Cavaco Silva terminou mais um ano na Presidência da República o que significa que ainda terá de se arrastar num cargo para o qual não tem nem dimensão política, nem humana para desempenhar. Para que os portugueses não se esquecessem da sua efeméride decidiu fazer uma lamúria que diz muito do ser humano que é.
Quando o país enfrenta uma crise financeira que o asfixia e se esperava um Presidente da República capaz de representar os sentimentos de um país, temos um velhote egoísta em Belém. Quando centenas milhões de portugueses vivem com menos de quinhentos euros o Presidente da República apela à solidariedade porque os sus mais de dez mil euros não dão para as despesas.
Cavaco Silva foi o pior Presidente da República que Portugal teve mas não apenas pelo seu mau desempenho a todos os níveis, mas porque é um homem egoísta para quem o eu está acima do país e de todos os portugueses. Não é a primeira vez que Cavaco aborda o país na perspectiva dos seus próprios interesses, nele o “eu” está sempre presente no discurso.
Há quem questione a lucidez de Cavaco, há os que duvidam do seu estado de saúde desde que no famoso de bate com Mário Soares teve de agarrar uma mão com a outra para que não tremesse. É evidente que o discurso oral de Cavaco Silva apresenta momentos que parecem ser de falta de lucidez, há uma diferença abissal entre o Cavaco que lê discursos preparados ou que responde às perguntas combinadas entre assessores e jornalistas e o Cavaco espontâneo que responde a perguntas inesperadas. Dantes engasgava-se com o bolo-rei, agora deixa o país quase envergonhado com o presidente que tem.
Cavaco nunca deveria ter sido eleito Presidente da República depois do negócio com as acções do BPN, durante o primeiro mandato deu provas suficientes de que não estava à altura das exigências do cargo e deveria ter-se demitido com o escândalo das escutas a Belém. Agora além de perder a credibilidade parece ter perdido uma boa parte da lucidez.
Não seria mais digno Cavaco apresentar a sua demissão do que arrastar-se durante mais quatro penosos anos? Poupe o paíos a baboseiras e ao espectáculo triste de ver um Presidente apupado e gozado por tanta gente.