Quando o primeiro-ministro de um país que é o que apresenta maiores problemas de qualificação profissional, que é um dos mais cultos da Europa e cujo atraso sempre esteve associado a problemas associados às insuficiências da sua escola sugeri a emigração em massa dos professores foi aplaudido por muita gente. Até houve quem tivesse sugerido a criação de uma agência para a emigração, muitos vieram teorizar sobre o tema e o Relvas exaltou de nacionalismo mostrando o exemplo da diáspora.
É uma pena que a máquina de propagando do governo tenha conseguido abafar o assunto e tenha feito desaparecer o problema da comunicação social. Seira interessante reflectir sobre a fuga do país por parte de muitos dos seus melhores quadros. São investigadores, médicos, professores, engenheiros, gente que custou milhões ao país que agora são forçados a fugir. Nem todos os professores universitários contam com o conforto do Banco de Portugal, nem todos alimentam o seu currículo com o lixo intelectual dos papers que estão para as universidades como os derivados estão para o mercado de capitais.
Toda essa gente que não aceita viver sem subsídios e ser empobrecida por um qualquer Gaspar que há poucos meses ninguém conhecia ou reconhecia como grande economista, partem sem olhar para trás. Há quem esteja a abandonar o país com mais de cinquenta anos e sem se dar ao trabalho de esperar pelo fim do ano lectivo. Um dia destes as nossas universidades pagarão bem caro esta perda de quadros.
Somos governados por gente que odeia o Estado, tiveram de entrar em universidades privadas de segunda linha porque não conseguiram entrar nas estatais, arranjaram empregos no sector privado porque não conseguiram passar nos concursos do Estado, chegaram ao sucesso graças à política e agora governam vingando-se do Estado.
Por vezes quase nos interrogamos se os nossos governantes gostam mesmo do seu país ou se teremos chegado ao ponto de estarmos a ser governados por quem além de odiar o Estado odeia também Portugal. Quem está a tratar o país desta forma o país não deve gostar muito dele.