A crise tem levado à ideia de que o desemprego jovem se deve apenas a razões de ordem económica, escondendo uma outra realidade miserável que é o mundo da universidade privada e de uma parte significativa da oferta da universidade pública. Muitos dos jovens licenciados que se estão no desemprego são mais vítimas de universidades que nasceram como cogumelos e que têm qualidade.
A massificação do ensino secundário combinada com a mania dos portugueses de quererem ser doutores criaram um mercado fácil para professores sem escrúpulos que criaram universidades privadas para venderem cursos ou multiplicaram cursos em universidades e institutos públicos que apenas servem para alimentar o estatuto dos seus professores.
Multiplicaram-se os cursos que não exigem qualquer investimento por parte das universidades privadas, bastando professores e salas para venderem assinaturas. Por todo o lado há cursos de gestão, de recursos humanos, de direito, de relações públicas ou de marketing, cursos de onde se sai sem grandes qualificações.
O próprio Estado alimentou estas “universidades”, com os seus esquemas de concursos internos, reclassificações e promoções permitiu a muitos funcionários administrativos ascenderem à categoria de técnicos superiores, para isso bastava-lhes inscreverem-se num cursos nocturno e uns anos mais tarde entregarem os respectivos diplomas. Neste casos o Estado não olha a médias de curso ou a qualificações profissionais e quando o faz, nos concursos de admissão, os alunos destas escolas passaram à frente de muitos licenciados por universidades públicas onde é maior o rigor da avaliação.
Quando esta crise for ultrapassada muitos destes jovens licenciados vão perceber definitivamente o logro em que caíram, dificilmente encontrarão o emprego com que sonharam pois os seus cursos não lhes garantem as aptidões profissionais pretendidas.