Há uns anos atrás um segurança do hospital de Faro ousou cumprir o regulamento a que estava obrigado e pediu a identificação a Cavaco Silva que na ocasião era primeiro-ministro e pretendia visitar um familiar. Uns dias depois os seus diligentes assessores trataram de despedir o segurança.
Em tempo um alto responsável do Estado foi apanhado com a secretária no seu gabinete pelo segurança que estava a fazer a ronda ao edifício e não tinha sido avisado da presença do director, ouviu barulho no gabinete e abriu a porta acabando por ver o que não queria ver. Dias depois o director mexeu os cordelinhos no sentido de despedir o segurança de forma a estar seguro do seu silêncio.
Há uns dias Armando Vara entrou pelo centro de saúde, como estava cheio de pressa, porque as pessoas importantes deste país estão sempre cheias de pressa, passou à frente de todos os seus concidadãos que certamente estavam mais doentes do que ele que apenas precisava de um atestado e tratou do seu problema sem demoras.
Poderia dar muitos mais exemplos, como o do magistrado do Ministério Público que chamou o que quis a um soldado da GNR e foi ilibado porque os seus colegas acharam que neste país é normal mandar quem quer que seja para qualquer local menos apropriado. Não são exemplos de falta de educação, se fosse só isso estaria tudo bem pois é coisa que não falta, é bem pior do que isso, é um exemplo da prepotência e arrogância dos que em Portugal chegam a posições de poder, seja um lugar de director ou de primeiro-ministro.
O problema não está na falta de educação, da prepotência e da arrogância dos que nos dirigem., está nos desprezo pelos que os elegeram ou muito simplesmente estão trabalhando, julgam-se seres superiores aos seus concidadão. Tenho muitas dúvidas de que esta gente tenha a mais pequena consideração pelos portugueses e pelo país e não acredito que quando estão no desempenho de cargos a que ascenderam o façam a pensar no país e nos seus concidadão.
Gestos como os que referi são actos de corrupção, não estão previstos ou tipificados no código penal, não incomodam a consciência dos que tanto lutam contra a corrupção nem suscitam petições no Correio da Manhã, mas são uma corrupção de valores bem mais graves do que meter uns trocos no bolso.