Quando Eduardo Catroga justifica o ordenado que os chineses lhe vão pagar para dizer que sim a tudo com o argumento de que pagará 50% de impostos e que por via da fiscalidade está a contribuir para os mais carenciados está a gozar com o povo.
Quando Passos Coelho diz que nada tem que ver com as escolhas da EDP quando esta convida personalidades do PSD a quem deve favores políticos e completa a escolha com alguém do CDS para respeitar a coligação só pode estar a gozar com o povo.
Quando o ministro Álvaro é convidado para falar de competitividade da economia portuguesa numa conferência e se lembra de que poderíamos ter uma multinacional do pastel de nata só pode estar a gozar com o povo.
Quando um presidente usam argumentos que questionam a constitucionalidade de medidas do OE e depois promulga o OE, sabendo-se que ficará livre das medidas que aprovou por ser pensionista do Banco de Portugal, só pode estar a “gozar” com o povo.
Quando um ministro das Finanças usa estimativas erradas para prever as receitas fiscais de 2012 para ainda antes do orçamento aprovado admitir que este não será realizável, só pode estar a gozar com o povo.
Quando na calada do fim-de-semana o ministro da Defesa abe uma excepção ao corte nos subsídios a militares no pressuposto de que há que pagar para ter as tropas ao lado da austeridade, só pode estar a gozar com o povo.
Quando o governador do Banco de Portugal encomenda sucessivas vagas de austeridade ao governo mas exclui os seus funcionários dessas medidas de austeridade, só pode estar a gozar com o povo.
Quando um Paulo Portas que prometeu ir para o governo para se opor ao extremismo de Passos Coelho agora desaparece a troco de um tacho para a Celeste Cardona e de uns copos de espumante nos palácios diplomáticos por anda desaparecido, só pode estar a gozar com o povo.
Quando os goebelzinhos assessores de propaganda de Passos Coelho sugerem às colunas sociais que vão fotografar a dona Laura, uma fisioterapeuta que apesar da austeridade brutal continua tranquila com o seu hábito de beber o cafezinho, só podem estar a gozar com o povo.
Quando o Vítor Gaspar, o mais extremista ministro das Finanças que a Europa já conheceu, descobre que provocou um desvio colossal no défice de 2012 ainda antes do ano ter começado e depois de se saber que o governo já tem preparado mais uma pinochetada financeira vem garantir que não adoptará mais medidas de austeridade, só pode estar a gozar com o povo.
Até quando acharão estes que o povo está disposto a ser gozado, a ver gente a enriquecer enquanto se passa fome, a ver altos responsáveis a proteger os seus enquanto encomendam sofrimento para os outros, até quando?