É bonito ver um tal Costa que é governador do Banco de Portugal apoiar e sugerir mais medidas de austeridades, é reconfortante ouvir Cavaco Silva falar de solidariedade e coesão social, ficamos sensibilizados quando nos recordamos das posições de Manuela Ferreira Leite me defesa dos pobres, admiramos Vítor Gaspar pela firmeza na defesa de medidas duras. Mas estes senhores não estão unidos apenas na luta contra a crise, une-os igualmente o facto de não só não sofrerem com a crise como beneficiarem de pertencer a uma organização mais opaca do que a Maçonaria, menos transparente do que as Máfias e mais solidária do que irmandades como a Opus Dei, o Banco de Portugal.
Há anos que numa lógica de “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é estúpido ou não tem arte” o Banco de Portugal auto isenta-se de qualquer medida de austeridade, mantendo todas as mordomias. Já se sabe que não cortaram os subsídios e preparam-se para fazer o mesmo às pensões, incluindo as pensões absurdas como as de um tal Luís Cunha, reformado desde tenra idade com mais de 7.000 euros. Desta vez o senhor governador, o tal que ofende deputados como se o parlamento fosse a tasca da esquina, ainda sentiu a necessidade de dar umas justificações mirabolantes, disse o homem que apesar de aumentos resultantes do aumento do pessoal conseguiu cortes de mais de 6%, só é pena que não tenha explicado a receita ao secretário de Estado da Administração Pública, um seu subordinado no banco, para aplicar a mesma receita na Função Pública.
A verdade é que Cavaco Silva pode promulgar o orçamento porque está a salvo das suas medidas, o Luís Cunha pode apoiar a austeridade porque está de fora, o Vítor Gaspar pode empobrecer os portugueses porque ele vai regressar ao BdP e ficar a salvo das suas políticas, o mesmo sucedendo com o secretário de Estado da Administração Pública. Por outras palavras, podem travar os portugueses à vontade porque souberam salvaguardar os seus interesses no Banco de Portugal onde o dinheiro dos portugueses serve para alimentar burros a pão-de-ló longe do alcance da vista dos contribuintes.
Agora que tanto se fala da maçonaria e de organizações supostamente secretas compare-se o secretismo dessas organizações com as do Banco de Portugal. Tente-se saber quanto se ganha, como é gerido o fundo de pensões e compare-se com o funcionamento interno da Maçonaria. A verdade é que o secretismo em torno de alguns temas no Banco de Portugal é total, é escondido dos olhos dos portugueses pelos seus responsáveis para que possa manter os seus privilégios independentemente do que suceda no país.
O Banco de Portugal não é inspeccionado por ninguém, a incompetência dos seus governadores e quadros, como se viu recentemente com o BPN e o BPP; é perdoada, o seu governado dirige-se aos eleitos pelo povo como se estivesse numa conversa de bêbados, o Banco de Portugal é uma confraria secreta do Estado mantida com o dinheiro dos portugueses e que subsiste à margem de qualquer controlo. Os seus governadores apoiam sempre os governos que em troca lhes mantém o estatuto de privilégio.
É por isso que o Banco de Portugal não vai cortar nas suas pensões, da mesma forma que não cortou nos seus subsídios, da mesma forma que ao longo de 20 anos estuda a realidade económica portuguesa mas na hora dos seus gestores e funcionários consulta a situação económica da Suíça e aplica-a internamente. O que se passa no Banco de Portugal é uma vergonha, um abuso e uma falta de respeito e consideração pelos portugueses.