Os que ignoraram a crise financeira desencadeada pelo subprime enganando os portugueses de forma a iludir o país e em vez de o unir numa resposta nacional à adversidade promoveram a divisão e a mentira com objectivos políticos traíram o país.
Os que quase diariamente se excitavam com os aumentos das taxas de juro nos mercados financeiros, os que não escondiam a alegria cada vez que o país pagava juros mais elevados pela dívida, traíram este país.
Os que tentam iludir os portugueses fazendo de conta de que não existe uma crise na zona euro, crise que está a ser explorada pelos investidores que com a ajuda das agências de rating conseguem duplicar os ganhos com os seus investimentos em dívida traíram este país.
Os que ainda há pouco tempo criticavam o orçamento por não promover o crescimento, algo que só é possível estimulando a procura com despesa pública e agora queixam-se da despesa. Os que no passado sempre criticaram as medidas sociais por serem escassas e hoje inventam um cartão de pobre para as limitar, os que no passado se opuseram a aumentos do iva e hoje são os primeiros a proporem-nos, os que no passado inviabilizaram tudo o que agora aceitam do FMI, traíram este país.
Os que organizaram as manifestações contra a racionalização do Serviço Nacional de Saúde, que se opuseram ao encerramento de serviços desnecessários e que em duplicado na sequência da inauguração de novos hospitais, promovendo o aumento da despesa em saúde, traíram este país.
Os que diziam ser contra as SCUT mas no momento de as reduzir puseram os seus militantes e autarcas disfarçados de comissões de utentes para as manter e ganhar votos autárquicos, traíram este país.
Os que se opuseram ao encerramento de escolas a funcionar de forma arcaica, prejudicando o futuro dos jovens e promovendo o aumento da despesa pública mantendo a duplicação da oferta escolar, traíram este país.
Os que tudo fizeram para inviabilizar qualquer reforma no ensino que implicasse uma racionalização na gestão dos recursos impedindo que a um elevado esforço financeiro no ensino correspondesse mais qualidade desse ensino, traíram este país.
Os que ainda esta semana disseram que os dados da execução orçamental era uma mentira para desta forma destruir a credibilidade externa do país nos mercados financeiros e lançar a desconfiança nos negociadores da troika, traíram o país.
Os que inventaram falsas escutas à Presidência da República para promover um golpe de estado em plenas eleições legislativas, traíram o país.
Está na hora de chamar os bois pelos nomes, uma coisa é ser oposição, outra é recorrer a todos os meios para inviabilizar a governação do país. Uma coisa é criticar a política governamental, outra é tentar destruir a credibilidade do país junto dos mercados. Uma coisa é falar verdade como às vezes convém defender, outra é mentir ao país e, pior ainda, inventar factos para enganar os portugueses em plena campanha eleitoral. Uma coisa é desejar governar melhor o país vencendo eleições com argumentos, outra é tentar levar o país à bancarrota para usar isso como argumento.
Concorde-se ou não com este governo a verdade é que foi eleito pelos portugueses, muito boa gente pode não ter gostado mas foram os portugueses que o escolheram e foram os portugueses que foram desrespeitados. Pior ainda, não bastou a forma suja de fazer oposição, como não hesitaram em aliar-se aos oportunistas dos mercados financeiros para mais facilmente chegarem ao poder ou livrar-se de Sócrates.
O ódio a Sócrates ou a vontade de correr com ele não justifica tudo e mesmo que se tivesse adoptado uma política de terra queimada havia uma fronteira a respeitar, não trair o país, não levar o portugueses a um sofrimento ainda maior do que aquele que resulta da sua pobreza e subdesenvolvimento. Os que muitos destes senhores fizeram foi trair Portugal e não o hesitaram em fazê-lo num dos momentos mais críticos da história económica dos últimos cem anos.