segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Flor na Cidade Universitária, Lisboa

JUMENTO DO DIA

Pinto Monteiro, Procurador-Geral da República

Que em Portugal há escutas ilegais, mesmo sem contar aquelas que são feitas no âmbito de investigações judiciais que depois não são aceites em tribunal, já todos suspeitam, mas de um Procurador-Geral esperam-se atitude e não lamentos. Se Pinto Monteiro sabe que andam a ser feitas escutas ilegais é porque o sabe e nesse caso tem a obrigação de dizer quem as faz.

«Em entrevista, ao Diário de Notícias e à TSF, Pinto Monteiro afirma ainda que existem escutas telefónicas ilegais e que o Procurador nada pode fazer. Pinto Monteiro diz ainda que não há nada pior para a justiça do que os partidos quererem resolver questões politicas em processos judiciais. Quanto ao caso Freeport, o Procurador Geral da República garante mais uma vez que as escutas ao Primeiro Ministro foram destruídas.» [Jornal de Negócios]

APOSTAR NAS PEQUENAS INICIATIVAS

O facto de o microcrédito do BCP ter concedido 16,5 milhões de euros em crédito que criou 3195 empregos deveria ser um motivo de reflexão para os nossos políticos. É evidente que ninguém vê os sindicalistas exigirem o apoio a pequenas iniciativas porque não é mercado para as suas quotas e os políticos desinteressam-se porque não geram luvas.

Mas para além de exigir um investimento mínimo por cada emprego estas iniciativas são socialmente importantes, não só permitem explorar as potencialidades de muitos portugueses, como consolidam o tecido social em regiões onde é importante.

Infelizmente os nossos governantes gostam mais de obras faraónicas.

NINGUÉM OUVIU O MERCEEIRO

«Alexandre Soares dos Santos é um merceeiro notável. É o presidente da Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce (a maior em Portugal das cadeias de supermercados, que é o nome mais feio para as mercearias), e conhece tanto do seu negócio que para onde o leva, à Polónia, por exemplo, torna-o um sucesso. Já como especialista de Finanças Públicas, não sei. Mas suspeito que qualquer miúdo com a especialidade acabada de tirar na London School of Economics arranjaria mais depressa emprego na matéria. Ao contrário, insisto, do que se passa no delicado, difícil e tão concorrido métier de dirigir mercearias, onde Soares dos Santos é uma autoridade internacional, a ponto de vários países suspirarem para que ele lhes dê atenção. Ora bem, esse merceeiro emérito e menos reconhecido especialista de Finanças Públicas produziu esta semana duas afirmações. Uma, em que ele é amador: Portugal já estaria "em recessão." Outra, em que ele é autoridade: "Quero talhantes para as minhas lojas e não os encontro." É fácil adivinhar qual das duas produziu mais efeito, quer em títulos de jornais, quer em rodapés de telejornais. É fácil, porque estamos em Portugal, onde até é capaz de parecer ofensivo que um cronista trate Soares dos Santos de merceeiro, quando isto é dito com admiração e consideração. Tanta quanto dedico a alguém que sabe que procurar-se talhantes e não encontrá-los é um magno problema nacional. » [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.

OS CALOTEIROS DOS REMUNERADOS DA PSP

«São camaras, empresas públicas, discotecas ou clubes de futebol. Requisitam os serviços de agentes da PSP, que recebem por fora do salário, mas atrasam-se meses ou nunca pagam

O blogue entidadescaloteiras.blogspot.com foi criado por agentes que estão à espera do dinheiro por serviços prestados. No total a dívida é superior a dois milhões de euros.» [DN]

Parecer:

Não é só o fisco que tem direito a denunciar os caloteiros...

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

MICROCRÉDITO DO BCP CRIOU 3.000 EMPREGOS

«No dia em que passa um ano sobre a publicação do decreto-lei que permitiu a constituição de sociedades financeiras de microcrédito, Helena Mena, que, no BCP, é responsável pela rede autónoma de microcrédito disse à agência Lusa que os projectos financiados, desde então, envolveram um empréstimo global de 16,5 milhões de euros.

"Nesta área fomos os pioneiros em Portugal há onze anos. Em 2005, o banco decidiu criar uma rede autónoma de microcrédito que está a funcionar desde Novembro desse ano", sublinhou. Segundo Helena Mena, a crise, que deveria "trazer mais pedidos" para a criação de projectos de microcrédito, ao contrário do que era expectável, não gerou uma grande procura por parte das pessoas: "Estas retraíram-se um pouco e não querem arriscar".» [DN]

Parecer:

Uma prova de que os pequenos projectos podem criar muitos empregos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a conhecer a Sócrates.»

PORTUGAL OBRIGADO A IMPORTAR MAIS PRODUTOS ALIMENTARES

«As primeiras previsões agrícolas do ano, feitas pelo Instituto Nacional de Estatística não deixam margem para dúvidas: "as elevadas precipitações ocorridas até meados de Janeiro impediram a realização das sementeiras, levando inclusivamente à diminuição generalizada das superfícies semeada".

Se 2010 já tinha sido um dos piores anos das últimas décadas, este ano ainda será pior: todas as áreas de cultivo de trigo mole e duro, triticale, centeio e cevada, diminuiram.» [Expresso]

Parecer:

Portugal est+a a esquecer um dos seus maiores problemas, a dependência externa em bens alimentares e matérias-primas agrícolas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao ministro da Agricultura o que está fazendo.»

PRESIDENTE DO FMI APELA A SOLUÇÃO EUROPEIA

«O director-geral do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, voltou hoje a apelar aos líderes europeus que apresentem uma resposta à actual crise que seja capaz de convencer os mercados.

“Os mercados não são tudo, mas são importantes”, disse Strauss-Kahn em entrevista à Bloomberg TV, acrescentando que, para resolver a crise de dívida que assola a Europa, “tem que se fazer algo que seja visível, e não só pelos mercados”.

O director-geral do FMI alertou que se a solução “vier muito tarde”, a Europa “ficará sempre atrás da curva”, mas ainda assim mostrou confiança que tal não vai acontecer, acreditando que uma resposta à altura será dada na cimeira agendada para o final de Março.

“Depois de falar com os mais importantes líderes da Europa, penso que eles compreendem bem que temos que ter uma resposta abrangente”, disse Strauss-Kahn.

A União Europeia vai realizar duas importantes cimeiras em Março, sendo que os mercados esperam que nessa altura sejam reforçados os mecanismos de apoio aos países do euro em dificuldades, como é o caso de Portugal. » [Jornal de Negócios]

Parecer:

Esta intervenção reforça a posição de Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelo mês de Março.»

RUSALKIN RUSLAN

MOET & CHANDON