sexta-feira, janeiro 20, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Convento de Arroios, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento 


Cabeçudo, Viseu [J. Carvalho]
   
Jumento do dia


Bernardino Soares
 
Começa a ser evidente que quando o PCP quer que se sinta nojo das suas posições vai buscar o Bernardino Soares. Ver o partido que ajudou a direita a chegar ao poder inventar agora cambalhotas para apoiar o corte dos subsídios só pode provocar vómitos.

A verdade é que o PCP apoia este governo de direita desde a primeira hora, só é pena que não o assuma, que não diga aos portugueses que prefere um governo da extrema direita a um governo do PS.

«Apesar de considerar que o documento é inconstitucional, o PCP discorda dos fundamentos apresentados pelos deputados do PS, que, disse, não estiveram disponíveis para alterar o texto.

Um desses fundamentos é, designadamente, o âmbito da inconstitucionalidade dos cortes no 13º e 14º meses, sendo que para o PCP tanto é inconstitucional um corte dos subsídios para os funcionários públicos como para o conjunto dos trabalhadores portugueses.

"O PCP considera, naturalmente, que as normas que têm vindo a ser discutidas e muitas outras do Orçamento do Estado sofrem, de facto de inconstitucionalidade e contrariam a Constituição. Entendemos isso há muito tempo e continuaremos a entender. Estaríamos, por isso, disponíveis para subscrever um pedido de fiscalização da constitucionalidade", disse Bernardino Soares.» [DN]

 Se navegar não beba

Sabe-se que o comandante do "Costa Concordia" comeu bem e bebeu muito melhor momentos antes de atirar com o navio contra as rochas. Num mundo em que a segurança se tornou quase numa doença e onde se combate ferozmente o consumo de álcool pelos condutores como é possível que não haja qualquer controlo sobre o que bebem os responsáveis por um navio com mais de 4000 pessoas a bordo?
 
Recorde-se que tal como sucede com os acidentes de automóveis também nos acidentes envolvendo navios é muito frequente a presença de aácool, foi o caso por exemplo, do naufrágio do "Exxon Valdez".
     
 

 Sensibilidade social

«Luís M. é empregado numa pastelaria que frequento com regularidade. Em 2009 foi submetido a uma delicada operação cirúrgica e teve um período de baixa de 4 meses até regressar ao trabalho.

Na sequência da baixa recebeu da Segurança Social um valor de compensação que lhe pareceu mais elevado do que aquele que deveria receber. Gostando de ter contas certas, dirigiu-se aos serviços da Segurança Social, e só à terceira tentativa, conseguiu que a sua senha fosse chamada antes de iniciar o turno no café. Explicou a sua dúvida e a senhora que o atendeu rapidamente o despachou com a certeza de se ele tinha recebido aquela quantia era de certo a devida. Ele ainda insistiu, procurando que ela pudesse confirmar o valor, enquanto a senhora já premia o botão para chamar a senha seguinte e, já em despedida, reafirmou-lhe que não se preocupasse, estava tudo certo. O Luís recebeu há duas semanas uma notificação da Segurança Social instando-o a pagar, no prazo de 30 dias, 710 € que indevidamente lhe foram entregues em 2009. O Luís, ao mostrar-me a notificação e perguntando-me o que deveria fazer, adiantou-me que não tinha qualquer possibilidade de pagar ate ao final do ano aquele valor, tinha até já conseguido receber adiantado o subsídio de férias para fazer face ao pagamento das propinas do 2º semestre do seu filho que começou a estudar na universidade, e a mulher continua desempregada vai já para 6 meses e as contas em casa estão muito apertadas.

Certamente muitos poucos portugueses, entre as dezenas de milhares que foram agora notificados pela Segurança Social, terão ido, como o Luís, inquirir sobre o valor aparentemente recebido em excesso. Porque não repararam ou pressentindo que o valor recebido era maior que o esperado, sorriram e sentiram que ao menos uma vez o Estado estava a ser generoso, ou talvez tivesse havido uma qualquer alteração de lei mais favorável. É justo que o Estado reclame os valores indevidamente entregues, mas não desta forma. Tenho a convicção de que uma fatia enorme dos beneficiários deste erro estão em situações similares à do Luís, em que algumas centenas de euros fazem muita falta. Seria bem mais razoável conceder um prazo mais largo, prever desde logo um esquema de pagamentos faseados ou, melhor ainda, mas duvidando da flexibilidade dos sistemas informáticos da Segurança Social, um abatimento gradual a prestações sociais vincendas. Num quadro de tantas dificuldades económicas por que passam muitas famílias o mínimo exigível ao Estado era que tratasse este caso com outro cuidado, prevendo à partida soluções razoáveis e não, burocrática e secamente, emitindomilhares de cartas, cujo tom é no mínimo desadequado a portugueses que apenas involuntariamente ficaram devedores por um erro grosseiro desse mesmo Estado. Pressinto que, independentemente do pagamento, os valores, ao estarem a ser exigidos já vão ser contabilizados como redução na despesa e, assim, há um sucesso contabilístico que se sobrepõe a qualquer outro cuidado. Esta forma de actuação, mais do que relevar um Governo que valoriza, e bem, o rigor e exigência, revela sobretudo uma falta de sensibilidade social, num momento em que se deveria saber amenizar o efeito de novas dificuldades.» [DE]

Autor:

António Gomes Mota.
      

 A anedota do dia

 
«"Para aqueles que colocavam tanto de lado o Álvaro, olhe que este Álvaro não é nada mau. Ainda vão ter que gritar Hosana a este Álvaro", disse hoje o presidente da câmara de Gaia, à margem de uma cerimónia local para assinalar o início de mais uma empreitada de valorização da orla marítima do concelho.

Sobre Álvaro Santos Pereira disse ainda que "tem um trabalho hercúleo com vários ex-ministérios sobre a sua alçada e é uma pessoa determinada, tranquila, jovem".» [DN]

Parecer:

Digamos que o Menezes anda armado em pastel de nata.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
 Gaspar vende optimismo

«Vítor Gaspar diz que depois do sucesso da emissão de dívida de ontem, Portugal pode estar perto do "ponto de viragem".

"A incerteza sobre o sucesso do processo de ajustamento português foi já substancialmente reduzida", afirmou hoje o ministro das Finanças num workshop à porta fechada sobre Reformas Estruturais no Contexto do Programa de Ajustamento.» [DE]

Parecer:

Está tremendo de medo com o que pode suceder na economia durante os próximos meses, sabe muito bem que a receita fiscal pode cair em consequência da contracção da actividade económica que poderá ser muito superior à considerada no orçamento. Há algo de incoerente no seu discurso político, há poucos dias falava em desvio colossal no orçamento deste anos, agora vende optimismo, precisamente no dia em que o Financial Times dizia em primeira página que Portugal caminha para o default. Mas parece que a direita já não lê o Financial Times.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se pelo mês de Abril.»
      

 No Câmara Corporativa
  

« 
 
O jovem Carlos Sá Carneiro abandonou a advocacia e juntou-se à trupe dos estarolas quando ela se alçou à São Caetano. Após as eleições legislativas, este jovem advogado rumou, com Passos Coelho, para São Bento.

Hoje, o Diário da República publica dois curiosos despachos de Passos Coelho:

• No primeiro, exarado a 10 de Janeiro do corrente ano, procura-se “legalizar” a situação de Sá Carneiro, tendo, agora, sido incumbido de realizar tarefas no período entre 21 de Junho e 30 de Novembro de 2011;

• No segundo despacho, de 9 de Janeiro, é nomeado assessor com efeitos a partir de 1 de Dezembro de 2011.

Esta forma atabalhoada de regularizar a situação dos funcionários do PSD que transitaram para o aparelho de Estado tem o seu lado cómico, suscitando algumas questões:

• Como é que o primeiro despacho de Passos Coelho tem uma data posterior ao segundo despacho?

• Se, só a partir da publicação do despacho, Sá Carneiro pode ser remunerado, é o PSD que lhe vem pagando o ordenado (apesar de estar a exercer funções no gabinete de Passos Coelho desde 21 de Junho de 2011), fazendo-se agora um acerto de contas entre São Bento e a São Caetano?

• Estando atribuída por lei a remuneração dos adjuntos dos gabinetes ministeriais, mas não a dos assessores, qual vai ser a remuneração de Sá Carneiro, que o despacho não fixa?

Até nestas questões (e a procissão ainda vai no adro) se vê como os estarolas estavam preparados para governar o país. »