domingo, fevereiro 20, 2011

Semanada

A semana foi marcada pelos palpites do governador do Banco de Portugal que decidiu dar largas à sua vaidade para lançar o país na depressão, para além da recessão que o governador decidiu vaticinar com o rigor científico de um vendedor de castanhas assadas. Se o governador do BdP optou pelos palpites o governo foi mais rigoroso e tem usado dados da execução orçamental a conta-gotas e as contas de um mês já deram para quinze dias de propaganda. O BdP faz comentários desvalorizando os seus boletins periódicos enquanto o governo se atrasa na divulgação orçamental para usar os seus dados para propaganda. Ainda vou ouvir o responsável pelo Instituto Nacional de Metereologia deixar de fazer previsões para vir aos telejornais dar palpites sobre o estado do tempo no dia seguinte, ou o presidente do INE a suspender a divulgação das estatística para ir dando dados avulso.

Quem se aproveitou deste ambiente de palpites foi o mais recente político do país, o chairman do grupo Jerónimo Martins. Depois de ter emprestado um dos seus assalariados para dirigir a campanha de Cavaco Silva decidiu usar a apresentação das contas do grupo para fazer um comício contra José Sócrates. Para isso usou os palpites do governador do BdP o que nos faz recear que a queda de mais de 5% das suas acções no mesmo dia em que decidiu dar uma mão a Passos Coelha pode ser explicada com a possibilidade de Soares dos Santos usar dados tão rigorosos na gestão do grupo como os que usou para dizer que a economia está em recessão, em vez de consultar os dados estatísticos do grupo vai a uma das suas lojas e conclui que a procura está a aumentar ou a diminuir em função das filas que encontrar nas caixas. O que Soares dos Santos esquece é que os seus clientes não são idiotas nem estão a comprar o Passos Coelho como bónus na compra de um sabonete da marca Pingo Doce, sou um cliente habitual das suas lojas mas depois desta intervenção de Soares dos Santos vou deixar de lhe fazer as compras.

Pacheco Prereira foi mais cuidadoso nas suas análise, agora investido nas funções de economista da Marmeleira chegou a uma grande conclusão depois de uma profunda reflexão e provavelmente depois de ler os últimos artigos de vários prémios Nobel, na semana passada o país esteve à beira da bancarrota. É mais ou menos a mesma coisa do que dizer que ontem ia no meu carro e estive à beira da morte, isso só não sucedeu porque parei no sinal vermelho!

A Europa da direita dos bons costumes vai assistir no país do papa ao julgamento de um primeiro-ministro por este ir ás putas e não lhes perguntar a idade, pior ainda, quando soube que a menina era menor disse-lhe que não haveria problema, se a apanhasse dizia que era sobrinha do Mubarak que ninguém ousaria incomodá-la. Azar, o Mubarak caiu e a justiça italiana esqueceu-se de verificar se a adolescente promotora das vendas de Viagra a Berlusconi era de boas famílias.

Cavaco está a ficar velho, ao contrário de outros tempos já receia a vinda do FMI. Quando lançou o país numa profunda crise económica com uma revalorização absurda do escudo, obrigando-o a ir pedir ajuda ao FMI não tinha medo destas coisas. Compreende-se, agora Cavaco receia perdas financeiras na sua carteira de acções, até porque agora já não pode contar com os palpites do amigo Oliveira e Costa.