Esquecido durante anos de liderança dos grupos trotskistas Francisco Louçã emerge com a criação do Bloco de Esquerda, uma marcada branca ideológica onde o esquecimento de ódios antigos juntou num único galheteiro os admiradores de Leon Trotsky e os apoiantes de Ramóm Mercader que a mando de Estaline matou o líder da quarta internacional à machadas.
Os restos dos movimentos “ML” e os trotskistas transvestiram-se em esquerda moderna, umas caras bonitas, uma geração de jovens jornalistas e um Durão Barroso que elegeu Louçã como líder da oposição para desvalorizar o PS fizeram o resto, o bloco subiu nas sondagens. A extrema-esquerda conseguiu algo que nunca imaginara, ultrapassar o velho PCP nas eleições, ser um dos partidos com mais tempo de antena nas televisões, ter a ajuda de Manuel Alegre para dividir os partidos de esquerda e colocar Francisco Louçã à frente dos outros líderes partidários nas sondagens de opinião.
Aos poucos foi-se construindo um novo líder comunista ainda que disfarçado de esquerda moderna, promoveu o culto da personalidade, a imagem do líder super inteligente, do demolidor de adversários nos debates televisivos. Nos debates parlamentares Louçã tinha sempre uma rasteira na manga, uma piada nova que as televisões repetiam até à exaustão. Começou a parecer um novo Louçã, um político que já falava em poder, que prometia ao jornal Expresso que nunca iria usar a gravata.
O grande líder comunista tinha nascido, o líder de inteligência superior, o líder que desfazia os adversários, o líder superior. As caras bonitas foram desaparecendo, as que ousaram discordar ou não o apoiar na candidatura presidencial foram saneadas, as piadolas começaram a dar lugar a propostas de nacionalizações, o grande objectivo político passou a ser a destruição do PS, nem que para isso tivesse de se servir de Manuel Alegre, um político que rivalizava com ele em vaidade mas não em inteligência.
Mas chegam as eleições legislativas e o líder invencível chou que era o momento de ir mais longe nas propostas, era o momento de derrotar claramente o PCP e começou a endurecer o discurso, já defendia abertamente velhas soluções comunistas como nacionalizações mais ou menos generalizadas. Animado pela aliança com Manuel Alegre esperava derrotar Sócrates, mas teve azar, frente às câmaras de televisão o brilhante trotskista foi derrotado, banalizado e humilhado, uma ofensa que nunca perdoará a José Sócrates, uma mancha inaceitável para qualquer líder comunista que se preze.
Louçã começa a entrar em decadência, deixa de ter graça, As mulheres bonitas que atraiam os jovens para o BE e que ofuscavam a imagem do glorioso líder deram lugar a umas senhoras mais próprias do estereotipo das grandes mulheres comunistas, mais pesadornas, com pêlo no sovaco e baixotas, mais empenhadas em rivalizar com o empenho político de Ana Avoila do que com a beleza de Claudia Schiffer. Louçã passou a ser a estrela única, em vez de se rodear de jovens para quem todos olhavam pouco importando o que diziam, passou a rodear-se de gente feia e monocórdica, incapaz de ofuscar o brilho do glorioso líder.
Mas Louçã não consegue suportr a mancha que representa na sua carreira a derrota no debate televisivo com Sócrates e mais do que qualquer outro objectivo o que o norteia agora é o ódio ao primeiro-ministro, não desistirá enquanto não conseguir exibir a sua cabeça.