Se a direita portuguesa os tivesse em “su sitio” votaria favoravelmente a moção de censura que o BE vai apresentar e iria a eleições. Não faz sentido que Pedro Passos Coelho tenha apostado na comissão parlamentar de inquérito para derrubar o governo, que tenha feito chantagem sobre o PS na aprovação do orçamento e agora assobie para o ar com Marcelo a agendar a crise política para o próximo OE. Não se compreende que Portas tenha há poucos meses exigido a saída de Sócrates para viabilizar um governo e agora fique à espera que seja Passos Coelho a dizer-lhe quando deve ajudar a derrubar Sócrates.
Os argumentos da direita não têm qualquer fundamento.
Não votar na moção do BE por se recusar a aprovar os argumentos da extrema-esquerda é esquecer que a direita só derrubará Sócrates se votar uma moção da esquerda conservadora ou se esta votar uma moção da iniciativa da direita.
Recear a reacção dos mercados não faz sentido pois perante eleições antecipadas os especuladores sabem que não seria tomada qualquer decisão de fundo, além disso as taxas já estão demasiado elevadas para que continuem a apostar na sua subida. A situação que mais interessa aos que investiram na dívida portuguesa é a actual, juros elevadíssimos com o país no limiar da crise financeira mas capaz de os pagar.
Ir de encontro ao desejo de estabilidade de Cavaco Silva não faz sentido pois o Presidente da República aproveitou a primeira oportunidade para vetar um diploma do governo, um sinal de que está mais apostado no confronto do que na estabilidade política. Basta rever o discurso de vitória de Cavaco Silva para se perceber que a estabilidade é a última das suas preocupações.
A direita não vota a moção de censura porque não tem coragem de ira a votos, preferindo continuar uma estratégia de desgovernação na esperança de que os país se afunde ainda mais. A cobardia sempre fez parte do DNA da direita portuguesa.