nos mercados. Indexada às obrigações emitidas pelo Estado, a remuneração dos certificados do Tesouro tem vindo a ganhar argumentos para aliciar investidores.

Em Janeiro passado, os cofres públicos atraíram 105 milhões de euros através de novas subscrições. E uma parte deste dinheiro foi resgatado para voltar a ser reinvestido no mesmo cesto, com o objectivo de tirar partido da escalada nas taxas de juro. Entre os certificados "antigos" e os "novos", a rendibilidade máxima para quem mantenha a aplicação durante os seus dez anos de vida passou de 6,4% para 6,65%. Parece pouco, mas, no final, faz diferença quando o período de investimento é tão longo.

Este comportamento também faz diferença noutras frentes. A subida das taxas de juro da dívida pública é o reverso da medalha na desvalorização dos títulos emitidos pelo Estado português. Durante os últimos meses, este desempenho fez mossa nos certificados de reforma geridos pela Segurança Social. Só o investimento de uma parte da carteira em acções conseguiu manter a rendibilidade dos "PPR do Estado" em terreno positivo. Os investimentos "especulativos" são o bode expiatório preferido do Governo para os males do país mas, como se vê, vão dando muito jeito.

Se as questões relacionadas com o comportamento das taxas de juro da dívida pública se resumissem às alegrias e tristezas de quem empresta dinheiro ao Estado, o país não estaria mal. Mas o problema é mais vasto. Na semana passada, a pressão recrudesceu e os juros atingiram novos recordes, dando sinal de que a confiança permanece escassa quando o tema é a capacidade de Portugal honrar os seus compromissos sem o recurso a ajuda externa. Há boas razões para esta situação e existem números que ajudam a ver com mais clareza a dimensão do fardo que asfixia o país.

No terceiro trimestre do ano passado, a dívida externa bruta de Portugal andava pelos 401 mil milhões de euros. Se a taxa de juro média deste volume de dinheiro em dívida for de 4%, isto significa que os encargos a pagar num ano andarão em redor de 16 mil milhões de euros. No cenário optimista de um crescimento nominal da economia de 1,9% como aquele que é defendido pelo Governo para 2011, o acréscimo de rendimento do país andará pelos 3,3 mil milhões de euros durante este ano. Ou seja, mesmo que o crescimento acabe por ser aquele em que o Governo acredita, o valor dos juros a pagar são cinco vezes mais elevados do que os rendimentos que a economia nacional conseguirá gerar.

Qual é o resultado de tudo isto? Será necessário pedir mais dinheiro emprestado só para pagar os juros de empréstimos anteriores e a um preço cada vez mais elevado porque o aumento do risco de crédito é inevitável. Este é o motivo por que a subida da rendibilidade dos certificados do Tesouro, sonho de qualquer investidor que neles aposte as suas poupanças, não passa de um pesadelo. » [Jornal de Negócios]

Autor:

Cândido da Silva.

EXPORTADORES PORTUGUESES PREFEREM PORTOS ESPANHÓIS

«As empresas exportadoras de mármores estão a trocar os portos de Lisboa e Sines por Vigo, em Espanha. Porquê? Sai mais barato, quase metade do preço.

Os custos com os transportes de mármores e granitos aumentaram 75 por cento em 2010, face a 2009, levando os empresários portugueses a trocar os portos de Lisboa e Sines por Vigo para exportar mercadorias, denunciou hoje a associação setorial.

"Para tornear os preços praticados nos portos e Lisboa e de Sine os empresários das rochas ornamentais estão a deslocar-se ao porto de Vigo para exportar as suas mercadorias a preços mais competitivos", disse à agência Lusa fonte da Associação dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins (Assimagra).

Segundo adiantou, "exportar de Portugal para China um contentor de mármore ou de calcário custa 800 dólares, enquanto em Vigo esse custo é reduzido para metade".» [Expresso]

Autor:

As mordomias das administrações portuárias, como as de Lisboa, têm de ser pagas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao ministro da Economia se já ouviu falar do assunto.»

MERKEL CHAMOU SÓCRATES

«José Sócrates irá encontrar-se com Angela Merkel no dia 2 de Março, em Berlim, respondendo a um convite da chanceler alemã. » [DE]

Autor:

Não é difícil de adivinhar o que a chanceler alemã vai sugerir a Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela viagem.»

ECONOMISTAS ALEMÃES DEFENDEM BANCARROTA DOS ESTADOS SOBREENDIVIDADOS

«"Nós apelamos ao governo alemão para que coloca em curso as disposições para extinguir o mecanismo europeu de estabilidade e para elaborar rapidamente com os seus parceiros europeus um plano detalhado de bancarrota controlada para os países do euro sobreendividados", segundo o texto publicado pelo jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung.

O texto, assinado por 198 economistas académicos alemães residentes no país e no estrangeiro, defende ainda a possibilidade de reestruturação de dívida pelos Estados, ao invés de um mecanismo colectivo, como já existe hoje com o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e se pretende criar a partir de 2013 com o mecanismo permanente.» [DE]

Autor:

Uma má notícia para Portugal.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela reunião de Março.»

ESPANHA AVANÇA COM PACOTE PARA REDUZIR CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS

«Entre as medidas hoje aprovadas em Conselho de Ministros contam-se uma redução de 120 para 110 na velocidade máxima nas auto-estradas e uma redução de 5% por cento nos preços dos comboios suburbanos e interurbanos.

As medidas inserem-se num plano de Poupança Energética que visa responder ao aumento dos preços dos combustíveis que, segundo o Governo, pode ter um impacto significativo na economia.» [DE]

Autor:

Por cá continuamos a viver em fartura, temos petróleo no Beato, a balança comercial continua excedentária e a situação financeira está melhor do que nunca, por isso não é necessário adoptar medidas e os ministros podem continuar a acelerar livremente nos seus bólides!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao ministro da Economia se está tranquilo como parece.»

SÓCRATES ANUNCIA MEDIDAS JÁ ANUNCIADAS

«Recorde-se que a interdição de estágios não remunerados e a integração de estagiários na Segurança Social (obrigando-os a descontar mas permitindo também que estes jovens ganhem protecção social) já tinham sido discutidas, e aceites, em sede de concertação social. O mesmo aconteceu com o alargamento do número de estágios profissionais para 50 mil, em 2011, medida que já tinha sido debatida entre Governo, patrões e sindicatos.

Por outro lado, o programa de requalificação de cinco mil jovens licenciados em áreas de baixa empregabilidade já tinha sido lançado no último pacote de medidas anti-crise e acabou por não ter qualquer efeito já que a iniciativa acabou por cair antecipadamente em Julho de 2010.

Por último, o Governo também falou na integração de 500 jovens quadros através do programa Inov-export, o mesmo número de estágios iniciados em 2010, de acordo com os dados a execução da Iniciativa Emprego 2010.» [DE]

Autor:

É o simplex do emprego jovem, arrebanha-se o que já se está fazendo e anuncia-se sob a forma de pacote.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»

CONFLITO NA JUSTIÇA POR CAUSA DAS ESCUTAS

«Noronha do Nascimento, presidente do Supremo Tribunal de Justiça, ameaçou mover um processo disciplinar a Carlos Alexandre, juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal, se este não destruir imediatamente as escutas obtidas no processo ‘Face Oculta’ que envolvem José Sócrates.

Noronha do Nascimento disse a Carlos Alexandre (juiz de instrução do caso), num despacho ontem enviado aos arguidos e assistentes do processo, que, se o juiz quiser, poderá mandar as escutas para o Supremo, que ele próprio (Noronha) as destruirá. Carlos Alexandre já disse que não o faz e escreveu mesmo, num despacho que também consta no processo, que não recebe ordens de Noronha do Nascimento no que diz respeito àquelas escutas. Recorde-se que estão em causa transcrições de conversas, copiadas por engano e que já foram mandadas destruir, e mais de uma dezena de mensagens entre Armando Vara e José Sócrates relativas à compra da TVI. No dia 14, Carlos Alexandre deverá anunciar qual o destino das escutas. » [CM]

Parecer:

Se as escutas são legais era de esperar que um juiz as mandasse destruir pois não servem rigorosamente para nada a não para aquilo que já serviram, para serem utilizadas pelos jornais na luta político-partidária.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se o espectáculo triste que está a ser dado pela justiça portuguesa.»

DE NOVO OS CORTES NO RATING

«As três agências de rating que avaliam o risco de crédito de Portugal e ajudam de forma decisiva a definir as taxas de juro suportadas pelo Governo, bancos, famílias e empresas, não pretendem esperar pela execução orçamental do primeiro trimestre, nem pelos resultados da importante cimeira europeia de 24 e 25 de Março, nem tão-pouco pela amortização de uma grande tranche de dívida pública (4,5 mil milhões de euros) em meados de Abril.

Contactadas pelo DN, as empresas mantêm ipsis verbis a avaliação negativa da economia, as dúvidas orçamentais e indicam que, até final de Março, Portugal deverá sofrer uma rajada de cortes no rating. Ou seja: a credibilidade do País será ainda mais afectada e os juros subirão mais, como aconteceu na Irlanda e na Grécia.

A desclassificação iminente acabará por reflectir a situação adversa que o País já vive nos mercados de financiamento e, claro, pode ser o golpe derradeiro antes de a República pedir ajuda à Europa/FMI, como esperam estas agências. Elas reparam que Portugal está isolado nos seus problemas e frisam que a Espanha é cada vez menos uma pedra no sapato da Zona Euro: os espanhóis prometem crescer mais (Portugal arrisca nova recessão), o défice externo de Espanha está a cair mais, a dívida pública pesa menos.» [DN]

Parecer:

E Teixeira dos Santos continua ministro.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Sócrates se é preciso Portugal ir à bancarrota e o seu governo cair para que o ministro Teixeira dos Santos seja substituído.»

BERLUSCONI GASTOU 280.000 COM CARROS PARA AS AMANTES

«Silvio Berlusconi pagou mais de 280 mil euros para comprar carros para as jovens que participaram nas já famosas festas privadas do primeiro-ministro italiano. Ao todo Berlusconi terá comprado 13 carros.

Como avança o jornal "Corriere dela Sera" terão sido comprados, além de outros carros, dois Mini One para duas das jovens e ainda quatro Mini, cinco Smart Fortwo, um Volkswagen New Beetle cabriolet e um Land Rover no valor de 70 mil euros. No entanto, estes carros terão sido comprados pelo contabilista de Silvio Berlusconi. » [i]

Parecer:

Uma coisa não podem dizer do homem, que não é "generoso".

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

O LUGAR MAIS PERIGOSO PARA UM AFRO-AMERICANO É O ÚTERO

« luta anti-aborto em Nova Iorque está a causa polémica. Tudo porque um grupo instalou num cruzamento estratégico da cidade um cartaz gigante com a imagem de uma criança e a frase: "O lugar mais perigoso para um afroamericano é o útero".

"Estou de acordo que exageramos, mas a situação já foi longe de mais", explicou Derek McCoy, membro do grupo "Texas Life Always", acrescentando que "a proporção de abortos entre a comunidade negra é alarmante. É isso que estamos a denunciar".» [i]

CHINÊS FILMA A FILHA NUA PARA ENCONTRAR GENRO

«Uma mãe chinesa, desesperada para casar a filha, de 26 anos, pegou numa câmara de vídeo e filmou-a a tomar duche, num vídeo que se tornou um dos maiores fenómenos recentes na Internet na China.

Segundo o site China Smack, o vídeo foi colocado em sites de relacionamentos e visto por 1,5 milhões de internautas, embora muitos estejam a questionar a veracidade das imagens, desconfiando que tudo não passa de uma encenação interpretada por duas actrizes.» [DN]

LYBIA: UNREST AND UNCERTAINTY [Boston.com]

TÍTULO 43 [Link]

zzz

ROBERTO BETTA