Ao ritmo a que o governo faz asneiras o jornal Expresso devia poupar nas sondagens, a última que dá conta de uma subida do PSD não resiste à imagem de um velhinho guloso a “abicha cinquenta mil dele” enquanto Passos Coelho tenta convencer-nos de que não teve nada a ver com o assunto. Esta poderá ter sido a última semana deste governo, daqui para a frente teremos desgoverno.
O Batanete da Rua da Horta Seca começa a fazer lembrar o ministro da informação de Sadam, nem patrões, nem sindicatos aceitam a meia hora de trabalho escravo mas o ministro insiste enquanto pergunta ao país porque não existe uma multinacional dos pastéis de nata. O rigoroso Gaspar espetou-se e fez um orçamento que levaria qualquer aluno de economia ao chumbo em política económica, desta vez foi o próprio a inventar um desvio colossal e começa a ser evidente que as previsões para 2012 não passaram de meros palpites optimistas.
Quem tivesse passado às 13 horas de ontem pela esplanada do Martinho da Arcada, em Lisboa, teria visto um único cliente (um!) enquanto o balcão estava meio, algo que só num dia feriado seria possível. Não é preciso ser economista para ver que a economia está a afundar-se e que a contracção económica vai ser superior aos 2,8% do Gaspar, aos 3% da Comissão ou aos últimos 3,1% do Banco de Portugal, depois de terem promovido o pessimismo desdobram-se agora em mentiras optimistas.
A capital definha, os restaurantes fecham, o pequeno comércio vai fechando as portas e são muitos milhares de lojas fechadas, a classe média adopta os hábitos da classe operária dos anos 60 e vai de marmita para os empregos. Já não são apenas os pobres a revoltarem-se, agora são todos e até os empresários já começam a recear o pior, já não se vê o centrista da UNICER a fazer contas aos lucros que conseguirá com trabalho escravo ou o presidente da CIP a multiplicar propostas de cortes dos direitos dos trabalhadores.
Sente-se medo e revolta, no mercado, na mercearia, na rua, no autocarro ouve-se um povo revoltado, em todo o lado sente-se o medo do que pode acontecer num país que gente incompetente transformou numa panela de pressão. Dizem que o povo é manso, que por cá não sucederá nada como na Grécia, mas a verdade é que começa a ser mais difícil entrar no ministério das Finanças do que numa base da NATO, parece que o ministro Gaspar anda cheio de medo e as medidas de segurança foram reforçadas. Afinal há quem não esteja assim tão convencido da brandura do povo. Num país onde os governantes nunca tiveram medo de andar na rua começa a ser difícil ver um, há poucos meses era fácil ver o ministro da Administração Interna beber a bica no Martinho ou cruzar-nos com o ministro da Justiça nas arcadas do Terreiro do Paço, hoje os ministros andam escondidos do povo.
Compreende-se a cobardia dos governantes, ouve-se gente a falar baixa, entre o ranger dos dentes são audíveis os sinais de revolta, personagens como o governador do Banco de Portugal ou o Eduardo Catroga andam na boca de toda a gente, são os símbolos vivos da injustiça social, do abuso, do oportunismo.
Este governo evoluiu da incompetência para a irresponsabilidade, entregue a gente pouco sociável, que sempre viveu enfiada nos livros do Milton Friedman, o governo achou que podia transformar os portugueses em cobaias de estudos destinados a produzir artigos para revistas de economia. Transformaram-nos em ratinhos de laboratório com que o Gaspar ou o Álvaro se divertem a brincar, querem empobrecer o país ajustando-os a um modelo imaginário e decidiram fazer engenharia social, pensaram que lhes bastaria aumentar o orçamento das polícias para ficarem descansados.
Agora enfrentam uma realidade explosiva em consequência da irresponsabilidade, brincaram enquanto regaram o país com gasolina, agora com decisões como o assalto aos dinheiros da EDP estão a brincar acendendo fósforos. Veremos quais vão ser as consequências de tanta brincadeira.