O caso mais evidente nos últimos anos foi o de Manuel Alegre que ao longo da legislatura em que o PS teve uma maioria absoluta beneficiou de centenas de primeiras páginas e de aberturas de telejornais. Pouco importava o que dizia, coisa de que já ninguém se lembra, bastava fazer qualquer crítica a Sócrates para ganhar protagonismo. Outro exemplo curioso é o de Freiras do Amaral, já foi líder do CDS, já ocupou um lugar de deputado do CDS contra a liderança deste partido até conseguir o tempo necessário para beneficiar de uma pensão, já foi ministro de governos de esquerda de direita, foi candidato da direita e abandonado por Cavaco com as dívidas da campanha para pagar, ultimamente Cavaco foi um cliente frequente dos seus pareceres bem pagos e agora é um dos mais activos políticos no apoio à sua estratégia política.
Nos últimos tempos temos assistimos a uma ofensiva política da direita que dá o tudo por tudo para se livrar de José Sócrates, com “cargas” sucessivas dos vários batalhões que foram enviados para a linha da frente. Curiosamente o líder do PSD, suposto candidato a primeiro-ministro, perde protagonismo, não sabendo muito bem o que quer e não estando à altura das circunstâncias enreda-se em contradições e é vítima da sua falta de dimensão. Paulo Portas aproveita-se da situação, afasta-se destes confrontos e sorrateiramente rouba votos a um PSD tenta desesperadamente eliminar o adversário antes da campanha eleitoral para ganhar as legislativas por falta de comparência.
Temos o batalhão dos apoiantes de Cavaco Silva, assessores anónimos, políticos incondicionais como Manuela Ferreira Leite, vendedores de pareceres políticos e constitucionais ao palácio, conselheiros de Estado, membros da sua candidatura presidencial, uns vão mais longe com Bagão Félix e atacam directamente Sócrates, outros são mais inteligentes e tentam dar consistência política e intelectual às manobras presidenciais,
Mas o mais curioso desta batalha política é lembrar-me a Batalha de Aljubarrota, a ala direita desta ofensiva ocupada por personalidades que foram governantes, foram ou são militantes do PS ou ocuparam altos cargos no Estado graças a governos do PS é a mais activa na frente da batalha política, é a ala dos namorados dos nossos dias. Pouco importa o que dizem, não se questiona por andam zangados ou porque mudaram de campo, pouco importa que sejam mercenários e apenas estejam apostados no saque ao Estado depois das eleições, basta exibirem o estatuto de traidores, de dissidentes ou de ressabiados e são logo enviados para a linha da frente.
Não dizem grande coisa, não fazem grandes propostas, nunca fizeram grande coisa na vida mas têm mais protagonismo na comunicação social do que os líderes partidários, escrevem artigos, desdobram-se em entrevistas, apelam ao derrube de Sócrates. Por cá “Roma paga aos traidores”.