sábado, janeiro 28, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura



  
Foto Jumento


Miradouro do Monte Agudo, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Tenerife, Ilhas Canárias, Espanha [A. Cabral]
  
Jumento do dia


António José Seguro

Seguro é um rapazinho equilibrado e de bom senso, depois de defender o core de apenas um subsídio é agora defensor de cortar apenas um feriado. Digamos que a diferença entre Passos Coelho e o líder da oposição não está no plano dos princípios, é uma questão meramente percentual, para se saber o que Seguro pensa das decisões de Passos Coelho basta aplicar um desconto de 50%. É por isso que não concorda com um limite ao défice na constituição, aceita-o numa lei relevante.

«O secretário-geral do PS assumiu hoje uma "posição claramente contrária" à eliminação do feriado do 5 de Outubro, em resposta a uma questão dos jornalistas, em São Bento, no final de um encontro com o primeiro-ministro.» [DN]

 A bordo de um avião da Finair dança-se ao som de música de Boolyhood


 A direita vingativa

Esta direita que nos governa, bárbara e pouco culta, transporta às costas todo o ódio das frustrações da direita desde o início do século XX, não é monárquica mas odeia a República, diz-se social-democrata mas odeia a social-democracia, diz-se democrática mas quer vingar-se do 25 de Abril. O país é governado por fedelhos que parece odiarem o país e os portugueses, odeiam tudo e todos sem perceberem muito bem porquê. Pela escolha dos feriados a extinguir parece odiarem a República e a independência do país, só lhes faltou a coragem porque o feriado que gostariam mesmo de eliminar era o do 25 de Abril. Mas fiel a uma das suas mais fortes tradições, a direita foi cobarde e não teve coragem para tocar em feriados como o 25 de Abril ou o 1.º de Maio.
 Aposta

 
Apostamos que estes rapazes, grandes defensores da produtividade e da obediência total à senhora Merkel, depois de terem reintroduzido o trabalho escravo, de terem eliminado os feriados e de tudo fazerem para acabar com o fim de semana de dois dias vão dar tolerância de ponto na Terça-feira de Carnaval!
 
 A vida está difícil para os arquitectos

A vida está difícil para os arquitectos, tão difícil que os despedimentos de arquitectos seniores são notícia dos jornais, já que dos juniores há muito que não se sabe o que é estarem empregados em Portugal. Bem, mas se um arquitecto tiver um familiar ministro sempre se arranja qualquer coisa no Estado, nem que seja um oportuno lugar de subdirector-geral.

Não deixa de ser curioso que estes liberais que tanto odeiam o Estado estarem a enfiar com todos os familiares e amigos no ... Estado. Mandam os plebeus e demais idiotas de nacionalidade portuguesa emigrarem por estarem a mais no país onde nasceram, e enchem o Estado de familiares, amigos, colegas de partido, etc.

Há quem diga que a ministra da Justiça já colocou um (meio) familiar no seu gabinete, agora colocou uma irmã com a ajuda da ministra Cristas, o seu ex-marido está na EDP. Há quem questione as lojas maçónicas, mas esta senhor já deu emprego a mais familiares do que uma loja maçónica do género da que ficou famosa em Itália.

Ler o DR começa a ser um exercício divertido, começa a ser frequente encontrarmos nomes que conhecemos de qualquer lado, é o caso desta senhora chamada Maria Manuel Von Hafe Teixeira da Cruz. Adivinhem de quem é maninha!

Se quiserem brincar mais um bocadinho comparem o currículo da senhora com o currículo político da mana.  

(via CC)
     
 

 Presidência insustentável

«No momento em que inicio a escrita deste texto, a petição que pede a demissão de Cavaco tem 36 148 assinaturas. Mais 32 148 do que as 4000 necessárias para que o assunto seja debatido no plenário parlamentar, como é intenção dos promotores. Mas na terça o presidente da Comissão dos Assuntos Constitucionais (que tem como epígrafe "Direitos, Liberdades e Garantias"), o deputado do PSD Fernando Negrão, veio avisar os incautos de que a petição tem "um objeto impossível", porque "o Presidente não pode ser demitido nem responde perante outro órgão de soberania".

Fernando Negrão, que já foi juiz, deve saber que não é bem assim: não só o Presidente pode ser destituído ao sair do País sem autorização do Parlamento (!), como responde perante os tribunais se acusado de um crime grave e desde que dois terços dos parlamentares permitam essa acusação. Considerado culpado, será forçado a resignar - exatamente o mesmo que a Constituição espanhola prevê para o rei.

Ao contrário do que se passa por exemplo nos EUA, onde o poder legislativo pode impugnar o ocupante da presidência desde que considere haver motivos para tal, procedendo a um "julgamento" através de uma comissão presidida pelo presidente do Supremo Tribunal, no nosso país a Constituição trata o ocupante de Belém como entidade intocável e praticamente inimputável, que pode dizer e fazer quase tudo (menos tirar olhos, e mesmo assim, como vimos, só se os deputados não deixarem).

Temos, pois, uma Constituição que não só exime o PR de sindicâncias como não prevê qualquer situação em que se declare uma incapacidade superveniente para o cargo, como a que adviesse do conhecimento de factos do seu passado que pudessem comprometer irremediavelmente a sua credibilidade e autoridade, uma enfermidade que lhe diminuísse o discernimento ou qualquer outra circunstância adequada a pôr em causa a permanência no lugar. Não: a Constituição portuguesa confia ao PR ajuizar da sua aptidão, mesmo se for precisamente o seu juízo que se questiona.

Porque será que a figura do Presidente tem este desenho, tão pouco democrático e até tão pouco racional? É lícito, é desejável, é sustentável que se confira a alguém um estatuto tão blindado como este, comparável em tudo ao dos monarcas? Recorde--se que o direito (entre aspas) conferido a reis para o serem advém de uma distinção de sangue ungido, ou seja, do domínio do sagrado e, portanto, do inquestionável. Um presidente é um político eleito - com tudo o que isso implica de distinção mas também de humildade: está ali só e apenas porque se candidatou e foi escolhido; tem sempre de responder perante quem o elegeu.» [DN]

Autor:

Fernanda Câncio.
    
 Ponto de miragem

«Os mercados deram esta semana uma resposta clara e desagradável à teoria precipitada do ministro das Finanças, que pretendeu apresentar a recente colocação de dívida pública portuguesa de curto prazo, a juros menos desfavoráveis, como sinal de um “ponto de viragem” na crise financeira.

Nada mais errado: pouco depois, os juros da dívida pública no mercado secundário batiam máximos históricos (aproximando-se dos 15% na dívida a 10 anos e ultrapassando largamente os 19% a 5 anos, apesar da intervenção do BCE na compra de títulos portugueses!); o risco de ‘default' da economia portuguesa atingia valores nunca vistos (acima dos 60%) e o tema forte nos mercados, por iniciativa do Wall Street Journal, era o da elevada probabilidade de um segundo pedido de ajuda externa por parte de Portugal. E assim se esfumou a teoria imaginada pelo ministro das Finanças: a "viragem", afinal, era apenas uma miragem. Como é evidente, os juros que diversos países europeus - e não apenas Portugal - obtiveram nas recentes emissões primárias de dívida pública não resultaram de um súbito reforço da confiança no seu desempenho mas sim do facto de o BCE ter feito uma enorme injecção de liquidez no sistema financeiro (da ordem dos 500 mil milhões de euros), que fomentou a procura de aplicações de curto prazo.

Apesar de o primeiro-ministro ter alegado no Parlamento que "o BCE não teve nada a ver com isto" porque "não intervém no mercado primário", toda a gente sabe que a verdade é outra: o dinheiro que alterou o comportamento do mercado primário é, de facto, o dinheiro que veio do BCE e foi emprestado aos bancos, numa operação inédita. O equívoco do Ministro das Finanças, prontamente desfeito pelos mercados, não deixa de ser muito revelador - e preocupante. O que a sua ilusão mostra é que, lá no fundo, e contra todas as evidências, ele continua a acreditar que o ponto de "viragem" desta crise pode ser construído à custa de obsessivos programas nacionais de austeridade e recessão, sem que a zona euro corrija a falha sistémica que a colocou no centro da crise das dívidas soberanas e sem que se dê aos mercados a garantia de uma estratégia coerente e credível de crescimento económico. E é por isso, aliás, que ninguém pode contar com o Governo português para ser uma voz activa em defesa de uma resposta mais inteligente da zona euro a esta crise, que seja capaz de a libertar da especulação instalada nos mercados financeiros de dívida soberana e que dê ouvidos aos apelos que hoje já chegam de todos os lados, incluindo até do FMI e das próprias agências de ‘rating'.

Dito de outra forma: o ministro das Finanças tarda em compreender que a narrativa simplista desta crise, que a entende como mera consequência da "indisciplina orçamental" de uns quantos, pode ter servido o propósito político de derrubar o Governo anterior como serviu para derrubar vários outros governos por essa Europa fora - mas não serve para mais nada. A responsabilidade na gestão orçamental será sempre necessária, certamente. Mas entendamo-nos: esta crise é uma crise do euro e é uma crise sistémica. E isso tem de significar pelo menos uma coisa: qualquer "viragem" que não seja sistémica só pode ser uma miragem.» [DE]

Autor:

Pedro Silva Pereira.
  
 Maduros para o pior

«Um estudo recente revela que só 56% dos portugueses considera a democracia como o melhor sistema de organização política da sociedade. Pior ainda, 15% dos inquiridos estariam mesmo dispostos a trocar a democracia por uma ditadura.

É claro que estes estudos refletem mais a conjuntura do que ideias bem ponderadas. O protesto exprime-se frequentemente através de um despropósito qualquer. Mas não deixa de ser sintomático que uma quantidade apreciável de cidadãos encare formas autoritárias de poder como uma solução viável para a presente situação.

Também recentemente as reações à "gaffe" de Cavaco Silva dão bem conta do nível de desprestígio a que chegou a classe política. Cavaco, naturalmente, sempre teve apreciadores e detratores. A maioria destes, da esquerda e de alguma direita chique, não o apreciam por razões de ideologia e de "status" social. Recorde-se o epíteto de gasolineiro de Boliqueime como era tratado pela direita, pretensiosamente, fina. Mas o sucedido nestes últimos dias vai muito mais longe. O Presidente, que sempre foi uma figura relativamente protegida da crítica pública, tem sido enxovalhado e ridicularizado como nunca nenhum outro o foi antes.

Manifestações jocosas, apupos, incontáveis desenhos e comentários insultuosos na "net", emergiram subitamente com uma violência e tenacidade nunca vistos. A última trincheira da já fraca respeitabilidade da classe política foi derrubada. Belém tombou.

A maior responsabilidade é contudo do próprio. Cavaco nunca teve jeito, nem cultura, para tiradas graciosas. Sempre que o tentou deu-se mal. Querendo mostrar que a crise afeta todos, ao ponto de ter hoje supostamente um rendimento inferior às suas necessidades, acabou por ofender a maioria dos portugueses que vivem praticamente ou mesmo na miséria. Quis dar um exemplo pessoal, imaginando que seria mais humano e próximo, mas resultou arrogante e socialmente insensível. Quando se fala muito, por vezes sai mesmo asneira da grossa.

A sua capacidade de reconhecimento do erro também não é brilhante. Afinal trata-se de um homem que nunca se engana, nem tem dúvidas. Um simples pedido de desculpa poderia ter tido alguma eficácia, já as explicações só têm infestado ainda mais o ambiente.

Por outro lado, estamos perante um sinal dos tempos, com as suas redes sociais que evoluem como labaredas numa floresta seca e onde a liberdade de expressão tantas vezes se confunde com o vitupério e a ordinarice. Mas, tudo por junto, o mal está feito e é irreversível. Cavaco Silva nunca mais será visto como Presidente de todos os portugueses e alguém acima das tricas partidárias e do penoso dia-a-dia.

Vamos assim caminhando para um contexto em que o pior pode aparecer a qualquer momento. Refiro a possibilidade de surgir um qualquer demagogo de extrema-direita que, com o seu discurso de ódio, consiga cativar os eleitores. Nada que não venha acontecendo por essa Europa.

Para já, os fascistas portugueses ainda não passaram da fase das botas e da simbologia nazi. Mas, tal como se viu por exemplo na Holanda ou na Áustria, um dia destes alguém munido de uma sopa ideológica que combine o patriotismo, o racismo, o ataque aos imigrantes que "tiram o trabalho" aos nacionais, a denúncia da corrupção nos políticos, um apelo à ordem e até algum anticapitalismo de ocasião, pode facilmente surgir na cena política e atrair muita gente. Tanto mais que, paradoxalmente, a extrema-esquerda tem preparado o terreno. O nacionalismo, a rejeição da Europa, a desvalorização da democracia e da política, a violência verbal, tão frequentes nos discursos do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda, vão criando as bases psicológicas e culturais para uma adesão às ideias da direita antidemocrática. Viu-se em França com a transferência direta de muitos votos do PC francês para Le Pen.

Portugal vai ficando maduro para a pior das soluções. A mesma democracia que garante liberdade, pode retirá-la. É bom que se pense nisto quando se confunde a crítica necessária, e mesmo veemente e indignada sempre que oportuna, com este bota-abaixismo acéfalo e alarve que nos vai minando.» [Jornal de Negócios]

Autor:

Leonel Moura.

 O pobre Cavaco

«A pátria, estarrecida, assistiu, nos últimos dias, à declaração de pobreza do dr. Cavaco, e aos ecos dessa amarga e pungente confissão. O gáudio e o apoucamento, a crítica e a repulsa foram as tónicas dominantes das emoções. Os blogues, aos milhares, encheram-se de inauditos gozos, e a Imprensa, grave e incomodada, não deixou de zurzir no pobre homem. Programas de entretenimento matinal, nas têvês, transformaram o coitado num lázaro irremissível. Até houve um peditório, para atenuar as suas preocupações de subsistência, com donativos entregues no Palácio de Belém. Porém, se nos detivermos, por pouco que seja, no dr. Cavaco e na sua circunstância notaremos que ele sempre assim foi: um portuguesinho no Portugalinho.

Lembremo-nos desse cartaz hilariante, aposto em tudo o que era muro ou parede, e no qual ele aparecia, junto de um grupo de enérgicos colaboradores, sob o extraordinário estribilho: "Deixem-nos trabalhar!" Cavaco governava pela primeira vez e os publicitários colocaram-no e aos outros em mangas de camisa arregaçadas. Os humoristas de serviço rilharam os dentes, de gozo, mas a época não era propícia à ironia. O País tornou-se numa espécie de imagem devolvida do primeiro-ministro: hirto, um espeque rígido, liso, um carreirinho de gente cabisbaixa.

O respeitinho é muito lindo: essa marca d'água do salazarismo regressava para um país que perdera a noção do riso, se é que alguma vez o tivera. Cavaco resulta desse anacronismo que fede a mofo e a servidão. É um sujeito de meia-tijela, inculto, ignorante das coisas mais rudimentares, iletrado e, como todos os iletrados, arrojado nas afirmações momentâneas. As suas "gaffes" fazem história no anedotário nacional. É um Américo Tomás tão despropositado, mas tão perigoso como o original.

Manhoso, soube aproveitar o momento vazio, no rescaldo de uma revolução que também acabou no vazio. Os rios de dinheiro provindos de Bruxelas, e perdulariamente gastos, durante os infaustos anos dos seus mandatos, garantiram-lhe um lugar de aplauso nas consciências desprotegidas dos portugueses. Este apagamento da verdade está inscrito, infelizmente, numa Imprensa servida por estipendiados, cuja virtude era terem o cartão do partido. Ainda hoje essa endemia não foi extirpada. Repare-se que, fora alguns escassos casos isolados, ainda não foi feita a crítica aos anos de Cavaco e das suas trágicas consequências políticas, ideológicas, morais e sociais. Há uma falta de coragem quase generalizada, creio que explicada pela teia reticular de cumplicidades, envolvendo poderes claros e ocultos.

A mediocridade da personagem é cada vez mais evidente. E se, no desempenho das funções de primeiro-ministro, foi sustentado pela falsa aparência de el dourado, devido aos dinheiros da Europa, generosamente distribuídos por amigos e prosélitos, como Presidente da República é uma calamidade afrontosa. Tornou o lugar desacreditante e desacreditado.

Logo no primeiro dia da sua entrada no palácio de Belém, o ridículo até teve música. Um país espavorido assistiu, pelas televisões, sempre zelosas e apressuradas, àquela cena do dr. Cavaco, mãos dadas com toda a família, a subir a rampa que conduz ao Pátio dos Bichos, e ao interior do edifício. Um palácio que não merecia recolher tal inquilino. Mas ele é mesmo assim: um portuguesinho no Portugalinho, um inesperadamente afortunado algarvio, sem história nem grandeza, impelido para o seu peculiar paraíso. A imagem da subida da ladeira possui algo de ascensão ao Olimpo, com aquelas figuras muito felizes, impantes, formais, intermináveis. Mas há nisto um panteísmo marcadamente ingénuo e tolo, muito colado a certa maneira de ser portuguesinho e pobrezinho: tudo em inho, pequenininho, redondinho.

Cavaco nunca deixou de ser o que era. Até no sotaque que não perdeu e o leva a falar num idioma desajeitado; no inábil que é; no piroso corte de cabelo à Cary Grant; no embaraço que sente quando colocado junto de multidões ou de pessoas que ele entende serem-lhe "superiores." Repito: ele não dispõe de um estofo de estadista, e muito menos da condição exigida a um Presidente da República.

O discurso da sua pobreza resulta de todas essas anomalias de espírito. Ele tem sido um malefício para o País. É ressentido, rancoroso, vingativo, possidónio e brunido de mente. Mas não posso deixar de sentir, por este pobre homem, uma profunda compaixão e uma excruciante piedade.» [Jornal de Negócios]

Autor:

Baptista Bastos.
  
 A Madeira e os outros
  
«Agora que o Governo da República fez o que lhe competia para ajudar os madeirenses a ultrapassarem o buraco financeiro que Alberto João Jardim cavou na região, está na hora de dar um passo em frente e começar a discutir em profundidade as novas regras que ditarão o regular financiamento das regiões autónomas de 2013 em diante.

Porque quando Alberto João Jardim brada nos comícios que há dois países - o Continente e a Madeira - não deixa de ter a sua quota-parte de razão.

Há os contribuintes do Continente, que pagam os seus impostos para um bolo nacional, que depois é distribuído consoante uma hierarquia de prioridades; e há a Madeira (e os Açores), onde os impostos colhidos nos seus perímetros geográficos vão direitinhos para os cofres respectivos, aos quais se somam ainda transferências, a diversos títulos, financiadas pelos continentais.

Dito de outro modo, para se explicar melhor este peculiar conceito de solidariedade nacional: há o Continente que paga todas as suas despesas e ainda as despesas de soberania na Madeira e Açores, acrescidas de transferências para colmatar o atraso no desenvolvimento regional; e há as Regiões Autónomas que não contribuem com um tostão para as despesas gerais e de desenvolvimento do resto do território.

Esta incongruência estrutural, que, a ser generalizada, levaria ao colapso qualquer Estado, está contida na Constituição desde 1976, tendo-se assumido na altura como uma espécie de reparação histórica para com as regiões. Mas, quase 40 anos depois, tendo em conta que existem no País zonas onde a população tem um nível de vida médio bem inferior ao registado por exemplo na Madeira, não faz sentido que o financiamento das regiões (com os devidos suplementos pela insularidade) não obedeça à mesma lógica com que se trata, por exemplo, a periférica zona transmontana.

A injustiça deve ser reparada e peca por tardia - já em 1996, durante os trabalhos preparatórios para a revisão constitucional, Jorge Miranda e Vital Moreira assinalavam, em vão, o exotismo de uma medida bem intencionada, de curto prazo, que acabou por ganhar estatuto de direito inamovível.

O PSD e especialmente Pedro Passos Coelho, que acha que temos uma Constituição para "acomodados" e "situacionistas", e está mortinho por meter a sua foice no texto fundamental, terá aqui uma excelente oportunidade para mostrar até onde vai a sua coragem reformista.» [Jornal de Negócios]

Autor:

Elisabete Miranda.
    

 Jardim quer ter parte nas privatizações

«O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, afirmou esta sexta-feira que depois acordo de ajustamento financeiro esta Região vai desencadear o processo para exigir a sua comparticipação nas privatizações que o Estado está a preparar.» [CM]

Parecer:

Espertinho!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Jardim quanto é que investiu nas empresas públicas, a começar pelas que dão prejuízo.»
  
 Já são mais de 37.000!

«A petição ´online' que pede a demissão do Presidente da República e que deverá dar entrada no Parlamento nas próximas semanas já recolheu mais de 37 mil assinaturas.» [CM]

Parecer:

Pobre Cavaco!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao velho senhor que vá gozar as suas parcas reformas na barraquinha da Quinta da Coelha.»
     
 Auto-saneamento no CCB

«O Conselho Diretivo do CCB pediu esta tarde a demissão em bloco ao secretário de estado da Cultura, Francisco José Viegas. O EXPRESSO apurou que os seis elementos deste órgão consideram inadmissíveis as razões invocadas pelo Governo para não reconduzirem António Mega Ferreira na presidência do Centro Cultural de Belém.

A alegada falta de "condições políticas" para a recondução de Mega Ferreira foi o elemento que provocou esta demissão em bloco. Além disso, os membros do Conselho reprovaram eticamente a forma como a Secretaria de Estado da Cultura conduziu o processo, por alegadamente ter, numa primeira fase, garantido a recondução de Mega Ferreira e depois invocar a impossibilidade política da recondução.

O Conselho Diretivo é integrado por João Caraça, Vasco Vieira de Almeida, António Rebelo de Sousa, Laborinho Lúcio, Clara Ferreira Alves e Lídia Jorge, que não são remunerados por esta função.» [Expresso]

Parecer:

Começa a perceber-se a dimensão cultural do Viegas, ele representa a cultura de limpeza de tachos deste governo e como era de esperar sendo ele secretário de Estado desta Cultura é de uma grande eficácia neste processo de depuração, tão eficaz ue corre com um de forma indigna e própria de gente pequenina e sem valor e consegue correr com quase meia dúzia, nem escapou a gente do partido do seu governo como um grande senhor chamado Laborinho Lúcio.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Promova-se o Viegas a ministro da Cultura.»
  
Todos à Praça do Município no próximo 5 de Outubro

«Apesar de o dia passar a ser um dia de trabalho normal, o presidente de Câmara de Lisboa assegurou que "a bandeira nacional não deixará de ser hasteada no balcão onde foi proclamada a República".

"Espero que o senhor Presidente da República, apesar de ser um dia de trabalho, tenha a disponibilidade que sempre teve para assistir a essa cerimónia", afirmou ainda.» [Expresso]

Parecer:

Seria uma boa resposta ao Álvaro e ao Gasparzinho.
 
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Organize-se uma grandiosa manifestação no próximo 5 de Outubro.»
  
 Já sei para onde foram os meus subsídios!
«O Banco de Portugal comprou, por ajuste directo, equipamento de golfe avaliado em 5 mil euros, numa aquisição que fez a 9 de Setembro de 2010, já Carlos Costa era governador da entidade reguladora. A aquisição foi feita à Yamaha Motor Portugal e envolveu um carrinho de golfe. Esta aquisição consta do Base, portal de governo onde são divulgados todos os ajustes directos feitos por entidades públicas.

Desconhece-se se há mais entidades reguladoras da zona euro a adquirir equipamento de golfe para os seus quadros. Recorde- -se que a entidade supervisora da banca nacional não cortou nos subsídios de férias e de Natal dos seus funcionários, dado que se rege pelas regras dos seus congéneres, segundo explicou o primeiro-ministro esta semana.» [i]

Parecer:

O tal senhor que ofende deputados comprar carros de golfe com o dinheiro dos contribuintes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Demita-se o senhor e sugira-se-lhe que compre uma bicicleta no Continente com dinheiro do seu bolso e de dedique ao ciclismo.»
  
 Um acordo para cumprir, diz o Alberto

«O presidente do governo regional da Madeira anunciou o programa de financiamento da região autónoma é de 1500 milhões de euros e só vencerá em 2031, com juros iguais aos estipulados no memorando da troika para a República, cuja a taxa média é de 3,5%.

"Este foi o acordo possível sob a coação do momento em que vivemos", justificou o líder regional, em conferência de imprensa, no Funchal."É para cumprir!" - assegurou Jardim.» [DN]

Parecer:

E será que o Alberto vai ser do governo regional em 2031?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
 Agências de rating voltam ao ataque

«Depois da Standard & Poor's fazer uma razia aos ‘rating's da zona euro, hoje foi a vez de a Fitch seguir o mesmo caminho, cortando a classificação de cinco países da região que estavam sobre revisão pelos técnicos da Fitch.

Entre os países visados estão a Espanha, Itália e Eslovénia que viram o seu ‘rating' cair em duas notas, e ainda a Bélgica e o Chipre que sofreram um corte de uma nota na classificação da sua dívida.

Inalterado ficou o ‘rating' da Irlanda, que mantém-se a classificação de "BBB+", e dos restantes países da zona euro que não estavam sob revisão, como é o caso de Portugal, actualmente com um ‘rating' de "BB+" e da França "AAA".» [DE]

Parecer:

Anda aqui a mão de José Sócrates.
  
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se esta nova modalidade de união dos países europeus, mais uns cortes e seremos todos gregos.»
  
 O Gasparoika permite bandalhice orçamental

«Em reacção à notícia do Sol, que na edição de hoje revela documentos internos do Ministério das Finanças onde o Vítor Gaspar alerta para a desorçamentação em três ministérios, o Governo diz que "estes temas evoluíram no sentido da sua resolução".

Ao Económico, a mesma fonte oficial do Ministério das Finanças recusa-se porém a garantir que todos os problemas já estão resolvidos e que não existe qualquer desorçamentação no Orçamento do Estado para 2012, nem a comentar a possibilidade de não haver verba suficiente para cobrir despesas com pessoal nas escolas, por exemplo. Refere, contudo, que o documento em causa tem "data de 18 de Dezembro" e que muitos destes temas "já foram abordados noutras instâncias como o Parlamento, aquando da discussão da lei dos compromissos".

No referido documento, o ministro das Finanças escreve que "o Orçamento do Ministério da Educação e Ciência prevê poupanças com pessoal na ordem dos 100 milhões de euros, ainda não especificadas. Mesmo considerando essas poupanças e a utilização integral da reserva da Educação, estima-se uma suborçamentação das despesas com pessoal". Esta parece ser a situação mais grave, mas não é o único risco identificado por Vítor Gaspar.» [DE]

Parecer:

Aos poucos vai-se desmoronando o dogma da competência do Gasparoika.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela evolução das contas públicas até fincal de 2012.»
  
 Lesão fora do campo

 
«É provavelmente a lesão mais 'saborosa' da história do futebol. De acordo com a namorada do ganês Kevin Prince Boateng, a mais recente lesão do jogador deve-se ao facto de ambos terem "demasiado sexo".

Afetado por algumas lesões nas últimas semanas, o médio ofensivo viu-se agora afligido com mais uma distensão muscular na coxa. Em declarações reproduzidas pelo "Daily Telegraph", Melissa Satta, conhecida modelo italiana, oferece uma explicação simples para a quebra de rendimento do atleta.» [Expresso]
    
 Este Costa é um malandreco
  
«Esta é a resposta do Banco de Portugal à questão colocada pelo deputado João Pinho de Almeida, do CDS/PP, sobre o facto de a entidade ter decidido não cortar os subsídios aos trabalhadores.

O regulador está disponível para cortar os subsídios, mas para isso o Parlamento precisa de alterar a legislação de forma a que esta medida não seja ilegal.» [i]

Parecer:

Para comprar o carrinho do golfe não precisou de nova legislação do parlamento.
  
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mande-se bugiar o senhor.»