segunda-feira, janeiro 30, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Chafariz das Janelas Verdes, Lisboa
 
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Badajoz [A. Cabral]
      
Jumento do dia


Pedro Passos Coelho

Depois de ter transformado a página oficial do governo numa página de propaganda o primeiro-ministro entretém-se a produzir vídeos para preencher o espaço. Desta vez apelou a ideias para discutir com o primeiro-ministro. Bem, esperemos que o Álvaro se inscreva e discuta com o primeiro-ministro a ideia da multinacional do pastel de nata.

«"Estamos a fazer transformações importantes em Portugal e é importante que, durante este período, possamos alargar e aprofundar o debate democrático e isso não se faz sem a participação de todos os cidadãos", afirma o primeiro-ministro num vídeo de um minuto e meio publicado hoje na página da plataforma digital do Governo ‘O meu movimento', lançada no início do ano, na rede social Facebook.

Pedro Passos Coelho explica que "esta ideia simples permite que aqueles que têm boas ideias para o País as possam lançar na plataforma do Governo e depois discuti-las, nomeadamente com o primeiro-ministro", uma vez que o movimento mais votado terá direito a uma audiência com o primeiro-ministro.» [DE]
     
 

 A voz dos donos

«No passado dia 16, a RTP transmitiu o Prós e Contras directamente de Luanda. Não vi, mas deve ter sido bonito. Comentários avulsos confirmaram as minhas suspeitas: moderados pela lendária Fátima Campos Ferreira, uma comitiva liderada pelo ministro Relvas e composta pelos pechisbeques empresariais e "culturais" da praxe tagarelou amenamente com a nomenclatura do regime angolano. Ao exercício, a RTP chamou Reencontro. Outros chamaram-lhe coisas piores: manipulação política, sujeição de meios públicos aos apetites do Governo, subserviência às criminosas elites locais, etc.

Pedro Rosa Mendes, escritor e jornalista, foi um dos críticos severos da coisa. Aos microfones da Antena 1, onde assinava uma crónica regular, sublinhou o carácter "nauseante" e "mistificador" (cito) que a coisa exibiu. Pouco depois, viu-se informado de que a sua colaboração com a RDP terminara. Para não tornar a represália ainda mais óbvia, a RDP terminou inclusive com o espaço de opinião diário em que a crónica semanal de Pedro Rosa Mendes se inseria.

O caso teve repercussões. O Bloco de Esquerda questionou Miguel Relvas sobre a matéria, lembrou a recomendação do economista João Duque, que defendeu a utilização dos media estatais sob orientação dos Negócios Estrangeiros, e sugeriu a prática de "um acto de censura inaceitável num estado democrático". Com divertido descaramento, o PS afirmou-se empenhado em apurar se "houve alguma influência da tutela para que a Direcção de Informação ou de Programas tomasse esta posição em relação a uma opinião livre, ou se estas direcções, para fazerem algum frete ao Governo, tomaram esta decisão". E uma senhora Raquel Freire, colega de programa de Pedro Rosa Mendes na Antena 1 e entretanto também airosamente enxotada, perguntou na crónica final: "Para que serve uma rádio pública e um serviço público?" De seguida, colocou duas possibilidades: "Para dar voz às pessoas ou para ser a voz do dono?"

Não sei o que é mais comovente, se a candura dos senhores da RDP, que atribuíram o cancelamento a decisões de gestão anteriores ao texto "angolano" de Pedro Rosa Mendes, se a inocência dos que condenam o dito cancelamento e ignoram, ou fingem ignorar, as circunstâncias que lhe estão subjacentes. A resposta a Raquel Freire é óbvia e responde a tudo o que envolve o serviço público de rádio e de televisão, que nunca tentou ser nada de diferente da obediência e da propaganda. Se tentasse, provavelmente não o conseguiria.

É triste que alguns apenas descobrissem tamanha banalidade em 2012. É trágico que uns tantos hesitem em admitir a descoberta após décadas disto. É previsível que poucos saberão tirar daqui as conclusões devidas, leia-se que a defesa da RTP e da RDP é incompatível com aspirações a uma informação isenta. Não se espera que um único dos políticos tão indignados com o Reencontro quanto ávidos de poder promover "Reencontros" similares mude de opinião. No máximo, talvez o episódio ensine os que genuinamente apreciam a liberdade a evitar futuras colaborações com o "serviço público", que serve a voz do dono e só a voz do dono, seja o dono quem for e queira o público o que quiser.» [DN]

Autor:

Alberto Gonçalves.
   

 A crise é cada vez mais europeia

«Paulo Rangel considera que "sem uma solução europeia para a crise do Euro, Portugal fica numa situação mais vulnerável". O deputado reconheceu que há uma crise nas finanças nacionais, mas salientou que é também uma crise da própria moeda, pelo que "é preciso uma solução que jogue nos dois tabuleiros".

Para o deputado, apesar dos esforços, Portugal pode ser arrastado pela demora numa solução europeia. "Quando vemos os sinais de alarme crescerem, o que eles documentam não é tanto a ideia de que Portugal pode entrar em bancarrota, é mais profundo do que isso: se não houver uma solução sistémica para a Zona Euro, os países mais vulneráveis, entre os quais Portugal, vão sofrer e pode gerar uma situação de descontrolo", admitiu.» [CM]

Parecer:

Aos poucos todos vão dizendo o que era óbvio desde a primeira hora.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se a falta de honestidade intelectual desta gente.»
  
 Pobre Sarkozy

«A chanceler alemã, Angela Merkel, vai participar em iniciativas conjuntas com o presidente Nicolas Sarkozy durante a campanha eleitoral francesa, na primavera, anunciou hoje o secretário-geral da CDU, Hermann Gröhe, em Paris.» [Expresso]

Parecer:

O último alemão que foi a Paris fazer política foi um tal Adolf.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso de pena pelo marido da Bruna.»
  
 Cavaquistas querem correr com o Gasparoika

«É absoluta a discordância de algumas das mais proeminentes personalidades do cavaquismo e do próprio Presidente da República sobre a condução da política orçamental e as prioridades para a organização das finanças públicas, que têm sido adoptadas pelo Governo.» [Público]

Parecer:

Só com o Gasparoika?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pobre Gasparzinho.»