Ontem o Correio da Manhã dava conta da atrapalhação dos cavaquistas que andam desorientados com as intervenções públicas de Cavaco Silva, as asneiras presidenciais a que os próprios cavaquistas designam por Cavaquices. Acusam Nuno Liberato, chefe da Casa Civil, de não controlar devidamente Cavaco Silva, “monitorizar” o Presidente é a expressão usada.
Os cavaquistas não estão preocupados nem com a lucidez ou o estado de saúde de Cavaco Silva e muito menos com o país, esperavam que Cavaco Silva se arrastasse alegremente até ao fim do mandato e nessa altura seria substituído por outro cavaquista da pandilha. Só que Cavaco tem momentos de descontrolo não dando tempo ao chefe da Casa Civil sugerir aos jornalistas que não façam perguntas e têm saído algumas asneira. Se no caso das vacas da Graciosa a coisa se ficou por uns sorrisos, nas declarações miseráveis sobre as suas pensões o caso foi mais sério pois o Presidente da República ofendeu milhões de portugueses que ganham miseravelmente.
Há muito que há dois Cavacos, um Cavaco que lê discursos e responde a perguntas combinadas e um segundo Cavaco que quando abre a boa espontaneamente ou entra mosca ou sai asneira. É evidente que o Cavaco da Presidência é muito diferente do Cavaco primeiro-ministro, noutros tempos a sua mão não tremia, o raciocínio era mais límpido e o sentido de humor não acabava em disparates hilariantes. Ou Cavaco não está bem ou a sua cabeça acusa os problemas da idade, ainda que de forma mais precoce.
A forma como os cavaquistas são retratados a referir-se a Cavaco Silva evidencia uma grande falta de confiança nas suas capacidades intelectuais, algo que noutros tempos nem ousariam pensar. Dizer que Cavaco deve ser monitorizado é o mesmo que dizer que Cavaco já não está completamente na posse das suas capacidades e alguém deve acompanhá-lo para se certificar que não faz comentários públicos quando não está em condições para isso.
O país pode confiar ou aceitar ter como Presidente da República alguém que precisa de ser monitorizado para não dizer asneiras? É evidente que não e num momento de grave crise começa-se a questionar quem manda verdadeiramente em Belém?