terça-feira, abril 19, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




FOTO JUMENTO


Borboleta da Quinta das Conchas, Lisboa
IMAGENS DOS VISITANTES D'O JUMENTO


Flor [A. Cabral]
JUMENTO DO DIA


Carlos Abreu Amorim

Pela forma como o deputado "independente" do PSD escreve sobre regionalização é um verdadeiro esqueleto no armário do PSD.

«Aceitei ser cabeça-de-lista do PSD em Viana do Castelo. Não escolhi esta Lei Eleitoral e nem sequer concordo com a sua lógica centralista - aliás, comprometo-me desde já a envidar todos os esforços para a reformular de acordo com os melhores exemplos europeus. Mas sou um regionalista convicto. Como tal, encaro o Norte como uma unidade administrativa e política a quem a diversidade cultural tanto enriquece. Para mim, Braga, Porto, Vila Real, Bragança e Viana do Castelo são partes de um Norte igualmente deprimido que este Governo, obsessivamente centralista, maltratou. » [JN]
 A TABUADA SEGUNDO FERNANDO NOBRE

Se bem percebi o pensamento de Fernando Nobre varia segundo as circunstâncias, o local onde está sentado, assim sendo, se estiver sentado na sanita três vezes oito são trinta e dois, se estiver no TGV serão quarenta e três, se estiver sentado calmamente no sofá serão vinte e quatro, mas se estiver apertado no Metro já serão onze.
 
Com o pensamento político deverá passar-se a mesma coisa, se estiver almoçando com Passos Coelho é de direita, se estiver visitando o castelo de São Jorge é monárquico, se estiver folheando o Expresso enquanto faz o serviço é do Bloco de Esquerda.
  
Em tudo isto não há nada de incoerente, todos podemos mudar, todos podemos errar, tudo depende do local e das circunstâncias, por exemplo, se metermos o besugo num tacho comeremos besugo cozido, mas se o metermos na grelha comeremos besugo grelhado,  em qualquer caso o besugo é o mesmo.
  
Que divertido seria este país se o Fernando Nobre tivesse sido eleito Presidente da República, de manhã chamava o FMI à tarde juntava-se ao Passos Coelho e mandava cartas denunciando esqueletos no armário e à noite concordava com Jerónimo de Sousa na recusa de qualquer negociação. Incoerente? Não, uma coisa é pensar a seguir ao queque do pequeno-almoço, reflectir depois das sardinhas assadas e do tinto do almoço, ou opinar depois de uma boa feijoada ao jantar.
  
Incoerentes somos todos nós que não conseguimos acompanhar o bailado do candidato a não se sabe muito bem o quê por Lisboa.

 NÃO PERCEBO

O porquê de tanta indignação com a candidatura de Fernando Nobre, afinal é uma opção coerente, trata-se mais uma vez de uma acção de ajuda humanitária, desta vez a Pedro Passos Coelho e ao PSD.

 

 E O ÚNICO CERTO NO GPOVERNO É: PP

«Há um único partido a ter como garantido que estará a governar daqui a dois meses. Falo, claro, do CDS. Não haverá vencedor único e o que for mais votado terá de se socorrer dele: PS-CDS ou PSD-CDS, pois. E, caso haja dupla PS-PSD, esta vai querer alargar--se, e ficará PS-PSD-CDS. O partido de Paulo Portas, é disso que essencialmente se trata, está bem artilhado para preencher o papel que o Governo vai ter de cumprir. Está bem artilhado como? Já o disse, tem Paulo Portas. O homem é de fórmulas, leia-se ideias sintéticas, virtude que lhe vem do seu tempo do jornalismo - hoje já não se fazem títulos como em O Independente. O essencial da governação, as linhas com que nos coseremos (e cozeremos), ficará a cargo de instituições e técnicos estrangeiros. Mas a aplicação dessas linhas será do tal Governo, aos olhos de todos diminuído. Será essencial que alguém saiba dizer claramente o que os políticos (e ofícios correlativos) vão apertar de cinto para pedir aos restantes portugueses que façam muito mais. Já noto sorrisos dubitativos sobre a sinceridade de Portas... Mas eu pergunto: têm políticos sinceros para a troca? Paulo Portas tem a vantagem das frases claras e curtas, capazes de serem entendidas em Cascais e na feira de Espinho. E se ainda há quem pense que as austeridades populares vão ser aceites sem similares sacrifícios dos governantes não sabe que tempos vêm aí.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.

 CONTAS DA SAÚDE

«Tem-se desenvolvido na opinião publicada a ideia de que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) é uma boa, mas dispendiosa conquista social.
  
Seria até a melhor das conquistas de Abril. Todavia, relatórios e estudos de ‘think-tanks' têm injectado a ideia de que o SNS é financeiramente insustentável. O PSD acolheu acriticamente esta ideia e logo a seguinte, a da privatização progressiva. A noção de privatização foi agora substituída pela de livre escolha. Para ideólogos da direita não haverá uma sem a outra. Vamos aos números recentes da Conta Satélite da Saúde (INE 2010).
  
O SNS nunca foi um sistema inteiramente público. Em termos de financiamento, a parte pública representou, em 2008 (últimos valores disponíveis) 66% da despesa corrente em Saúde. A despesa corrente privada das famílias estava em 29%, sendo a diferença entre ambas (5%) atribuível a subsistemas e seguros privados.
  
Quanto à prestação, o SNS foi desde a origem um sistema misto, a cargo de operadores públicos e privados. Em 2008, o SNS encaminhou 68% do seu gasto para prestadores públicos - hospitais (52%) e centros de saúde (16%); e os restantes 32% para privados - basicamente farmácias (19%) e convencionados (10%).
  
O que diferencia o SNS de um sistema convencionado é a universalidade e equidade, garantidas pelo funcionamento público de hospitais e centros de saúde. Se estes fossem privatizados, ainda que parcialmente, como a cobertura financeira da população tem outras fontes para além do SNS, nos serviços anteriormente públicos assistiríamos à discriminação imediata no ponto de tratamento, em função da capacidade de financiamento de terceiros pagadores e do valor de co-financiamento pelo próprio utente. Nos serviços de prestação privada alargar-se-ia a lamentável diferença de acolhimento entre doentes a cargo do SNS e doentes pagos pelo próprio bolso ou por terceiros.
  
As redundâncias, quer na cobertura, quer no acesso aumentariam, com o correspondente disparar da despesa.
  
Assim se destruiria rapidamente a universalidade, a equidade e a desejada sustentabilidade.
  
O SNS pode ser racionalizado e tornado mais eficiente, de melhor qualidade e mais bom pagador. Prova-o a evolução da despesa entre 2000 e 2008. Até 2005, a despesa suportada pelo SNS cresceu, em média 5,7% por ano, com aumentos máximos de 7,1% em 2002 e 6,5% em 2005. Em 2006, a despesa diminui 3,9%, aumentou ligeiramente 4,1% em 2007 e apenas 0,9% em 2008. Tal foi conseguido em simultâneo com grandes ganhos de efectividade, avanços na qualidade, redução das listas de espera e criação de novos programas (unidades de saúde familiares, cuidados continuados, cheque dentista, cirurgia de ambulatório, saúde reprodutiva da Mulher). Desmantelar o SNS, mais que uma agressão ideológica, seria um grave erro económico.» [DN]

Autor:

António Correia de Campos.



 QUE FALTA DE NOBREZA

«Fernando Nobre confirmou igualmente que recebeu convites do PS e do PSD, e que apenas aceitou o convite de Passos Coelho porque tinha o pressuposto de que um independente poderia chegar ao segundo lugar na hierarquia do Estado.» [DN]

Parecer:

Escolheu o que dava mais.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «A isto chama-se prostituição política.»

 FERNANDO NOBRE MENTIU?

«O dirigente socialista Vieira da Silva afirmou, esta segunda-feira, "solene e definitivamente", que o PS nunca convidou o ex-candidato presidencial Fernando Nobre para algum lugar político e que apenas esteve com ele "num jantar de pessoas conhecidas".» [JN]

Parecer:

Ou mentiu ou escolheu o partido que lhe deu mais.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se um espectáculo tão pouco nobre.»

 A FEIRA DO GADO DO PSD
  
«Por isso, «com o lote das nossas cabeças-de-lista podemos dar volta ao texto e pôr o Pais novamente a crescer», sublinhou Passos Coelho.» [A Bola]

Parecer:

Este Passos Coelho fala de candidatos a deputados como quem fala de cabeças de gado!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

 SSERÁ DA ASFIXIA DEMOCRÁTICA?

«O formato que está pensado para a jornalista conduzir no canal de Balsemão não deve estrear-se nos próximos meses e a culpa é da conjuntura política portuguesa, diz Luís Marques.
 
O programa que está pensado para Manuela Moura Guedes conduzir na SIC não deve estrear-se nos próximos meses e a culpa é da conjuntura política portuguesa. "Estamos a preparar a nossa emissão por causa das eleições [a 5 de Junho]. Esta é uma altura complicada. Não vai ser fácil encaixar o programa da Manuela Moura Guedes", avançou Luís Marques.» [DN]

Parecer:

Ainda vamos ouvir a dona Moniz dizer que foi o Sócrates que fez pressão sobre Balsemão.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  


 ANKA AHURAVLEVA