sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Fêmea de Rabirruivo-preto [Phoenicurus ochruros] Entre-Campos, Lisboa

IMAGENS DOS VISITANTES D'O JUMENTO

Urinol Público, Castelo, Lisboa [A. Cabral]

JUMENTO DO DIA

Teixeira dos Santos

Que ouve o ministro das Finanças falar de 20 mil milhões fica com a impressão de que está a falar de trocos, e quando o ouve dizer que esse montante não é nada comparando-o com as necessidades de financiamento da Itália e da Alemanha ficamos a pensar que está a jogar ao monopólio.

«O ministro das Finanças disse hoje que os 20 mil milhões de euros que Portugal vai pedir emprestado este ano são "um valor relativamente pequeno quando comparado com os cerca de 600 mil milhões de euros que a Itália, França e Alemanha necessitam".

Em entrevista ao brasileiro Vida Económica, Fernando Teixeira dos Santos lembrou que Portugal precisará este ano de 20 mil milhões de euros em financiamento de médio e de longo prazo, o que representa uma diminuição de 20 por cento face a 2010. "Trata-se de um valor relativamente pequeno quando comparado com os cerca de 600 mil milhões de euros que a Itália, França e Alemanha necessitam para este mesmo ano", afirmou.» [DN]

O VÍDEO-CHOQUE DO CHOQUE A UM PRESO

«Um vídeo da prisão de Paços de Ferreira causou ontem escândalo. Mostra polícias a desalojar um preso da sua cela. Este sujava-a - ou era louco ou era provocador. Em todo o caso, a cela precisava de ser posta na ordem, que é o que se pede de uma cela. O preso, no vídeo, nunca reagiu de forma violenta. Os polícias também não, com este porém: usaram um taser, arma que liberta uma descarga eléctrica. É usado por muitas forças policiais europeias e dos Estados Unidos, e em prisões, com cautelas. Em linguagem de relatórios, diz-se para ser usado só "em caso de necessidade ou de proporcionalidade." Leia-se: se um preso avança para agredir um guarda ou se esfaqueia um colega, pode ser usado. Porque um taser, que em princípio não é letal, pode sê-lo - em cardíacos, por exemplo. No princípio deste mês, o Presidente Sarkozy, em visita a uma esquadra em Orleães, foi apresentado a um taser: "Experimentou-o em si próprio?", perguntou ao polícia. Este respondeu: "É a regra. Isso permite saber as capacidades do material." Houve sorrisos, mas não está mal como método. Aquele preso de Paços de Ferreira, como todos, tinha e tem de obedecer aos guardas. E estes têm de fazer tudo para serem obedecidos - tudo, até chegar a dar-lhe um tiro. Mas até chegar ao tudo há etapas e a boa gestão destas faz os bons guardas. Dar uma descarga eléctrica a um preso quieto é um salto abusivo de uma etapa.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.

ISTO É PARA OS IDIOTAS QUE ADORAM BRINCAR ÀS PASSADEIRAS

«Há pessoas que não devem ter mais que fazer na vida, e por esse facto escolhem uma passadeira e divertem-se a gozar com os automobilistas. Mas para mim há alguns dias foi a gota de água. Passei-me.

Quando uma pessoa faz uma travagem de 50 metros, queima metade dos pneus da frente, tudo para deixar passar um peão na passadeira. E atenção que eu sou dos que paro sempre, nem que tenha um semi-reboque encostado à traseira do carro. E depois, ainda no meio do fumo e do cheiro a borracha queimada, vê a pessoa levantar a mãozita e fazer-nos sinal para avançarmos... Não dá vontade de sair do carro e partir-lhes a boca? Dá sim senhor. Não me venham com histórias. Obviamente que não o fazemos, somos todos civilizados. Mas provavelmente quem fizer isto ao Bruno Alves no seu Porsche é menino para da próxima vez que se chegar a uma passadeira ir enrolado em gesso até ao pescoço.

E nesta outra situação, ainda agarrados ao volante e a tremer do susto, com meio mundo e uma paragem cheia de gente a olhar-nos para o interior do automóvel, sem acreditarmos que conseguimos imobilizar o veículo a tempo, e eis que vemos a pessoa que nos fez parar com tamanho aparato contornar o carro e atravessar a estrada por detrás do nosso veiculo...o que é isto? O que raio é que esta pessoa pretende provar com tamanho acto de estupidez? Como é que se atrevem? A lata! Que raio de afirmação pedonal imbecil é esta?

Pela enésima vez aconteceu-me. Ia devagar mas a rua em que seguia era empedrada e irregular. Chovia ligeiramente o que tornava o piso mais perigoso por estar escorregadio. De repente um senhor de meia-idade com ar de quem não tinha grande pressa, com o Record enfiado debaixo do sovaco, aproximou-se da passadeira a uns 30 metros. Pé no travão e deixei-me ir - deslizei como se estivesse no Slide & Splash em Lagoa. O carro imobilizou-se a poucos centímetros da primeira faixa branca. Susto. Para mim, porque o homem parecia uma múmia, não pestanejava.

Olhei para o lado com a minha cara Michael Jackson - branco como uma parede caiada. O senhor permanecia parado no passeio como aqueles personagens que costumam estar nos wc´s dos centros comerciais, não se percebendo muito bem se adormeceram com a cabeça na parede do urinol ou estão só a saborear o momento. A páginas tantas levantou a mão e eu já sabia o que vinha a seguir, aquele gesto irritante do avance, avance que eu estou só aqui armado em mete-nojo, abanando a mãozita como o Marco Paulo faz quando canta o "Morena oh morenita".

Instintivamente, e antes do gesto terminado já eu tinha tirado o cinto, aberto a porta, saído do carro e avançado até ao senhor. Peguei-lhe na mão, sorri-lhe e disse-lhe. "Amigo: deixe estar que eu ajudo-o". Ele ainda soltou um "o que é que pensa que está a fazer?" mas eu estava possuído: "temos que ser uns para os outros meu caro amigo, e eu sei o quão difícil por vezes é tomarmos uma decisão na nossa vida". Praticamente aos empurrões, deixei o homem especado do lado contrário da passadeira, despedi-me, agradeci-lhe, meti-me no carro e parti.

Pelo retrovisor vi-o atravessar a passadeira do sentido contrário. "Não há nada a fazer" -pensei.» [Expresso]

Autor:

Tiago Mesquita.

VARA SIMPLEX

«Em relação à polémica entre José Sócrates e Soares dos Santos quero marcar já aqui a minha posição: o dono de uma empresa que admite ter como anúncio aquela música "Venha ao Pingo Doce de Janeiro a Janeiro..." não me merece o mínimo respeito intelectual! Era por aqui, e apenas por aqui, que José Sócrates devia ter atacado Soares dos Santos - o sr. Pingo Doce - depois de este lhe ter chamado "político de truques" e mentiroso. A uma verdade responde-se sempre com outra verdade. Este caso fez com que a direita mais tradicional e conservadora descobrisse um novo herói na figura de Soares dos Santos. Desconfio que a música do Pingo Doce se vai tornar para a direita o mesmo que a música dos Deolinda é para a esquerda, um hino. Na esquerda temos os parvos e na direita os foleiros.

Mas tenho de admitir que a resposta de Sócrates, "Não basta ser rico para ser bem-educado", foi boa e muito forte, só que seria mais adequada para o seu grande amigo Armando Vara, que há dias ultrapassou à bruta todos os doentes que estavam à sua frente num centro de saúde só para sacar uma declaração médica. Vara, com a sua atitude, pode ter revelado aquilo que alegadamente as escutas do processo Face Oculta não conseguem: a rapidez dele a desbloquear situações.

Provavelmente o método Vara era entrar pelos ministérios adentro, chegar aos gabinetes e arranjar, na hora, reuniões, adjudicações e o mais que fosse preciso, tudo ao estilo simplex socratista. Querem ver que a declaração médica que ele arranjou era para o sucateiro Godinho?» [i]

Autor:

José de Pina.

SANTANA LOPES: PORTUGUESES NÃO CONFIAM EM PASSOS COELHO

«O antigo primeiro-ministro diz que "os portugueses ainda não confiam" no líder do PSD. Numa altura em que uma crise política pode estar prestes a estalar, Pedro Santana Lopes entra em rota de colisão com Pedro Passos Coelho. No partido, as suas palavras são desvalorizadas. E apesar do líder laranja ter pedido aos militantes para se calarem sobre a crise, há quem vá pedindo eleições, como Luís Filipe Menezes, outro antigo líder.» [DN]

Parecer:

Concordo com Santana Lopes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

EM XANGAI SÓ SE PODE TER UM CÃO

«A nova lei, que entrará em vigor a 15 de Maio, impõe a cada casa um número máximo de um cão e os proprietários ficam também proibidos de oferecer uma cria a uma outra família que já possua um canídeo, precisou o jornal China Daily.

As crias que possam nascer devem ser entregues a uma agência homologada pelo governo ou a uma família sem cães, antes dos animais atingirem os três meses de idade. As casas que já possuam dois cães devidamente registados têm direito de ficar com eles.» [DN]

QUARTA-FEIRA VAMOS OUTRA VEZ AO MERCADO DO PILIM

«O Estado agendou para a próxima quarta-feira dois leilões de Bilhetes do Tesouro com maturidades a 6 e 12 meses. Colocação de dívida situar-se-á entre 750 milhões e 1000 milhões de euros.» [Público]

Parecer:

Com juros a 7% é uma festança para os investidores.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela conclusão de Pacheco Pereira, o economista da Marmeleira, de que Portugal esteve à beira da bancarrota.»

LUÍS FILIPE MENEZES RESSUSCITOU?

«Porque a situação se está a degradar a um ritmo vertiginoso e provavelmente até ao final de Março, início de Abril, terá de haver uma decisão. A situação começa a atingir aquele ponto de insustentabilidade. O recurso à ajuda externa já é inevitável. É só uma questão de tempo e de condições. E porquê? Porque apesar de muitas juras de fidelidade orçamental, de aposta no rigor, os mercados não acreditam. E não acreditam porquê? Porque há um problema de credibilidade. Os financiadores já não acreditam porque a história que está por detrás disto não é brilhante. Tivemos maus resultados orçamentais em 2009, tivemos péssimos resultados orçamentais em 2010 e mesmo os resultados orçamentais que se conhecem deste primeiro mês do ano são dados profundamente maquilhados. Ficámos contentes por saber que o défice foi reduzido, mas não foi reduzido da melhor maneira. Uma vez mais o cerne do problema é o controlo da despesa. Na única matéria que depende do governo - o controlo da despesa - falhámos. É uma questão de falta de credibilidade no plano financeiro, orçamental, económico e político. Os mercados não acreditam que, do ponto de vista financeiro e orçamental, o país seja capaz de ter uma postura radicalmente diferente daquela que tem tido. No plano económico, o facto de estarmos a entrar em recessão agrava a situação. E depois há também um problema de credibilidade política. Temos várias crises, mas a que é mais importante resolver é a crise política, porque está a contaminar e a condicionar a resolução de todas as outras.» [i]

Parecer:

Tanto quanto se sabe Marques Mendes nunca soube muito de economia, aliás, o pouco que se sabe é que foi um fraco político especializado em coisas de bastidores. Por isso ouvi-lo a fazer prognósticos sobre a vinda do FMI só dá para rir.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao autarca de Gaia que tenha um pouco mais de calma.»

CHRISTCHURCH EARTHQUAKE [Boston.com]

CHINA: THE WORLD'S FACTORY [Link]

GUNNAR SALVARSSON