FOTO JUMENTO
Insectos do Parque Florestal de Monsanto
37 ANOS DEPOIS, O QUE FALTA?
«Quando leio que Otelo Saraiva de Carvalho diz que se soubesse que "era para isto" não tinha feito a Revolução do 25 de Abril, a única coisa que me ocorre pensar é que está tudo louco. Explicam-me que atitudes como esta podem ser fruto dos céus e da influência dos planetas que não auguram grande tranquilidade para os próximos tempos e deixam as pessoas muito instáveis. Mas o que me parece mesmo é que este é um desabafo comum ao de muitos portugueses que ficam acabrunhados perante as adversidades. Acabrunhados ou arrependidos, duas magníficas características deste povo que não se libertou do peso da inquisição e que mal as coisas dão para o torto tem logo necessidade de limpar o pecado com a autoflagelação. Imagine-se o que seria da nossa história se Vasco da Gama se tivesse arrependido de ter descoberto o caminho marítimo para a Índia ou se Pedro Álvares Cabral tivesse feito o mesmo em relação ao Brasil. Ou até se Afonso Henriques não tivesse dado uma bofetada na mãe e posto na ordem os nuestros hermanos. A verdade é que lamentar os passos que se deram no passado não adianta nada. Um destes dias - já faltou mais - vamos todos clamar pela união a Espanha e considerar igualmente que a adesão à Comunidade Europeia foi o maior erro das últimas décadas. O melhor mesmo é aceitar as coisas como são e dar-lhes nomes. A actual situação em que Portugal se encontra resulta apenas de não termos sabido usar a liberdade e a democracia para construir um país diferente.
Se consultarmos o L'Observateur da OCDE, publicado em Fevereiro de 1974, verificamos alguns dados curiosos: em 1972 tinham emigrado 108 mil portugueses para a França, a Alemanha e os Estados Unidos; só a Turquia (69,4%) e a Grécia (37,3%) tinham mais percentagem de população activa empregada na agricultura que Portugal (30,6%); o PIB per capita era de 780 dólares (penúltimo lugar da tabela a seguir à Turquia - 440 dólares); o consumo de electricidade per capita era inferior ao milhar (884 kwh), o que também só acontecia na Turquia (260 kwh); só 6,6% da população tinham acesso ao ensino superior (5,6% na Turquia) e havia apenas 92 telefones, 74 automóveis e 49 televisores por cada mil habitantes.
Olhando para os números de ontem e de hoje, a única coisa que nos salta à vista é que 37 anos depois deixamos de ser comparados com a Turquia e a Grécia em número de telefones (temos mais telemóveis que população), carros e televisores. Ficou a faltar-nos uma outra revolução, a mais importante, a das mentalidades. Talvez seja a "isto" que Otelo se referiu quando resolveu fazer o seu mea culpa. Só pode ter sido.» [DN]
Autor:
Maria de Lurdes Vale.
BATOTA?
«Segundo uma nota ontem divulgada, a presença da troika em Portugal levou os técnicos do INE e do Eurostat a fazerem uma "análise urgente" das contas públicas, que apenas iam ser clarificadas em Outubro. Segundo o INE, todos os dados sobre os quais o Eurostat tinha levantado dúvidas foram "esclarecidos sem haver necessidade de se proceder a revisões com excepção do tratamento a dar a contratos envolvendo PPP".
"Após análise detalhada de um elevado número de contratos de grande complexidade, concluiu-se que três deles (dois dos quais correspondendo a contratos renegociados de ex-Scut) não têm a natureza de contratos PPP em que o investimento realizado é registado no activo do parceiro privado", lê-se. Ora, no entender dos técnicos, como os utilizadores finais pagam a maioria dos custos do serviço através de portagens, o investimento realizado deve ser registado no activo da entidade que recebe os pagamentos. "Uma vez que as portagens constituem receita das administrações públicas, os activos integrados nos contratos são considerados investimentos das administrações públicas, afectando em consequência a respectiva necessidade de financiamento", diz o INE. E os pagamentos futuros aos parceiros privados não são considerados. » [CM]
Parecer:
A jornalista Diana Ramos, do CM, tem um conceito muito original de batota.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se à jornalista onde está a batota.»
PERITO NÃO ACONSELHA IDA DE MULHERES A MARTE
«"A mulher no espaço disciplina a tripulação. No sentido em que a tripulação trata de si, preocupa-se com o seu aspecto externo, etc. Quando há uma mulher na tripulação, isso é um factor positivo", declarou numa entrevista à agência Interfax. Porém, Bogomolov, que dirige o instituto russo que estuda o comportamento das tripulações no espaço, não tem a certeza de que seja recomendável incluir mulheres nas tripulações que irão viajar para Marte. "Há questões a que não posso responder e essa é uma delas. Penso que ninguém sabe a resposta", considerou ele.
Segundo este perito, as viagens a Marte implicam, além de um grande período de permanência nas condições duras do espaço, "sérias cargas físicas, psíquicas e emocionais". "Desse ponto de vista, é preferível enviar uma tripulação puramente masculina", sublinhou. Foi esta razão que levou o Instituto de Problemas Médico-Biológicos da Rússia a escolher apenas homens para a experiência de uma imitação do voo a Marte, que decorre actualmente em Moscovo. O cientista russo revela que essa decisão se deve também ao fato de terem ocorrido problemas na Estação Espacial Internacional, que se encontra actualmente em órbita.» [DN]