sexta-feira, abril 29, 2011

Cidadão, consumidor, eleitor

Já fui assinante do jornal Público e deixei de o ser porque entendi que para ler as baboseiras tendenciosas do então director José Manuel Fernandes não tinha que pagar, deixei de o comprar, quase o deixei de citar neste blogue e deixei de o ler. Da mesma forma deixei de ser assinante da edição online do Expresso. Não dissocio a minha condição de cidadão da de consumidor ou de eleitor, se este jornais, tal como começa a suceder com o Diário de Notícias, se sentem no direito de tentar manipular-me atirando sistematicamente areia para os olhos reajo da única forma que eles entendem, deixando de os ler.

Acho que o senhor Soares dos Santos tem todo o direito de ter as suas opiniões e de as expressar, ainda que nunca lhe tenha ouvido grandes ideias. Mas é um facto que o peso que este senhor tem nalgumas televisões não tem qualquer relação com a qualidade do seu discurso, com o seu poder de comunicador ou pelos contributos positivos que dá. Tem sim que ver com o poder do marketing do Pingo Doce tem junto das televisões e se é convidado sistematicamente para falar é porque os seus desejos políticos correspondem aos dos donos das televisões e porque as receitas geradas pelo seu grupo de distribuição lhe dá o direito de falar, ao contrário do que sucede com muitos outros cidadãos tão bons ou melhores do que ele que não podem untar as mãos dos directores de informação.

Mas ao contrário de Belmiro de Azevedo que optou por alguma reserva, Soares dos Santos opta por uma postura agressiva, empresta gestores a uma candidatura presidencial, cria uma fundação para intervir activamente na vida política em favor da direita, fala desabridamente nas televisões e, pior do que tudo isso, usa os altifalantes e os livrecos da fundação do António Barreto para passar mensagens políticas aos clientes do Pingo Doce. O senhor Soares dos Santos pode fazer o que quer mas não tenho conhecimento de alguma vez me ter feito algum desconto nos produtos que lhe compro. Por isso vou começar a comprar em hipermercados onde os donos me respeitam como cidadão.

Outro exemplo de vedeta é um tal Carrapatoso, homem de cuja boca nunca ouvia algo de intelectualmente relevante que abonasse em favor da sua inteligência. É um gestor de sucesso numa empresa onde qualquer português com a quarta classe teria igualmente sucesso e usa o estatuto de presidente da Vodafone para se armar ao pingarelho e andar por aí a propor a destruição de tudo o que lhe parece que deve ser destruído. Sucede que já fui roubado pela Vodafone e começo a equacionar seriamente a hipótese de deixar de ser seu cliente na banda larga e de passar a dar prioridade à minha assinatura de telemóvel na TMN.

A direita teve nas últimas eleições muito menos do que 40% e se alguém observar com atenção dir-se-ia que terá tido à volta de 80%, tal é o peso que tem na comunicação social e nas personalidades que usam o falso estatuto de independência para tentarem ludibriar os cidadãos. Começo a achar que devemos ser exigentes enquanto cidadãos e começar a boicotar de forma activa as marcas que não nos respeitam enquanto tal, que ofendem sistematicamente as nossas opções e que nos tratam como meros labregos. Marcas como o Pingo Doce, o Público, a SIC e a Vodafone deveriam ser boicotadas activamente pró quem não se identifica com a direita de Paulo Portas e Passos Coelho.

Se os responsáveis por estas marcas não são capazes de ser isentos ao usar o poder que as mesmas lhe conferem faz todo o sentido que enquanto ofendido não contribua para o peso que têm. Se houver quem tome iniciativas de boicote destas marcas terá o apoio deste modesto blogue, talvez seja mais pequeno que eles, mas muitos pequenos poderão atingir as contas de lucros e perdas destes oportunistas.