domingo, janeiro 22, 2012

Semanada


Parece que nesta semana acabou a paranóia colectiva da caça ao maçon com muito boa gente a sugerir que os maçons se identificassem, nada que, afinal, já não tivesse acontecido, os alemães também sentiram a necessidade de os marcar e equipararam-nos aos políticos da oposição pelo que deveriam andar com uma braçadeira com um triângulo vermelho. Mais um pouco e a ministra da Justiça teria tido esta brilhante ideia, se andassem com uma braçadeira e um número tatuado no braço nunca poderiam enganar os coitados do PSD que nesta coisa de negócios corruptos e bancos falidos são tão virgens como a santa Madalena. Mas, de repente a semana dos cristais contra os maçons terminou, até parece que alguém percebeu que toda essa polémica começava e acabava no PSD, quando alguns começaram a sugerir que Passos Coelho seria íntimo do agente secreto os jornais baniram o assunto.

Para ajudar Passos Coelho a evitar explicações contribuiu o debate sobre as nomeações do governo, que alguns dizem destinar-se a favorecer o pessoal do PSD. Estão enganados, o governo resolveu agarrar a ideia que o Batanete da Rua da Horta Seca teve em tempos de transformar o Algarve na Florida da Europa e para testar a testar decidiu criar um grupo de velhos ricos portugueses para verificar a sua apetência pelo clima algarvio, foi por isso que decidiram dar tachos a septuagenários e a doentes do foro neurológico. É isso que explica a nomeação de velhotes gulosos como o Catroga e o Vasco Graça Moura ou doentes como o Paulo Teixeira Pinto, ao contrário do que dizem os mais maldosos, o governo tem mesmo fortes preocupações sociais e ao contrário do que sugeriu a Manuela Ferreira Leite dá especial atenção a velhotes e doentes.

Por se falar de Manuela Ferreira Leite parece que o nível intelectual do cavaquismo não está a passar pelos seus melhores momentos, depois de Manuela Ferreira Leite sugerir que o país deveria apertar com os velhos de 70 anos, com excepção do Catroga e do Vasco Graça Moura, veio Cavaco Silva mostrar como estão longe os tempos em que sabia fazer contas. Começa a ser cada vez mais evidente a diferença entre o discurso oral preparado pelos assessores e o discurso oral espontâneo de Cavaco Silva. Começa a ser tempo de se questionar se Cavaco tem apenas tremeliques nas mãos.

Tratados os velhinhos gulosos o governo reuniu-se para celebrar o acordo de concertação social que os patrões impuseram ao sindicato dos bancários e os dois impuseram ao Batanete da Rua da Horta Seca, o tal que achava que a economia seria competitiva se fosse reintroduzida a escravatura. A ocasião era tão importante que até o Paulo Portas que andava desaparecido em parte incerta reapareceu para prometer que iria dar a boa nova por esse mundo fora, que os trabalhadores portugueses já eram mais mansos do que os chineses. Razão teve a moçoila da agricultura ao vestir-se com vestido preto e casaco branco, só faltavam umas carpideiras contradas por adjudicação directa pelo gabinete do Relvas para que na mesma cerimónia se assinasse o acordo e se procedesse ao funeral do Álvaro. Já nada prende Batanete da Rua da Horta Seca ao governo e será de esperar que o Álvaro vá lançar a primeira cadeira internacional de pasteis de nata em Vancouver.

Ironia do destino, quando o Álvaro deixou de ser necessário ao governo este parece homenageá-lo com o primeiro-ministro e o Gasparzinho a retomar uma velha afirmação que em tempos foi do Álvaro, que 2012 seria o ano da viragem. Nesse tempo o discurso era o do pessimismo e o Gasparzinho mandou calar o Batanete da Rua da Horta Seca, agora que o Gasparzinho receia uma contracção económica muito maior do que o desejado já vende optimismo e até imita o colega que tratou como idiota em pleno conselho de ministros, quando lhe perguntou qual das três palavras não tinha percebido, depois de lher ter dito “não há dinheiro”. A verdade é que o actual discurso optimista de Gaspar e Passos Coelho é precisamente o que disse o Álvaro em Novembro passado e que rapidamente foi abafado pelo responsável das Finanças:

«"Os indicadores mostram muito claramente que a recessão e o desemprego irão aumentar nos próximos tempos, todos sabemos isso. Sabemos que vai aumentar o desemprego e que as condições ainda vão piorar antes de melhorarem", disse Santos Pereira, no final da Comissão de Orçamento e Finanças, Segurança Social e Trabalho.» [JN]

Talves o melhor será ensinar o Gasparzinho a fazer pastéis de nata!