Paulo Portas costuma ser criticado pelas suas ausências prolongadas que denunciam uma estratégia do líder centrista de não dar a cara pelas medidas mais duras, optando por aparecer nos momentos mais agradáveis. Sucede que o suposto líder da oposição aparece ainda menos do que o Paulo Portas, se não fosse deputado nem sequer teria que suportar a chatice dos debates quinzenais. Parece que Seguro apenas queria chegar ao conforto da liderança do PS e agora vai desfrutando as mordomias do cargo, gabinete, vencimento livre de grandes austeridades, carro e motorista, algumas viagens ao estrangeiros, umas almoçaradas oferecidas e muito pouco para fazer.
O governo negoceia com uma pequena central sindical impondo-lhe uma eliminação de muitos direitos dos trabalhadores, direitos adquiridos com mais mérito e mais merecidos do que a pensão que o Luís Cunha recebe do Banco de Portugal e o que tem a dizer o líder da oposição, secretário-geral de um partido que transporta a designação de socialista? Nada.
O governo adopta uma lei que terá como consequência o encerramento de milhares de microempresas e o despejo de dezenas de milhares de famílias e o que diz António José Seguro? Dão-se alvíssaras a quem souber o que pensa o líder do PS sobre o tema.
O governo decidiu cortar os subsídios a parte dos portugueses não hesitando em concentrar o grosso da austeridade sobre os funcionários públicos e o que fez o líder da oposição? Lamuriou-se sugerindo o corte de apenas um dos subsídios, nem sequer questionando a constitucionalidade da medida e no momento da votação absteve-se. Foi tão incompetente que fez o frete e ainda acabou gozado pela direita que, com razão, lembrou-lhe as posições de apoio ao orçamento que assumiu ainda antes de conhecer o documento.
Começa a ser tempo de Seguro se explicar aos eleitores do seu partido já que os militantes parecem aceitar as suas posições, os portugueses precisam de saber se o líder do PS é o líder da oposição ou se desempenha o papel de ministro sombra do governo de Passos Coelho. Os eleitores do PS precisam de saber se o líder do PS honra o programa do seu partido ou se prefere colocar acima deste a sua amizade e negócios privados com Passos Coelho. Os país precisa de saber se o PS ainda é um partido ou é uma espécie de loja do PSD de Passos Coelho.
Compreende-se que Seguro não seja tão brilhante como se desejaria, que simpatize mais com o seu amigo Passos Coelho do que com o seu antecessor na liderança do partido, que aprecie mais o estatuto de líder partidário do que o de membro do governo, mas os portugueses precisam de saber se podem continuar a contar com o PS ou se é melhor irem procurar outro lado para fazer oposição a este governo.