Como bom português que sou e sendo um português medianamente informado deverei ser, segundo os padrões dos actuais dirigentes do PSD, um português ingénuo, idiota, mal informado e sem capacidade de raciocínio suficiente para perceber as suas manobras políticas, sinto-me na obrigação de dar o meu contributo àquele partido, até porque é um partido necessário ao funcionamento da democracia, enfim, se não for este será outro, quanto mais não seja o CDS, oportunidade que Paulo Portas há muito espreita.
Sinto-me na obrigação de retribuir ao PSD a generosidade que tem revelado nos últimos tempos, com a maioria dos seus dirigentes tão preocupados com a sobrevivência do PS que não se cansam de apelar à substituição de José Sócrates. Infelizmente os militantes daquele partido são tão idiotas quanto eu, não têm o brilhantismo intelectual como o de Manuel Maria Carrilho (só este nome “Manuel Maria” sugere alguém inteligente e cheio de feromonas irresistíveis para as beldades da praça), não sabem tanto da coisa como o eng. Neto e não estão tão zangados quanto o Narciso Miranda. Mas se os militantes do PS são uns ingratos, ainda por cima não vão arriscar a deixar de ser boys antes do tempo até porque sabem que candidatos ao estatuto no PSD deverão ser mais pelas mães.
Já que os militantes do PS são uns pobre e mal agradecidos e já que a necessidade aguça o engenho talvez os militantes do PSD ouçam com mais atenção a minha modesta sugestão: mudem o líder do PSD enquanto é tempo. Se com uma crise financeira internacional, uma recessão económica na sequência dessa crise, com todas as televisões, todos os semanários, todos os jornais diários, uma boa parte dos jornalistas, magistrados, a família Moniz, o Francisco Louçã, o Manuel Maria Carrilho, o Medina Carreira, aquele ex-juiz do TC que parece ter fugido do Júlio de Matos, o João Duque, o hiper-merceeiro do pingo Doce, a Dona Maria, o filho do Jaime Gama e mais sua Excelência e andam a açambarcar fraldas para incontinente com receio de perder as legislativas, é porque o líder do PSD é, como escreveu a Felícia Cabrita, um homem invulgar. Aliás, se eu fosse militante do PSD e visse a Felícia Cabrita dedicar um livro ao líder do partido ia logo desfiliar-me, pensava cá com os meus botões que a senhor só escreve sobre pesedofilia.
Então o PSD tem um líder que até escreveu um livro, mas que se esquece das reuniões, que teve um projecto de revisão constitucional porque alguém o escreveu, está à espera que lhe façam o programa de governo, que pediu ajuda de emergência à AMI para ter um líder da lista de candidatos a deputado por Lisboa e só arranjou um candidato a líder parlamentar, que se não fosse terem acabado com a Feira Popular diria que em matéria de sondagens é um viciado em montanha russa, que cada vez que abre a boca tem, de vir o Relvas explicar aos portugueses que ele queria dizer outra coisa mas ninguém percebeu, que em Portugal vota contra mais austeridade e nas entrevista à Reuters diz que era pouca austeridade, e estão tão preocupados com a derrota eleitoral do PS nas próximas legislativas que até suplicam para que aquele partido mude de líder a fim de evitar uma maioria absoluta da direita e ser possível uma coligação mas sem o Sócrates?
Não sei se é a influência de Fernando Nobre que já se fazia sentir no PSD mas este apelo à substituição do PS devia ser remetido para o largo do Rato num caixote de ajuda alimentar, mas em vez de um autocolante dizendo “ajuda dos USA” diria “ajuda do PSD”, até poderia ser transportado usando os recursos logísticos da AMI. Aliás, antes de enviarem o caixote para o Largo do Rato até poderiam mandar o Fernando Nobre avaliar antecipadamente a realidade do PS no terreno.
Aceitem a minha ajuda desinteressada e substituam Pedro Passos Coelho, até porque isto é como a vinda do FMI, mais tarde ou mais cedo vão ter de aceitar a minha ajuda, não aceitam agora e vão acabar por a aceitar quando já não tiverem nada para negociar, porque depois de perderem as eleições nem o Cavaco vos salva, pior ainda, ou estarei muito enganado ou depois de ver derrotado o PSD e perdido o cargo de segunda figura do Estado, o eng. Fernando Nobre abandona o parlamento e vai para assessor humanitário do Palácio de Belém. O ideal seria existir o cargo de vice-presidente mas como isso não consta na constituição não restará a Fernando Nobre outra alternativa senão ir para os jardins do palácio tratar dos feridos no combate eleitoral das legilativas.