No tempo em que a economia não estava democratizada, quando a EDP ainda era controlada pelo Estado, nessa época em que os portugueses sofriam de asfixia democrática e os cargos estatais eram ocupados por boys socráticos os nomes dos administradores da EDP ou do seu conselho de supervisão era quase desconhecidos, o único que poderia ser reconhecido na vida partidária era o de António Mexia, foi ministro de um governo de coligação da direita. Agora que a EDP foi democratizada, já depois de Passos Coelho ter dispensado a golden share, a lista de nomes do conselho de supervisão poderia muito bem ser uma lista concorrente ao conselho nacional do PSD.
Mas, mais grave do que a coincidência dos nomes é haver igualmente coincidência no facto de Passos Coelho estar em dívida para com os escolhidos, todos lhe fizeram fretes nos últimos tempos. Ou, coincidência das coincidências, os accionistas da EDP escolheram precisamente as personalidades com quem o primeiro-ministro tinha contas para acertar, ou teremos de sugerir que as escolhas foram contrapartidas de favores do poder.
Depois de o novo senhor chinês da EDP reconhecer que tinha comprado a EDP em saldo e de ser mais ou menos óbvio que não só o governo tudo tem feito para que os chineses controlem a empresa com menos de um quarto das suas acções como ainda tenciona ceder-lhes os 4% que ainda detém no capital da EDP. Nos dias de hoje já não há almoços grátis e muito menos com pauzinhos, ninguém acredita que o CC do Partido Comunista da China se tenha apaixonado pela direita portuguesa ou que tenha descoberto em Gaspar ou relvas um novo farol do comunismo ou um grande timoneiro. Os favores foram feitos e certamente foram ou serão pagos.
O negócio serviu para que os portugueses percebessem melhor o conceito de pentelhos do velo senhor que alguém promoveu de licenciado a catedrático a tempo parcial 0%, questionado pelos mais de 50 mil euros mensais o pobre senhor queixou-se do facto de quase metade ir para impostos. Compreende-se que o catedrático se queixe da ninharia que vai juntar à choruda pensão de reforma da SAPEC, o velhote vai fartar-se de trabalhar, em cima disso será obrigado a mais meia hora por dia, para no fim do mês trazer para casa a ninharia de pouco mais de 25.000 euros líquidos! Como dia o Américo Amorim, com esse dinheiro nem conseguia pagar os pensos higiénicos!
Agora percebemos que para Catroga 25 mil euros mensais, com direito a subsídios, não passam de pentelhos, isto é, aos fretes que Passos Coelho já lhe devia vai ter de acrescentar o de ter de dar ao António Mexia o número da sua conta bancária para que o presidente da EDP lhe transfira os 25 mil de pentelhos a que tem direito. Esperemos que um dia destes a EDP não mude a sede para a Holanda para que o catedrático zero possa receber os seus pentelhos livres de impostos.
Num país onde se passa fome por causa da austeridade o governo usa o poder que tem para forçar as empresas a pagar as dívidas políticas do líder do PSD, num país onde se cortam vencimentos, se aumenta o horário de trabalho e onde o desemprego não para de aumentar um velo senhor anafado e com idade para se reformar vai “abichar” mais de 50 mil por mês sem ter de trabalhar uma única meia hora das que o Álvaro quer acrescentar ao horário de trabalhos dos mais pobres.
Nem no fascismo a pouca-vergonha da direita foi tão grande!