O FCP ganhou o campeonato porque o mereceu e ganhou no Estádio da Luz porque jogou melhor, foi melhor orientado pelo treinado e mereceu ganhar. Lamentavelmente os portugueses estão a deixar se saber perder proporcionando espectáculos miseráveis como aquele a que se assistiu no domingo, sinal de que as suas instituições estão a ser entregues aos piores.
O Benfica foi mal orientado ao longo de toda a época, perdeu pontos sempre que enfrentou equipas bem orientadas, demonstrou um desconhecimento da forma de jogar de muitos dos seus adversários o que só se pode explicar pelo amadorismo dos seus técnicos e chegou-se ao ponto de ver o treinador desiludido por um dos seus jogadores marcar um golo.
Infelizmente o espectáculo do futebol está a dar lugar a lutas de gladiadores e os responsáveis pelos clubes permitem que claques infiltradas por marginais, que se estão a tornar escolas de marginais, sejam a imagem dos clubes, dando cobertura a actos de violência cada vez mais sistemáticos e violentos. Em estádios como os de Braga, das Antas ou da Luz tenta-se condicionar os jogadores com o arremesso de bolas de golfe, os autocarros são apedrejados e a vida dos jogadores posta em causa, as sedes de associações de adeptos são atacadas. E em vez de condenarem estes actos os responsáveis dos clubes estimulam-nos em relação aos adversários e armam-se em vítimas quando são o alvo.
Infelizmente esta realidade não é exclusiva do futebol e muitos dos nossos políticos actuam como se fossem dirigentes desportivos irresponsáveis. Tal como aqueles querem ganhar campeonatos mesmo que um dia os estádios estejam vazios, também na política há quem queria governar nem que para isso tenham que governar um país falido. O que importa já não é a qualidade dos argumentos, os valores das lideranças políticas, a qualidade dos projectos, o que importa é conquistar o poder nem que para isso se tenha de recorrer a todo o tipo de bolas de golfe para agredir o adversário.
Não vejo grande diferença entre o que se passa no desporto e aquilo a que assistimos na política e não é por acaso que há tanta promiscuidade entre o mundo da bola e o mundo dos partidos. Aliás, alguns políticos de partidos antagónicos ainda se conseguem entender na política e nos estádios de futebol ainda só atiram bolas de golfe aos adversários enquanto no mundo da política já vemos marginais a atirar bolas de golfe aos seus próprio jogadores e a tentarem mudar de clube cada campeonato à espera de ganharem uma taça.
O FCP ganhou de forma limpa e merece os parabéns, oxalá os políticos portugueses e, em particular, o Presidente da República mereçam os mesmos parabéns no dia a seguir às eleições, e que nesse dia sejam capazes de dar os parabéns aos adversários em vez de apagarem a luz do estádio ou de ligarem o sistema de rega. Começa a ser tempo de limpar as claques deste país dos marginais que tomaram conta delas.